“Preencher Vazios” para surpreender quem passa e proteger o património. O projeto de Joana de Abreu começou por ser a tese de mestrado,  mas rapidamente se transformou numa forma de viver. No caminho que fazia diariamente até à Faculdade de Belas Artes da U.Porto (FBAUP), onde tirou o Mestrado em Arte e Design para o Espaço Público (em 2016), reparou em vários espaços vazios e na falta de azulejos numa fachada de um espaço da Invicta. Daqui surgiu a ideia…

Como uma das marcas da cultura portuguesa, o azulejo é a base de trabalho da Joana. Desde essa altura, Joana vai selecionando fachadas pelas cidades que passa e preenche as falhas de azulejos com uma nova interpretação, cores, padrões e frases. O objetivo é surpreender quem passa por eles.

No bolso tem sempre uma fita métrica e sempre que encontra uma fachada para intervir, tira as medidas a fotografa. Depois, a “magia” acontece no seu atelier na baixa do Porto. O processo é todo manual e começa pelo tratamento do padrão no computador. Depois da imagem, imprime em papel de 150gr, cola com cola branca na madeira já cortada à medida e, no final, dá um acabamento com verniz para proteger de eventuais chuvas e do sol.

Com o projeto “Preencher Vazios”, a alumna da U.Porto quer levar à cidade e às pessoas o contraste entre o antigo e o novo, o passado e o presente. De Marrakesh, a Paris, Lisboa, Braga e Porto, os azulejos de Joana podem chegar a todo o mundo.

Naturalidade? Valongo, Porto

Idade? 26 anos

– O que te atraiu na Universidade do Porto?

A possibilidade de interdisciplinaridade entre cursos. O facto de haver pessoas de diversas àreas a frequentar o mesmo mestrado que eu, é uma mais valia. Temos a possibilidade de discutir vários aspectos e de aprender e a não ficarmos “restritos” a apenas um ponto de vista. Eu acabei por fazer uma cadeira na Faculdade de Engenharia, o que nunca pensei que pudesse acontecer!

– O que menos gostas na Universidade do Porto?

Ao longo do meu mestrado o que poderei dizer que é um dos pontos fracos, relacionado com a parte da dissertação (que acaba por ser o ponto chave do final do nosso mestrado) é que é dada mais importância à componente escrita, do que à prática projectual. Penso que isso aos poucos deve ser melhorado. Porque uma dissertação acaba por ser “o nosso livro”, onde os nossos projectos são, quase, aquilo que acabam por nos definir.

– Como prefere passar os tempos livres?

Gosto de fazer desporto e adoro estar no meu atelier, a trabalhar. Adoro aquilo que faço, por isso trabalhar para mim acaba por ser um prazer.

– Um livro preferido?

As pessoas felizes lêem e bebem café.

– Um disco/músico preferido?

First Breath After Coma

– Um prato preferido?

Uiii… complicado responder! Mas talvez a tão nossa francesinha!

– Um filme preferido?

“O Rei Leão”.

– Uma viagem de sonho?

Indonésia

– Um objetivo de vida?

Ser feliz. Continuar a fazer aquilo que mais gosto.

– Uma inspiração? (pessoa, situação, livro, …)

“A alegria é a coisa mais séria da vida” -Almada de Negreiros

– O projeto da tua vida?

O meu “Preencher Vazios”, sem dúvida.

– Uma ideia para trazer mais arte à Universidade do Porto

Costumo desenvolver alguns workshops no Porto com pessoas que conhecem o projeto e se inscrevem, nos quais numa primeira fase dou a conhecer o projeto, e depois fazemos os azulejos e no fim vamos para a rua intervir na fachadas! Por isso, uma ideia de trazer mais arte à U.Porto, poderia ser envolver-se com projetos como este, de alunos e antigos alunos.