André Filipe Teixeira Seabra “respira” futebol desde os tempos em que, em miúdo, vibrava com os golos e fintas de Maradona. Tanto, que defende que o futebol pode ser importante para a saúde… Da reunião desses dois universos resulta, na verdade, boa parte  do trabalho deste investigador e professor da Faculdade de Ciências da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP), que recentemente recebeu o apoio da UEFA para a implementação de um projeto que visa combater a obesidade entre as crianças da cidade do Porto através da prática do futebol.

Com um percurso académico e científico totalmente ligado à U.Porto, André Seabra é autor e co-autor de vários artigos publicados em revistas nacionais e internacionais, relacionados com o estudo dos efeitos da prática desportiva – e especialmente do futebol – entre as faixas etárias mais jovens. “O Futebol, sendo o desporto mais popular e praticado em Portugal, tem de deixar de ser visto apenas como rendimento, e passar a ser considerado como um ‘medicamento’ capaz de promover a saúde e o bem-estar dos seus praticantes”, defende o também investigador do Centro de Investigação em Actividade Física, Saúde e Lazer (CIAFEL) da U.Porto.

Nascido em Lisboa há 41 anos, André Seabra é licenciado em Desporto e Educação Física (1994) e mestre em Ciências do Desporto – Treino de Alto Rendimento (1998) pela Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto (FCDEF), atual Faculdade de Desporto. Na FADEUP concluiu ainda o Doutoramento em Ciências do Desporto (2007), a que junta o  Mestrado em Saúde Pública (2004) na Faculdade de Medicina (FMUP) e Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar (ICBAS) da U.Porto

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Da sua história, da cultura de excelência que lhe granjeou respeitabilidade em Portugal e no estrangeiro ao longo de muitas décadas, e principalmente dos seus estudantes; pois é sobretudo para eles que devem ser direcionados o nosso esforço e dedicação enquanto docentes universitários.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

Do Processo de Bolonha seguido no Espaço Europeu de Ensino Superior e adotado na nossa Universidade. Não aprecio igualmente a burocracia, a centralização e a tendência de uniformização que vigoram na Universidade, a que se junta a escassa autonomia das diversas faculdades.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Que se mantenha fiel à sua história de sucesso, ao seu património organizacional, aos valores e princípios que fundam a ideia e a missão da Universidade, desde a modernidade,  e foram seguidos durante largas décadas. E que intervenha de forma mais vincada e objetiva junto dos organismos de tutela e na defesa das causas humanistas, sociais e civilizacionais.

– Como prefere passar os tempos livres?

A viajar com os amigos e a família e como não podia deixar de ser a fazer DESPORTO, principalmente a jogar FUTEBOL.

– Um livro preferido?

“Os Maias”, de Eça de Queiroz.

– Um músico / disco preferido?

U2 / “The Joshua Tree”.

– Um prato preferido?

Bacalhau com Broa.

– Um filme preferido?

“A vida é bela”, de Roberto Benigni

– Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)? 

A Tailândia, pela sua história, cultura, povo, e gastronomia.

– Um objetivo de vida?

Procurar a união das pessoas em torno de um objetivo comum.

– Uma inspiração?

Nélson Mandela.

– Um ídolo no futebol?

Diego Maradona.

– Uma ideia para promover a Ciência portuguesa?

Um maior investimento na cooperação e nas parcerias entre universidades, faculdades e centros de investigação nacionais e internacionais. Particularmente importante e de grande sentido estratégico é dotar as Faculdades dos meios financeiros para recrutar para o corpo de docentes e investigadores jovens doutores com elevado potencial, capazes de dar seguimento ao extraordinário labor dos protagonistas atuais. Se assim não for, se não houver esta renovação e passagem de testemunho, assistiremos ao declínio inexorável das instituições universitárias de formação e investigação.