Com o propósito de alargar conhecimentos e aprender novas técnicas para a sua investigação, Bruno Sarmento acabou por ganhar o gosto em estabelecer colaborações além-fronteiras e partilhar o que de melhor se desenvolve no seu grupo. Começou durante o doutoramento e não mais parou até chegar ao Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), onde lidera o grupo de investigação em «Nanomedicina e Formulação Translacional», Agora, as viagens são também feitas em família a descobrir o País e o Mundo, e as suas belezas naturais.

Bruno Sarmento dividiu o doutoramento entre a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) e a a Queen’s University, no Canadá . De regresso do Canadá, foi três meses para Copenhaga e depois mais seis meses para Santiago de Compostela aprender técnicas de nanoencapsulação, de caracterização de proteínas e avaliação farmacocinética em modelos animais. Concluído o doutoramento, antes de terminar a bolsa de quatro anos, obteve uma bolsa de pós–doutoramento com um projeto misto entre a Universidade de Copenhaga e a Universidade do Porto. Esteve um mês na Dinamarca e, 30 dias depois, concorria a uma posição de professor na CESPU, que ainda ocupa. Em 2015, pediu uma redução de horário letivo, e continuou a sua carreira de investigador no INEB, que agora integra o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S).

A ligação ao i3s arrancou com um projeto para desenvolver nanopartículas para administração oral de insulina. Atual líder do grupo de investigação do i3S «Nanomedicina e Formulação Translacional», Bruno Sarmento é também editor das revistas científicas «European Journal of Pharmaceutical Sciences», pertence ao corpo editorial do «Journal of Controlled Release» «Expert Opinion in Drug Delivery» e integra a direção do Spanish-Portugal Local Chapter of the Controlled Release Society. Recentemente, foi nomeado presidente do Focus Group de Nanomedicine and Nanoscale Drug Delivery da Controlled Release Society. Uma nomeação inédita já que é a primeira vez que um português tem um cargo tão elevado na maior associação mundial dedicada aos sistemas de libertação de fármacos.

Naturalidade? Lamego

Idade? 40 anos

– Do que mais gosta na Universidade do Porto?

A Universidade do Porto foi a instituição que me acolheu desde os 18 anos, e na qual me mantive ligado até hoje. É, pois, natural que eu tenha desenvolvido afetos com a Instituição, muitas das suas pessoas, e me sinta grato por muitos momentos que me ajudaram a proporcionar. A Universidade tem uma ligação muito íntima à cidade, o que me agrada particularmente, e a cidade também se orgulha da Universidade, o que me reconforta. O prestígio que a Universidade do Porto e muitos dos seus colaboradores já adquiriram, nacional e internacionalmente, obviamente que me deixam bastante feliz por também estar ligado à U.Porto. A Universidade desenvolveu, também, um conjunto de serviços e apoios para que, Investigadores como eu, se sinta parte integrante das decisões e estratégias que a Universidade implementa na política de investigação.

 – Do que menos gosta na Universidade do Porto?

Eu gostaria que a Universidade melhorasse a sua capacidade de assegurar as condições laborais para investigadores e docentes com capacidade agregadora e produtiva de conhecimento. A Universidade do Porto tem ainda uma filosofia de carreira docente e de investigação pouco flexível para a mobilidade e inclusão de novos colaboradores.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Aproveitar a afluência de turistas que a cidade tem tido para promover o “turismo científico”, promovendo a divulgação das atividades e descobertas científicas oriundas da Universidade junto da sociedade civil nacional e internacional. Também estimular a realização de eventos científicos internacionais, em parceria com as entidades de turismo da cidade.

– Como prefere passar os tempos livres?

Os tempos livres são passados, o mais possível, junto da família. Eu e a minha esposa temos uma filha de 6 anos e agora um filho de poucas semanas, pelo que todo o tempo passado e gozado com eles é pouco. Em família, temos uma agenda de atividades muito diversificada e de mobilidade, pois saímos do Porto quase todas as semanas, tanto para visitar a restante família como para conhecer o mais possível o nosso país. Gosto muito de atividades de campo e montanha. Talvez o meu hobby favorito seja a pesca desportiva, e sempre que possível, aventuro-me pelas montanhas e rios do Norte de Portugal. Também tenho gosto em cozinhar pratos de comida tradicional portuguesa, e receber amigos para conviver à mesa.

– Um livro preferido?

Vários da literatura do século 18 e 19 em Portugal, mas destacaria “Os Maias”, do Eça de Queiroz. E gosto também de “O sonho do Celta”, de Mário Vargas Llosa.

– Um disco/músico preferido?

O “Automatic for the People” dos REM, porque marcou positivamente o início da minha adolescência.

 – Um prato preferido?

Ui, tantos!! Bacalhau à Braz feito pelo meu pai, e Posta Barrosã preparada por mim.

– Um filme preferido?

Não tenho um filme preferido, mas gosto de ser surpreendido por filmes com finais imprevisíveis.

– Uma viagem de sonho?

Tenho a sorte de já ter viajado bastante, por motivos profissionais, e visitado muitos dos locais onde teria sonhado ir. Gostava de conseguir atravessar toda a América do Sul de carro, desde Ushuaia até Tijuana.

– Um objetivo de vida?

Sempre que me fazem esta pergunta, tenho dificuldade em concretizar a resposta, mas lembro-me sempre da frase de Baden-Powell: “Deixe o mundo um pouco melhor do que o encontrou”. Continuar a ter sempre vontade e oportunidade de fazer o que gosto, a nível profissional, acompanhar a realização dos que trabalham comigo, e claro, ajudá-los a cumprir os seus sonhos. Sentir as pessoas que me rodeiam mais felizes, por algo em que participei, é deixar o mundo um pouco melhor. Claro que se tiver a oportunidade de ver o trabalho de investigação do meu grupo chegar a uma fase clínica, com melhoria para a sociedade, um objetivo estaria cumprido!

– O projeto da sua vida…

…está a ser cumprido. Quase tudo o que a vida me foi dando surgiu sem planificação rigorosa, e por isso mesmo, o projeto da minha vida vai sendo moldado. Ainda assim, fico muito feliz se a minha família se orgulhar do que eu faço por eles, e se rever na minha postura perante a vida. Profissionalmente, o meu projeto continuará a contemplar a manutenção de um grupo de investigação competente, a capacidade de angariar financiamento e poder propor um produto farmacêutico que possa melhorar a qualidade de vida da sociedade ou de um grupo concreto de pacientes.

– Uma ideia para promover a investigação da U.Porto a nível internacional?

Promover e patrocinar a visita de investigadores de renome internacional à Universidade, assim como editores de jornais científicos das diferentes áreas, para se inteirarem da infraestrutura e qualidade dos recursos humanos. Também, apoiar financeira e logisticamente missões de investigadores aos melhores congressos internacionais das diferentes áreas científicas.