Nascido em Moçambique há 42 anos, Pedro Nobre é doutorado em Psicologia Clínica pela Universidade de Coimbra. Durante o doutoramento, esteve um ano em Boston, naquela que considera ter sido “uma das experiências mais ricas” da sua vida profissional, em termos académicos e de investigação.

A lecionar na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) desde setembro de 2012, Pedro Nobre trouxe consigo o SexLab (inicialmente criado na Universidade de Aveiro). “É um novo desafio: por um lado, estou muito satisfeito com as condições de trabalho e com a possibilidade de trazer também o laboratório para a Universidade do Porto, por outro, acho que vai ser uma fase estimulante quer da carreira, quer da investigação”, afirma. A vinda para o Porto ganha também, na sua opinião, pela dimensão da cidade, que poderá ser útil na angariação de voluntários para os estudos a decorrer no SexLab.

O SexLab é um Laboratório de Investigação em Sexualidade Humana, onde existe equipamento que permite avaliar um conjunto de variáveis de resposta psicofisiológica e, sobretudo, as variáveis de resposta fisiológica genital, ou seja, permite medir a resposta fisiológica genital quer no homem quer na mulher. “Essa é a sua grande especificidade”, assegura o professor da FPCEUP.

Com diversos artigos científicos publicados em revistas internacionais da área da sexologia, Pedro Nobre recebeu já variados prémios internacionais. Depois de presidir à Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica durante três anos, integra agora o Scientific Committee da World Association for Sexual  Health.

De que mais gosta na Universidade do Porto?

Como recém-chegado à Universidade, o que mais me impressiona é a sua dimensão, o seu dinamismo e a excelência da sua investigação. Não é por acaso que a Universidade do Porto lidera (a nível nacional) os rankings internacionais e ambiciona colocar-se entre as 100 melhores universidades do mundo.

De que menos gosta na Universidade do Porto?

Uma certa tendência, infelizmente ainda muito comum nas universidades portuguesas, para proteger os docentes internos face à concorrência externa nos concursos de carreira. A mudança deste paradigma é difícil mas crucial para o sucesso de uma universidade de excelência como a Universidade do Porto.

Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Aumentar a sua capacidade de atração dos melhores investigadores e docentes nas mais diversas áreas científicas, independentemente da origem, credo, género e etnia. É isso que torna as universidades americanas as melhores do mundo. É fundamental estar aberto à concorrência externa, ter uma visão internacionalizada e premiar o mérito de forma consistente.

Como prefere passar os seus tempos livres?

Os meus tempos livres são em grande parte passados com a minha família. Tenho duas filhas pequenas e os momentos em conjunto são fundamentais. Para além disso, gosto de ler, ir ao cinema, jantar em bons restaurantes e conviver com amigos (algo cada vez mais escasso, mas imprescindível). Viajar pelos quatro cantos do mundo é outro dos meus prazeres (cada vez mais condicionados aos locais onde decorrem congressos e reuniões de associações científicas internacionais de que faço parte).

Um livro preferido?

São muitos, por isso prefiro destacar autores. Na frente interna, Lídia Jorge; internacionais, Roberto Bolaño, Paul Auster e Philip Roth.

Um disco / músico preferido?

Aqui também os gostos são diversos e ecléticos. Desde os heróis do pop-rock dos anos 60 e 70 (Doors, Pink Floyd) até à música brasileira (Chico Buarque, Caetano Veloso), passando pela música do mundo (fado, tango, flamenco e suas intersecções).

Um prato preferido?

São tantos: uma boa posta em Miranda do Douro, peixe fresco em Matosinhos, rojões no Alto Minho, sardinhada no Algarve, tudo no Alentejo, bacalhau em qualquer lado e cozinha do mundo (em qualquer parte do mundo), em ambiente sofisticado e de preferência na companhia da minha mulher.

Um filme preferido?

“Era uma vez na América” de Sergio Leone. Mas também “O[s] Padrinho[s]” do Coppola, o “Cinema Paraíso” e, atualmente, a maioria do cinema de Clint Eastwood.

Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)?

Realizada: Seychelles, na lua de mel. Por realizar: Moçambique, curiosamente a minha terra de origem.

Um objetivo de vida?

Em termos profissionais, criar um polo de investigação de excelência mundial na área da sexologia, em Portugal. Em termos pessoais, dar condições às minhas filhas para serem felizes e bem-sucedidas, em Portugal ou em qualquer outra parte do mundo.

Uma inspiração?

Os meus pais sempre foram a minha primeira fonte de inspiração, pelo exemplo, pelo amor e por terem uma visão universal.

Um sonho por cumprir?

Visitar e, se possível, dar um contributo à terra onde nasci.

Como vê o futuro do SexLab?

Vejo o futuro do SexLab com muito otimismo. Estamos a celebrar os cinco anos desde a sua criação, na Universidade de Aveiro, e a começar uma nova etapa na FPCEUP. Temos hoje mais condições, uma equipa maior e mais qualificada e uma universidade de excelência, que nos permite e simultaneamente nos obriga a ir mais longe.