Um assumido “produto da Universidade do Porto”, Rui Manuel Garcia traçou todo o seu percurso académico na Faculdade de Desporto (FADEUP), onde começou a lecionar em 1987 e é atualmente professor catedrático responsável pelas áreas de Sociologia e Antropologia do Desporto.

Mas o trajeto da PESSOA desta semana está longe de se cingir às fronteiras da Universidade. Com uma forte ligação ao Brasil, e à Amazónia em particular, desenvolve há quase 30 anos trabalho de investigação na região amazónica, centrando-se na antropodiversidade, ou seja, na diversidade cultural, estudando a mitologia, os rituais, o jogo e outras manifestações corporais de povos que raramente são lembrados.

Atualmente, Rui Manuel Garcia desenvolve dois grandes projetos com a Universidade do Estado do Amazonas, um de carácter cientifico, e outro, pioneiro a nível mundial, que envolve a criação de um curso superior de Educação Física numa comunidade indígena,

Foi precisamente esse contributo que a universidade brasileira reconheceu recentemente, ao conceder ao docente do Gabinete de Sociologia do Desporto da FADEUP o título de Doutor Honoris Causa a Rui Garcia. Uma distinção que, para Rui Manuel Garcia, representa o “reconhecimento quer das Ciências do Desporto por parte da comunidade universitária, quer da Universidade do Porto e da Faculdade de Desporto no panorama internacional”.

Rui Manuel Garcia é professor da Faculdade de Desporto desde 1987. (Foto: DR)

Naturalidade: Porto

Idade: 62 anos

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Das Pessoas, de todas as Pessoas.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

Da crescente funcionalização da tarefa do professor, embora a responsabilidade não seja da própria Universidade.

Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Que cada um se centre, sem desvios, na verdadeira missão da Universidade.

– Como prefere passar os tempos livres?

Devido à necessidade académica de refletir sobre o conceito “tempo livre”, o meu tempo verdadeiramente livre é aquele em que posso ser criativo. Assim, passo grande parte do meu tempo livre a escrever, a orientar estudantes, a lecionar e a proferir palestras e afins. São estes os momentos que sinto que sou verdadeiramente criativo e, por tal, livre.

– Um livro preferido?

Depende da situação. Pode ser um Tratado de Filosofia como um livro de Asterix. A minha “biblioteca” é bastante eclética.

– Um disco/músico preferido?

Infelizmente não tenho cultura musical que me permita responder a esta questão.

– Um prato preferido?

Pratos caseiros e em boa companhia. Não aprecio pratos sofisticados.

– Um filme preferido?

Qualquer filme que me faça divertir e que não me obrigue a pensar muito. No entanto, abro uma exceção para o filme Casablanca.

– Uma viagem de sonho?

Com a família, qualquer viagem a partir do Porto. Sem a família, qualquer viagem com destino ao Porto

– Um objetivo de vida?

Nunca esquecer que sou uma vez “eu” e milhões de vezes “outro”, pelo que temos de existir voltados para os outros.

– Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)

Dependendo do momento, busco inspiração nos escritos de alguns grandes nomes da Universidade portuguesa, nomeadamente no Doutor Nuno Grande, na Doutora Maria Helena da Rocha Pereira e no Doutor Manuel Ferreira Patrício. Dentro da Faculdade de Desporto, nunca me esquecerei do Doutor António Costa. Felizmente, o Doutor Manuel Ferreira Patrício, com a sua sapiência, continua a inspirar-me não só com os escritos, mas também com a sua melodiosa voz.

– Uma ideia para incentivar a atividade física na Universidade do Porto

Creio que a nossa Pró-Reitora Doutora Joana Carvalho poderá responder com mais sabedoria a esta questão…