A docente e investigadora Maria João Ramos, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), está a liderar uma investigação que visa a descoberta de fármacos contra a protease principal do vírus da COVID-19, uma enzima que é responsável pela sobrevivência deste vírus no hospedeiro humano. O projeto é um dos 40 aprovados no âmbito do COVID-19 High Performance Computing Consortium, um consórcio liderado pela IBM e que disponibiliza supercomputadores para ajudar investigadores de todo o mundo a encontrar formas de combater a pandemia.

Este trabalho de investigação, da responsabilidade do Grupo de Bioquímica Computacional, do Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV-REQUIMTE), da FCUP, está a ser desenvolvido com o apoio da IBM através da plataforma Extreme Science and Engineering Discovery Environment (XSEDE).

Os objetivos principais incluem a determinação do mecanismo de ação da protease principal do vírus SARS-CoV-2, que provoca a COVID-19, bem como a apresentação de uma lista de compostos inibidores da protease principal do vírus, com potencial para servirem de base para o desenvolvimento de fármacos para tratar infeções pelo vírus.

“O nosso grupo de investigação está muito habituado a trabalhar na descoberta de fármacos e temos tido várias consultorias de empresas nacionais e internacionais nesse sentido. É, pois, com enorme entusiasmo e dedicação que o nosso grupo está a desenvolver este projeto que assume particular importância para nós, dado o significado que o mesmo assume atualmente e o seu impacto a nível mundial”, afirma Maria João Ramos.

O consórcio liderado pela IBM tem estado a rever propostas de investigadores de todo o mundo, disponibilizando os recursos dos supercomputadores apenas a projetos que possam criar maior impacto, tanto na criação de terapêuticas e de uma possível vacina, como no desenvolvimento de modelos preditivos para avaliar a progressão da doença.

Sobre o Consórcio

No final de março, foi anunciada a criação do COVID-19 High Performance Computing Consortium, uma iniciativa público-privada que visa combater a COVID-19 tirando partido das capacidades da supercomputação. A IBM está na liderança deste consórcio que reúne líderes da indústria, da academia e de entidades governamentais, num total de 37 membros.

Este consórcio foi criado em poucos dias com o objetivo de disponibilizar sem custos uma capacidade computacional sem precedentes – tem atualmente mais de 30 supercomputadores com mais de 420 petaflops – para ajudar rapidamente os investigadores de todo o mundo a encontrar formas de combater a COVID-19.

Sobre Maria João Ramos

Professora catedrática e diretora do programa doutoral em Química da FCUP, Maria João Ramos é licenciada em Química pela Universidade do Porto e doutorada pela Universidade de Glasgow (Escócia) e o Swiss Institute for Nuclear Research. Na Universidade de Oxford (Inglaterra) realizou um pós-doutoramento em Modelação Molecular e foi durante muitos anos diretora associada do National Foundation for Cancer Research Centre for Computational Drug Discovery da Universidade de Oxford.

Responsável pelo grupo de investigação em Química Teórica e Bioquímica Computacional da FCUP, tem uma vasta reputação internacional nas áreas da catálise enzimática, mutagénese computacional, docking molecular e descoberta de drogas, sendo autora de mais de 250 artigos científicos em revistas internacionais.

Vice-Reitora da U.Porto para a Investigação entre 2014 e 2018, foi agraciada, em 2014, com o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade de Estocolmo.