Já deu de caras com a artista Sofia Sá no Spotify? Se gosta de música portuguesa, é bem provável que a resposta seja positiva. Com mais de 2.500 ouvintes mensais, esta estudante de Engenharia Informática e Computação da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) acaba de lançar o álbum “Real” nas plataformas de streaming.

Uniu-se a paixão da música – e mais concretamente do piano – à tecnologia e à informática, o curso que Sofia Sá escolheu depois de concluir o ensino secundário com uma média de 19,8 valores. “Tenho noção da dificuldade que é viver das artes no nosso país”, explica, sobre a razão de ter enveredado pela área das engenharias em vez da música.

Aos 13 anos, já lançava “Invisível”, o seu primeiro álbum a solo com faixas em português e inglês, fruto do curso de piano e de formação musical que foi tirando ao longo do ensino básico e secundário. Habituada à exposição e à presença em palco, Sofia tornou-se “mais corajosa, perfecionista e trabalhadora”, conciliando todas as vertentes a que se dedicava.

“Sempre me envolvi em atividades de danças, sessões fotográficas e representação, mas nunca colocando a escola ou a universidade em segundo plano”, afirma. Hoje, com já um espetáculo a solo dado ao público de Oliveira de Azeméis, Sofia Sá está segura do que gosta, sem saber ainda o que o futuro lhe reserva: se as teclas do piano ou do computador.

– Idade? 19 anos.

– Naturalidade? Oliveira de Azeméis, Aveiro.

– De que mais gosta na U.Porto?

Adoro a minha vida académica na U.Porto. Estou sempre informada acerca de tudo o que se passa a partir das notícias e também acabo por descobrir atividades e festividades em que me posso envolver, aproveitando assim para conhecer pessoas diferentes e ter novas experiências regularmente. Também aprecio bastante o acesso a eventos culturais que são apresentadas aos estudantes.

– De que menos gosta na U.Porto?

Algo que me incomoda no meu dia a dia são as filas para almoçar, contudo sei que não há grande espaço para melhorar este aspeto. São muitos alunos a ir almoçar nas mesmas horas e com poucos funcionários para “acudir” tanta multidão. É um pouco incomodativo o tempo perdido em filas para qualquer estabelecimento de alimentação, principalmente em dias em que o tempo é escasso e já estamos há umas horas sem comer algo consistente, o que obriga muitos estudantes por vezes a saltarem refeições ou a se contentarem com uma sandes com pouco valor nutritivo, coisa que, repetidamente, não é muito vantajosa para o nosso desempenho.

– Uma ideia para melhorar a U.Porto?

Gostava que os serviços académicos melhorassem a sua rapidez e fluidez no apoio aos alunos. Já ouvi queixas de alguns colegas e eu própria já experienciei ter que esperar semanas por uma resposta simples. Por vezes, até sentimos obrigação de criar pressão para obter algum tipo de resultado.

– Como prefere passar os tempos livres?

No meu dia não pode faltar tempo para estar com amigos e família, consumir séries/música/podcasts, praticar exercício físico, trabalhar para o meu curso progressivamente e, por vezes, sinto necessidade de parar um pouco para me ouvir – meditar (simplesmente) ou fazer certas atividades que considero terapêuticas, tal como cozinhar ou dançar ao som de uma boa música. Também tenho tentado desenvolver o meu conhecimento acerca de outros instrumentos para alem do piano (o meu instrumento de “origem”), nomeadamente a bateria, a guitarra e o ukulele.

– Um livro preferido?

Não costumo ler livros regularmente, por norma dou preferência a artigos ou notícias para me manter a par da atualidade. Gosto bastante de pesquisar e ler sobre o que vou aprendendo na faculdade, para complementar o meu estudo, e também assuntos de preferência pessoal. Livros leio, efetivamente, durante umas boas férias de praia, para me manter entretida em momentos mais parados (coisa a que não estou habituada).

– Música preferida?

Não sou fã da definição de “preferida”. A música em que estou viciada num certo momento vai alterando periodicamente. Neste momento, por exemplo, estou viciada no álbum novo da Sofia Sá, não sei se já ouviram…!

– Prato preferido?

A comida que mais me aquece a alma é a comida caseira, mais especificamente, a comida feita pela minha mãe. Infelizmente, não servem isso nos restaurantes.

– Um filme preferido?

Gosto mais de séries do que de filmes. Sou capaz de passar meses sem ver um filme, mas numa semana devorar três séries da Netflix. Se “uma série preferida” for resposta a esta pergunta, eu digo que adoro “Stranger Things” e “Glee”, que também fez parte da minha adolescência e me acompanhou no meu gosto crescente pela música.

– Uma viagem de sonho?

Felizmente já viajo desde pequenina. Até hoje, o que gostei mais de visitar foi Miami (por adorar as grandes cidades dos EUA e falar o “Inglês”), os países nórdicos e o Japão, pela cultura incrível e diferente com que me deparei. Mais recentemente, visitei o Dubai e adorei a grandiosidade. No futuro, gostava de visitar a Coreia do Sul, mas para mim, qualquer viagem pode ser fantástica se tiver uma boa companhia. Sou defensora de que a companhia corresponde a mais de 50% da qualidade da viagem. Geralmente, viajo com a minha família, mas no futuro tenciono fazê-lo com amigos também, ou mesmo sozinha.

– Um objetivo por concretizar?

Os meus objetivos não são tanto a longo prazo, mas sim objetivos diários que me façam chegar à noite satisfeita e orgulhosa com o meu dia. Não gosto de criar expectativas nem ter sonhos irrealistas. No meu quotidiano, faço sempre o meu melhor por trabalhar bastante, mas também fazer atividades para cultivar uma boa saúde mental – cultura, socializar, exercício físico e tempo comigo mesma. Só assim conseguirei estar funcional no meu futuro, onde desejo ter um emprego que me preencha e não me dê apenas sustento (e se possível, fazer música ou alguma forma de arte como um segundo trabalho), sem nunca esquecer o tempo para a minha saúde e família e amigos.

– Uma inspiração?

Um pouco clichê, mas a minha família. Não olho para mais ninguém como olho para os meus pais e para a minha irmã. Ah, e para o meu gato também, claro!

– Um projeto de vida?

Já respondi de forma escondida a esta pergunta no “objetivo por concretizar”. Mas para ser mais especifica, quero muito um dia participar em algo que envolva representação a um nível superior (pois pertenço ao teatro da FEUP). É um bichinho que tenho desde pequena e quero pelo menos experimentar. Gravar videoclips é como uma pequena personagem que eu consigo incorporar à frente das câmaras, mas queria algo mais desafiante, como é natural. Que fugisse um pouco àquilo que eu sou e à minha zona de conforto. De qualquer forma, contento-me bastante com qualquer atividade artística, como música, dança, fotografia…. Quero continuar a criar músicas e a partilhá-las com quem as aprecia, porque isso sem dúvida é das coisas mais gratificantes que posso ter. Um dia, talvez, também expandirei a minha voz para a criação de um podcast, porque para além de cantar, adoro falar sobre temas que me entusiasmam.