A investigadora Ângela Amorim Costa, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), acaba de ser distinguida pelo seu trabalho na área do cancro do cólon. O projeto de investigação foi um dos quatro escolhidos – e o único português – pela empresa NanoString através do seu programa de bolsas, na primeira edição do prémio em sinalização celular em tumores.

O objetivo do projeto, denominado «The impact of hypoxia on the anti-colon cancer immune response: potential implications to immunotherapy», é entender, no cancro do cólon, de que maneira os baixos níveis de oxigénio (hipóxia) que normalmente se verificam em tumores sólidos, modelam o sistema imune no microambiente tumoral, e perceber quais os mecanismos moleculares associados.

Este conhecimento pode abrir portas para o desenho de terapias alternativas e mais eficientes para os tumores que não respondem aos tratamentos tradicionais.

Investigação pode levar a terapias do cancro do cólon mais eficazes

“De acordo com dados preliminares que já obtivemos”, adianta a investigadora, “sabemos que a hipóxia afeta tanto as células cancerígenas como as células imunes, condicionando a resposta imune anti-tumoral, e que isso tem impacto na resposta à terapia“. Ou seja, “qualquer diferença encontrada sublinha a necessidade urgente de ter em consideração as especificidades do microambiente tumoral, quando se pretende encontrar terapias mais eficientes”. A investigadora acredita que essas diferenças resultam do microambiente do cancro de cólon e que é essencial estudá-las para se descobrirem terapias eficientes.

Ângela Amorim Costa, que integram o grupo «Tumour Microenvironment Interactions» do i3S, explica que pretende seguir “uma perspetiva ainda inexplorada e analisar a influência combinada da hipóxia e das células imunes, dois componentes cruciais do microambiente tumoral”. Este conhecimento, de acordo com a investigadora, pode “ajudar-nos a encontrar biomarcadores de resposta à terapia, permitindo a estratificação dos pacientes e, em última análise, chegar a uma terapia anti-cancro mais eficaz”.

Este reconhecimento por parte da empresa NanoString significa a possibilidade de usar uma tecnologia de ponta na biologia celular e permitirá à investigadora continuar os estudos sobre a influência da hipoxia na modelação do microambiente tumoral em cancro do cólon, permitindo abrir novas linhas de investigação.

Para além da investigadora do i3S, foram ainda selecionadas mais três cientistas do Instituto Pasteur (França), da Universidade de Manchester (Reino Unido), e do Cancer Center de Amesterdão (Países Baixos).