Prémio Gulbenkian para a Humanidade foi anunciado esta semana, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. O prestigiado prémio, no valor de 1 milhão de euros, foi atribuído a duas organizações que se dedicam ao combate às alterações climáticas e à perda de biodiversidade: o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC)  e a Plataforma Intergovernamental Ciência-Política sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas (IPBES), da qual é membro Isabel Sousa Pinto, docente da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e investigadora no Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR-UP).

O IPBES e o IPCC foram selecionados entre 116 candidaturas de 41 nacionalidades dos cinco continentes. Numa nota divulgada pela Fundação Gulbenkian, o Júri do galardão, presidido pela antiga chanceler alemã Angela Merkel, realça que ambas as entidades se destacaram pela “relação entre ciência, clima, biodiversidade e sociedade, representando o que de melhor se faz neste campo em todo o mundo”.

“O reconhecimento destas duas organizações serve para realçar que precisamos de olhar para a crise climática e a biodiversidade em conjunto, com abordagens concertadas que recorrem a soluções baseadas na natureza”, refere ainda o júri.

Esta é a a terceira vez que o Prémio Gulbenkian galardoa pessoas ou organizações ligadas ao combate à crise climática, sendo uma “declaração poderosa que confirma que a perda global de espécies, a destruição de ecossistemas e a degradação dos contributos da natureza para as pessoas representam uma crise não só de magnitude semelhante àquela da mudança climática, mas que deve ser abordada com urgência semelhante”, refere Anne Larigauderie, Secretária Executiva do IPBES.

Espera-se que o prémio de um milhão de euros, entregue a estas duas organizações, contribua para o combate à crise climática e da conservação da biodiversidade.

Sobre Isabel Sousa Pinto

Investigadora Principal do Laboratório de Biodiversidade Costeira do CIIMAR e Professora Associada do Departamento de Biologia da FCUP, Isabel Sousa Pinto foi a representante de Portugal – via FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia) – na IPBES entre 2013 e 2018. Nesse ano, foi eleita como membro do órgão máximo de supervisão científica – o Multidisciplinary Expert Panel (MEP) – daquele órgão intergovernamental independente, aberto a todos os países membros das Nações Unidas, que se dedica à produção e análise de informação que apoie a decisão política e legislativa nas áreas ligadas à biodiversidade.

Também em 2018, colaborou num conjunto de estudos sobre a biodiversidade, os quais indicam que 42% das espécies animais e vegetais existentes na Europa diminuíram as suas populações na última década.

Realizados durante três anos, estes estudos envolveram uma equipa de mais de 550 especialistas de mais de 100 países. A Isabel Sousa Pinto coube co-liderar um dos seis capítulos apresentados na Assembleia Geral  do IPBES, focado nas questões da avaliação sobre o estado e as tendências da biodiversidade marinha para a região da Europa e Ásia Central.