A abordagem é social e política e a perspetiva informativa e, por vezes, pedagógica. O foco ilumina grupos e as respetivas lutas. É cinema realizado por mulheres inseridas no contexto, sim, mas dirige-se a todos os géneros. Partindo desta matriz, de 19 a 21 de abril, a Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto apresenta sessões especiais do Porto Femme — Festival Internacional de Cinema.

É, de resto, na Casa de todas as Causas que o Festival apresenta a novidade da edição deste ano: a mostra integral da obra da realizadora e poeta brasileira Maria Clara Escobar. Vamos poder ver as longas-metragens Desterro e Os Dias Com Ele, assim como as curtas Passeio de Família e Onde Habito.

As curtas passam dia 21 de abril, às 18h15 e, logo depois, a realizadora vai estar disponível para falar com o público. A conversa será moderada por Júlia Marques, doutoranda em Media Artes na Universidade da Beira Interior, com ênfase no cinema de mulheres, autorrepresentação no cinema, cinemas periféricos e pós-coloniais.

No entanto, a programação começa mais cedo. Dia 19 de abril, às 14h15, a primeira sessão é um documentário inserido na competição internacional: Julie on line, da francesa Mia Ma. Às 16h15, ficamos com dois filmes da competição nacional: Chama-me Maria de Jéssica Lombá Lima e as Novíssimas Cartas Portuguesas, do grupo Colective Work.

“Novíssimas cartas portuguesas”, do Colective Work. (Foto: DR)

Para além da resiliência e aquém da liberdade

No dia 20 de abril, vamos conhecer algumas comunidades, os desafios e lutas que enfrentam a cada dia. Começamos, às 14h15, com Kevin, da brasileira Joana Oliveira. Às 16h15, voltamos a apagar as luzes para ficar com Beyond Resilience. É uma seleção de histórias de diferentes países (Ucrânia, Palestina, Nova Zelândia, Alemanha, Camboja e Canadá) que vão, espera-se, ampliar e solidificar opiniões sobre a luta pelos direitos humanos e o combate às injustiças.

Depois dos filmes, o público pode contar com uma conversa entre uma das curadoras Valeriya Golovina, diretora de fotografia, realizadora de documentários e educadora ucraniana, e Leslie Ann Coles, realizadora, argumentista e atriz. Às 18h15, ficamos com Os dias com ele, mais um trabalho de Maria Clara Escobar.

Agora sim, voltamos ao dia 21 de abril. Logo ao início da tarde, às 14h15, ficamos com Among Us Women de Sarah Noa Bozenhardt e Daniel Abate Tilahun (Etiópia e Alemanha).

A partir das 16h15, arranca um programa especial dedicado às mulheres iranianas: Focus on Iran ‘Women, life, freedom!’ É uma seleção de curtas-metragens recentes que exploram temas de exílio, violência sexual, deslocação, linhagens feministas familiares e não-familiares e representações cinematográficas de intimidade.

Para além da generosidade da partilha, este programa espelha a coragem das realizadoras, numa altura em que os artistas temem pela sobrevivência, o que torna ainda mais urgente a promoção e divulgação da obra destas mulheres que enfrentam, diariamente, um cenário de múltiplas formas de violência.

A entrada nas sessões é livre.

“Two Girls Against the Rain”, de Sopheak Sao, Camboja. (Foto: DR)

Divulgação de realidades múltiplas

O Porto Femme — Festival Internacional de Cinema pretende criar um espaço de visibilidade para as mulheres do mundo cinematográfico, na tentativa de igualar o circuito cinematográfico entre todos os gêneros.

A divulgação e partilha de realidades múltiplas visa promover o conhecimento de contextos vivenciais por vezes distantes e o debate destas questões que as realizadoras querem trazer à luz.

Para além das sessões competitivas, das mostras e das homenagens, o Festival organiza ainda workshops, debates, exposições e concertos. Conta com a presença de 39 realizadoras convidadas.

O programa passa por vários locais do Porto. Para mais informações, consultar a página do evento.