Francisco Cruz, subdiretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), foi eleito Clinical Representative da Comissão Científica da International Continence Society (ICS) na área da Urologia.

A eleição ocorreu no âmbito do Board of Trustees, em maio, devendo ser ratificada na Assembleia Geral da ICS, prevista para outubro, em Toronto, no Canadá. Nessa altura, irá assumir o novo cargo, com um mandato de três anos.

O professor da FMUP ficará responsável por várias funções, nomeadamente pela organização dos programas das reuniões anuais, escolhendo os temas mais relevantes relacionados com a incontinência urinária, e, ao mesmo tempo, pela organização de sessões com base nos trabalhos selecionados.

De acordo com Francisco Cruz, “a International Continence Society é uma sociedade muito especial, dedicada fundamentalmente à incontinência urinária, mas também à incontinência fecal. É uma sociedade mundial e multidisciplinar que inclui todos os especialistas e profissionais envolvidos nos cuidados de saúde relacionados com a incontinência, incluindo urologistas, ginecologistas, fisioterapeutas, enfermeiros e investigadores/cientistas”.

Com mais de três mil membros de todo o mundo, “esta Sociedade olha para a incontinência urinária de uma perspetiva multifacetada, não só na área clínica, mas também na área experimental. Esta mistura é única”.

Aposta na “ciência de translação”

No exercício do seu mandato, Francisco Cruz quer “promover a ciência de translação”, juntando a Ciência Básica e a Clínica. A ideia é reproduzir o modelo das Innovative Medicine Initiatives dentro da ICS, um modelo que pretende acelerar a introdução de novos tratamentos para a incontinência urinária.

Como explica o docente, “a incontinência urinária é um enorme problema de Saúde Pública, que afeta essencialmente mulheres. Um grande estudo epidemiológico mostrou que 40% das mulheres de vários países da União Europeia afirmam ter perdido urina nos últimos 30 dias. Infelizmente a atitude mais comum é “comprar fraldas e não procurar um médico para obter tratamento”.

“Infelizmente”, continua, “este problema é esquecido porque não mata, embora tenha consequências em termos de qualidade de vida dos doentes e em termos de custos para a União Europeia”. Os custos incluem custos diretos, designadamente com medicamentos e fraldas, e indiretos, resultantes das limitações impostas pela doença, como a criação de lares para cuidar de pessoas com incontinência urinária grave.

Francisco Cruz é também Chairman da Secção de Urologia Funcional da Associação Europeia de Urologia, que está atualmente envolvida na criação de uma task force para recalcular a prevalência da incontinência urinária e os custos associados na Europa. No final do ano, deverá ocorrer uma Cimeira Europeia que visa alertar os responsáveis do Parlamento Europeu para este problema.

“Queremos ter membros do Parlamento que defendam medidas gerais, promovam projetos científicos e apoiem a divulgação de informação. Muitos doentes não têm alternativas de tratamento porque têm vergonha de ir ao médico ou porque o médico não está atento”, alerta.

Francisco Cruz é graduado em Medicina pela FMUP em 1979, onde se doutorou, em 1993. Em 1998, fez a sua Agregação na FMUP. É especialista em Urologia desde 1990. Dirigiu o Serviço de Urologia do então Hospital de São João entre 2004-2018. É vice-diretor da FMUP desde 2018.