O artista plástico David Correia Lopes, mestre em Desenho e Técnicas de Impressão e licenciado em Artes Plásticas (Pintura) pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), foi recentemente distinguido com uma menção honrosa no âmbito do KoMASK European Masters Printmaking Award 2019, galardão entregue anualmente aos melhores artistas gráficos – no domínio da gravura – diplomados por algumas das mais importantes escolas de arte europeias.

A obra que valeu a distinção ao antigo estudante da FBAUP chama-se “Galileo” e esteve em exposição, de 15 a 22 de novembro, na Academia Real de Belas-Artes de Antuérpia (Koninklijke Academie voor Schone Kunsten van Antwerpen), na Bélgica.

Ao todo, a mostra contou a participação de 32 artistas/estudantes selecionados por 16 escolas do Porto (Portugal), Helsínquia (Filândia), Cracóvia (Polónia), Londres (Reino Unido), Roma (Itália), Oslo (Noruega), Paris (França), Sofia (Bulgária), entre outras.

Para além de David Lopes, a FBAUP esteve também representada por Marta Rebelo. Ambos concluíram o Mestrado em Desenho e Técnicas de Impressão em 2018.

“Galileo” é o título da obra que valeu a distinção ao antigo estudante de Belas Artes. (Foto: Teresa Chow)

Chegar, ver e vencer

Em declarações ao Notícias U.Porto, David Lopes mostra-se “muito grato” pela distinção, não só porque “permite obviamente alguma projeção”, mas também pelo “contexto” em que foi atribuída. “É a primeira vez que o trabalho de gravura da FBAUP concorre ao KoMask, numa competição onde participam várias universidades da Europa, e na qual fomos distinguidos. Por isso, quero deixar o meu reconhecimento aos que fazem o programa de gravura das Belas Artes do Porto, que tem vindo a crescer exponencialmente, graças ao esforço e à dedicação da professora Graciela Machado, a quem também agradeço pela indicação ao prémio”.

Ainda assim, o artista não deixa de lembrar que o reconhecimento dos nossos pares deve sempre partir de dentro, mas parece ainda que as coisas precisam de sair para serem valorizadas”. Até porque “cá no Porto, temos o privilégio de formar pessoas cujo trabalho é verdadeiramente excecional e que ainda assim têm muita dificuldade em alcançar sustentabilidade económica. Isto é uma realidade que me parece importante discutir”.

A exposição com os trabalhos finalistas esteve patente, em novembro passado, na Academia Real de Belas-Artes de Antuérpia. (Foto: DR)

Sobre David Lopes

Licenciado em Artes Plásticas (2016) e mestre em Desenho e Técnicas de Impressão (2018) pela FBAUP, David Correia Lopes sempre teve um gosto especial por criar imagens “difíceis de ler”. Fá-lo como estratégia para, mais facilmente, compreender o território entre o que é visível e o que é invisível. “O meu objetivo é mostrar imagens como superfícies tangíveis enquanto eles exibem tensão com a ilusão de representação”, apresenta-se.

O antigo estudante da FBAUP revela ainda que se sente cativado a desenhar o “ato de ver” e como nós vemos. Foi nesse sentido que, durante o mestrado, desenvolveu várias obras ligadas à astronomia e à exploração do Espaço. Estas serviram como uma “boa metáfora para explorar os limites do que é visível para nós”. 

Sobre o trabalho que vem desenvolvendo no domínio da gravura, o artista salienta que esta cumpre as suas necessidades de “visualização através da repetição”, ao contrário do que acontece com a pintura ou o desenho, que podem ser considerados meios mais lineares. Esse mesmo interesse levou-o, no início de 2019, até Berlim, para realizar um estágio profissional no estúdio de impressão para arte contemporânea no Bethanien (Kunst Quartier Center). Expõe regularmente o seu trabalho artístico desde 2015.