“O essencial é invisível aos olhos”. A frase, retirada do compêndio de citações d’O Principezinho, podia muito bem inspirar o percurso de Maria Inês Almeida. Depois de vários anos a trabalhar fora do país, a investigadora vimaranense voltou há cinco a Portugal para se dedicar ao voluntariado. O regresso à Ciência dteria lugar nos laboratórios da U.Porto, onde vem explorando novas abordagens terapêuticas para a regeneração de tecidos, trabalho que lhe valeu recentemente uma Medalha de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência.

Licenciada em Biologia Aplicada pela Universidade do Minho, Maria Inês Almeida seguiu depois para a Holanda, onde fez um estágio no Leiden University Medical Center. A seguir ingressou no ICVS, na U,Minho, onde trabalhou em microbiologia e fez investigação em cancro. Em 2009, iniciou o doutoramento em Ciências da Saúde, e mudou-se para o MDAnderson Cancer Center, na Universidade do Texas, USA, sob orientação de George Calin, para realizar o seu trabalho de doutoramento. Aqui trabalhou em oncologia e na investigação de novas terapias para tratamento do cancro, utilizando RNA não codificante.

Em 2012 regressa a Portugal e decide fazer uma pequena interrupção na carreira científica para se tornar voluntária em projetos de apoio ao desenvolvimento em São Tomé e Príncipe. Foi após esta experiência que iniciou a sua ligação à Universidade do Porto, através do INEB – Instituto de Engenharia Biomédica (hoje integrado no i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde), onde se vem dedicando a explorar as moléculas de RNA não codificante como uma nova abordagem terapêutica para a regeneração de tecidos .

Foi um desses projetos, denominado «RNA não-codificante: uma nova ferramenta terapêutica na regeneração óssea», que lhe valeu um lugar entre as investigadoras distinguidas na 13.ª edição das Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência. O prémio, no valor de 15 mil euros, vai permitir-lhe continuar a explorar uma linha de investigação que conjuga biologia molecular e regeneração de tecidos.

Naturalidade? Guimarães.

Idade? 34 anos.

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

 Do Instituto de Engenharia Biomédica (INEB), onde trabalho, que juntamente com o IBMC e o Ipatimup formam o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S). Gosto muito das pessoas com quem trabalho e da colaboração e entreajuda que existe no instituto.

– Do que menos gosta na Universidade do Porto? 

Da burocracia e da falta de oportunidades de progressão, tanto na carreira de investigação científica como na carreira docente para jovens.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto? 

Dar a todos os alunos e colaboradores ferramentas que os aproximem da economia real e da vida prática para que a academia e a sociedade colaborem cada vez mais.

– Como prefere passar os tempos livres? 

Passear ao ar livre: em jardins, parques, no campo.

– Um livro preferido? 

O Principezinho.

– Um disco/músico preferido? 

Não consigo escolher um, gosto de muitos. Estilos de música preferidos? Jazz e blues.

– Um prato preferido? 

Pratos típicos portugueses de norte a sul do País: cozido à portuguesa, feijoada, ensopado de borrego, sopa alentejana, etc

– Um filme preferido? 

Forrest Gump”, «Life was like a box of chocolates. You never know what you’re gonna get».

– Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)?

Já visitei muitos países, mas tenho um fascínio particular pela Ásia. Gostaria de visitar o Irão num futuro próximo e de viver pelo menos um ano no Japão.

– Um objetivo de vida? 

Fazer felizes todos os que me rodeiam. É difícil, bastante difícil, mas eu tento.

– Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…) 

O meu marido.

– O projeto da sua vida…

Em termos pessoais, continuar a construção da minha família. Em termos profissionais, continuar a explorar novas terapias que contribuam para cura ou melhoria da qualidade de vida dos doentes.

– Uma ideia para promover a investigação da U.Porto a nível internacional? 

Estimular a colaboração de projetos científicos com universidades estrangeiras, apoiar a captação de financiamento estrangeiro e aumentar a internacionalização através do intercâmbio de estudantes e investigadores.