A Fundação Americana para a Fibrose Quística atribuiu recentemente um Pilot and Feasibility Award, no valor de cem mil doláres, a um projeto liderado pela investigadora Ana Cordeiro Gomes, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S). O trabalho proposto, que será desenvolvido durante dois anos, tem como objetivo identificar mediadores da perda de massa óssea em indivíduos com Fibrose Quística que possam funcionar como futuros alvos terapêuticos.

A Fibrose Quística é uma doença genética rara, ainda que seja a doença genética mais frequente entre caucasianos, e caracteriza-se por uma disfunção das glândulas exócrinas, que produzem secreções anómalas afetando sobretudo a função pulmonar, mas também o aparelho digestivo, glândulas de suor e aparelho genito-urinário. Com as melhorias no diagnóstico, tratamento e acompanhamentos destes pacientes, a esperança de vida aumentou, mas, explica a investigadora, “começaram a ser identificadas novas complicações, tais como a perda de massa óssea”.

A redução na massa óssea aumenta o risco de fraturas de baixo impacto, e consequentemente, deteriora a função pulmonar e reduz a qualidade de vida dos pacientes. Como tal, sublinha Ana Cordeiro Gomes, a “deteção e a intervenção precoce na redução na massa óssea são fundamentais para evitar esta espiral”.

É verdade que os mecanismos responsáveis pela doença óssea relacionada com a Fibrose Quística ainda não estão completamente conhecidos, mas, acredita a investigadora do i3S, “os resultados deste estudo serão importantes para, no futuro, desenhar novas estratégias terapêuticas para prevenir ou reverter esta perda de massa óssea”.

Além de Ana Cordeiro Gomes, fazem também parte da equipa os investigadores Maria Salomé Gomes (i3S e ICBAS), Óscar Fonseca, Ana Carolina Moreira (i3S e ICBAS), e Tânia Silva (i3S e ICBAS), do grupo «Host Targets of Infection», Meriem Lamghari e Daniela Sousa, do grupo «Neuro & Skeletal Circuits», também do i3S, e Maria Adelina Amorim, do Centro Hospitalar Universitário de São João e Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Anteriormente, a investigadora Ana Cordeiro Gomes já tinha sido financiada pela Associação Europeia de Hematologia por um projeto que tinha como objetivo compreender melhor a relação entre a infeção pulmonar e a formação de células que degradam o osso.