Em 2013, assinalam-se os 50 anos da Ponte da Arrábida e o centenário do seu criador, Edgar Cardoso (Foto DR).

Reconhecida como obra-prima da Engenharia de Pontes, a Ponte da Arrábida é agora considerada Monumento Nacional. O processo de classificação, aprovado no passado dia 23 de maio pelo Conselho de Ministros, foi desencadeado em 2010 por engenheiros da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), e com o apoio institucional da escola, envolvendo também uma petição online.

O pedido formal de classificação da Ponte da Arrábida como Monumento Nacional deu entrada na Secretaria Regional de Cultura do Norte (DRCN) a 2 de agosto de 2010, subscrito por Manuel de Matos Fernandes, diretor do Departamento de Engenharia Civil da FEUP, sustentado por um dossiê preparado por uma equipa que envolveu Augusto de Sousa e Álvaro Azevedo, docentes da FEUP, Esmeralda Paupério, engenheira do Instituto da Construção da FEUP, e José Fernando Martins, estudante de doutoramento.

De entre as razões apontadas para a classificação, destacam-se o valor da Ponte da Arrábida como obra-prima da Engenharia de Pontes, sendo como tal reconhecida internacionalmente; o seu processo construtivo, constituído por uma operação de extraordinário rigor e engenho, nunca antes realizada; na data da sua conclusão era a ponte em arco de betão armado com maior vão em todo o mundo; foi a primeira grande ponte sobre o rio Douro integralmente concebida, projetada e construída pela engenharia portuguesa; ao longo de 50 anos tornou-se um dos mais poderosos ícones da cidade, provavelmente aquele que no futuro melhor simbolizará o Porto do séc. XX; está inserida numa área sensível e com forte pressão imobiliária, sendo imperioso que quaisquer novas construções na zona sejam apreciadas tomando em consideração o seu excecional valor patrimonial.

Em dezembro de 2010, em sessão pública na FEUP, foi lançado um abaixo-assinado de apoio à classificação. Na mesma altura ocorreu a abertura formal da instrução do processo de classificação, por despacho do Diretor do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR), estando em causa, por um lado, a classificação da Ponte e, por outro, o grau dessa classificação, como de “interesse público” ou “monumento nacional”. Passo decisivo no processo ocorreu a 18 de junho de 2012 quando parecer favorável à classificação como Monumento Nacional foi aprovado por unanimidade pela Secção do Património Arquitetónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura. Finalmente, a 23 de maio de 2013 o Conselho de Ministros aprovou a classificação da Ponte da Arrábida como Monumento Nacional.

De acordo com Manuel de Matos Fernandes, “tal como no nosso século XXI podemos usufruir das pontes do século XIX e consideramos impensável delas prescindir, impõe-se que deixemos aos vindouros as pontes que construímos no século XX”.

Celebrar os 50 anos da Ponte da Arrábida

A classificação da Ponte da Arrábida coincide com o ano em que se comemoram os 50 anos, bem como o centenário do nascimento do seu autor, Edgar Cardoso, formado na FEUP. Duas datas que a FEUP vai celebrar no próximo dia 21 de junho, véspera do aniversário da ponte, no “Arrábida 50 – Colóquio Internacional sobre Pontes e Património”, a decorrer na Alfândega do Porto.

Durante o evento, a ponte da Arrábida e as pontes em Portugal e no mundo serão abordadas do ponto de vista técnico, artístico, paisagístico, histórico e patrimonial, por especialistas nacionais e estrangeiros como Eduardo Souto Moura (Faculdade Arquitetura U.Porto), Cecil Balmond (Balmond Studio, Reino Unido),  Jirí Strásky (Technical University of Brno, República Checa), Miguel Aguiló (Universidade Politécnica de Madrid), António Adão da Fonseca (FEUP), Raimundo Delgado (FEUP), Júlio Appleton (Instituto Superior Técnico), António Reis (Instituto Superior Técnico), Aníbal Costa (Universidade de Aveiro) e Paulo Cruz (Universidade do Minho).

Veja um vídeo sobre a Ponte da Arrábida apresentado por Manuel Matos Fernandes na rubrica Engenharia num Minuto.