Com apenas 23 anos de idade, Bárbara Patrício já recebeu um dos mais importantes galardões científicos nacionais ao ter feito parte da equipa de investigadores distinguida com o Prémio Nacional de Diabetologia. Um prémio com o valor pecuniário de 20 mil euros, atribuído em março de 2017, pela Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD), ao projeto “Estará próximo o tratamento cirúrgico personalizado para obter a resposta metabólica desejada na diabetes tipo 2?”.

A par de Joana Monteiro, mestre em Medicina do ICBAS, Bárbara Patrício foi a primeira autora do artigo científico que esteve na base do prémio atribuído, e que envolveu três grupos de investigação – a Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica (UMIB) do ICBAS, o Hospital de São Sebastião do Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga e a Universidade de Copenhaga (onde Bárbara Patrício efetuou um período de mobilidade internacional) – e os investigadores Tiago Morais, Marta Guimarães, Simon Veedfald, Bolette Hartmann, Jens J. Holst, Mário Nora e Mariana P. Monteiro.

Apesar da jovem idade, este foi apenas o último passo de um percurso académico que teve início em 2011, com a entrada na Universidade do Porto, naquela que foi a sua primeira opção: a licenciatura em Bioquímica, lecionada em conjunto pela Faculdade de Ciências (FCUP) e o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS).

Foi ainda durante a licenciatura que Bárbara Patrício se iniciou na investigação científica, primeiro através do Programa de Estágios Extra-Curricular da FCUP e, mais tarde, no Departamento de Anatomia do ICBAS – mais propriamente na Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica (UMIB) – onde desenvolveu a sua tese de licenciatura com o objetivo de avaliar os efeitos do péptido semelhante ao glucagon-1 (GLP-1) na morfologia pancreática de rato.

Agora a frequentar o último ano do mestrado em Bioquímica, Bárbara Patrício realizou um período de mobilidade Erasmus+ no Departamento de Ciências Biomédicas da Faculdade de Saúde e Ciências Médicas da Universidade de Copenhaga (Dinamarca) para desenvolver a sua tese de mestrado, que tem por objetivo principal a quantificação de hormonas pancreáticas e gastrointestinais em plasma de indivíduos submetidos a bypass gástrico Y-de-Roux clássico e de ansa biliopancreática longa.

Foi este trabalho que esteve na base do artigo científico que lhe viria a valer o Prémio Nacional de Diabetologia. Provavelmente, apenas a primeira de várias distinções científicas que o futuro lhe reserva…

Naturalidade? Peso da Régua

Idade? 23 anos

De que mais gosta na Universidade do Porto?

A crescente expansão, diversidade, produção de conhecimento e pensamento crítico e cooperação com outras universidades nacionais e internacionais constituem, na minha opinião, alguns dos pontos fortes da Universidade do Porto.

De que menos gosta na Universidade do Porto?

Da escassez de oportunidades de emprego geradas para estudantes recém-graduados, da falta de financiamento para projetos de investigação, e do distanciamento entre as diferentes faculdades, o que dificulta a colaboração entre as mesmas.

Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Criar pontos de ligação entre as diferentes faculdades e empresas de maneira a pôr ao serviço da sociedade a boa investigação que se faz na Universidade do Porto.

Como prefere passar os tempos livres?

Rodeada de família e amigos. Seja em roteiros gastronómicos, a viajar, à volta de um café ou a cantar e tocar bandolim com a Cientuna, Tuna Feminina de Ciências do Porto.

Um livro preferido?

Dificilmente volto a ler um livro pela segunda vez. Mas este eu li e reli. Talvez por isso seja o meu predileto: Jesusalém, de Mia Couto.

Um disco/músico preferido?

Felizmente, há já demasiado conteúdo musical excecional para eu reduzir a minha resposta a apenas um nome. Ainda assim, deixo alguns: Half Moon Run, Arcade Fire e Lord Huron.

Um prato preferido?

Adoro todos os pratos típicos portugueses com bacalhau, francesinha e caldo verde. Tudo o que seja doce tem também um lugar especial no prato. Não é por acaso que se diz que comer é uma arte. E arte nunca é demais.

Um filme preferido?

V de Vingança é, sem dúvida, o meu filme preferido. “É-nos dito para relembrar a ideia, não o homem, porque o homem pode falhar (…) mas 400 anos depois, uma ideia ainda pode mudar o mundo”.

Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)?

O “onde” não é muito importante para mim especialmente porque tenho uma enorme curiosidade em conhecer um pouco de cada cultura, das gentes e tradições. O sonho seria visitar o mundo inteiro.

Um objetivo de vida?

Conseguir um equilíbrio saudável entre a vida pessoal e profissional e, acima de tudo, aplicar o meu entusiasmo e energia em algo que eu acredito, que faça a diferença e me dê prazer.

Uma inspiração?

A natureza. Apesar de todas as adversidades e mudanças, subsiste e vai-se moldando.

O projeto da sua vida…

Tenho um esboço com alguns desejos que quero concretizar, mas nada exageradamente definido. As pessoas que vamos conhecendo e as diferentes oportunidades que vão surgindo têm um grande impacto no nosso percurso, dando lugar a pequenas variações e principalmente, otimizações.

Uma ideia para promover uma maior ligação entre a Universidade e a comunidade?

Preocupa-me que nem toda a gente saiba a importância que a investigação tem na produção de conhecimento e no desenvolvimento das diversas áreas de estudo. É necessário que as pessoas compreendam, quer através de palestras, atividades ou formações, que o que fazemos é em prol da sociedade e a pensar nos seus problemas e fragilidades, com o objetivo de melhorar a sua qualidade de vida.