Foi com apenas 7 anos que se sentou pela primeira vez em frente a um tabuleiro com peças pretas e brancas alinhadas. Correu tão bem que não demorou muito a surgir o convite para o primeiro torneio. “Forçada” a participar, Rita Santos foi de xeque-mate em xeque-mate até à vitória final. Hoje, confessa que foi aí que tomou o gosto às vitórias e que abraçou o xadrez como uma das modalidades da sua vida. Campeã nacional por várias vezes em diferentes escalões, chegou a representar a Seleção Nacional de sub-20 a nível internacional. Só a chegada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) haveria de lhe abrandar o ritmo, apesar de continuar a somar vitórias e medalhas com as seleções da U.Porto de Xadrez.

Na verdade, não é “só” em “modalidades da mente” que brilha esta recém-licenciada em Ciências do Desporto e atual estudante do mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da FADEUP. Já na escola básica, além do ballet que começara a praticar desde tenra idade, Rita Santos sobressaía em diversas modalidades do desporto escolar. Diz que “tentava de tudo um pouco”, mas que era sempre no atletismo que obtinha os melhores resultados, juntamente com o… xadrez, claro. Era ainda adolescente quando se mudou para uma escola no centro de Aveiro. O ballet ficou para trás, mas não o atletismo, modalidade com que mais se identificava e a que passou a dedicar-se com mais afinco.

Rita Santos soma várias medalhas em representação da seleção de Xadrez da U.Porto, para além de uma presença no Campeonato Mundial Universitário de Mind Sports. (Foto: DR)

Começou pelas provas de estrada, mas a sua pouca resistência levou-as a mudar para a velocidade. Com a chegada à FADEUP, em 2017, também as vitórias começaram a suceder-se, tanto no desporto universitário como nos campeonatos distritais. Feitos que lhe abriram as portas da ADREP, o clube que lhe permitiu, pela primeira vez, competir em campeonatos de clubes da primeira divisão. Até que…

Com tudo bem encaminhado para o sucesso, surge a primeira lesão grave, uma rotura do ligamento cruzado anterior, que a deteve na progressão no atletismo e que a impediu de concluir uma unidade curricular na FADEUP. O caminho da recuperação foi longo, mas Rita Santos mantinha o “bichinho da competição”. Com a ajuda de um professor, começou a praticar uma modalidade que sempre a apaixonou, o futebol.

Cansará ao leitor só de pensar, mas Rita Santos chegou a praticar em simultâneo xadrez, atletismo e futebol, ao mesmo tempo que frequentava as aulas na faculdade. E “tudo corria à mil maravilhas” quando voltou a romper o ligamento, o que a levou a abandonar as suas paixões desportivas.

Mas um campeão nunca desiste e, durante o ano letivo 2019/20, já recuperada, ingressa num novo clube. Foi com as cores do Grecas que venceu as suas primeiras medalhas nacionais na prova de estafetas. A cereja no topo do bolo chegaria em 2022, com a conquista do título de campeã nacional de estafetas, poucas semanas depois de ter ajudado a U.Porto a sagrar-se tridecacampeã nacional universitária de Atletismo em Pista Coberta. “Tudo com o apoio inexplicável de todos os que estão à minha volta”, confessa.

A atleta estudante foi uma das peças que levaram a U.Porto à conquista do seu 13.º título nacional universitário consecutivo em Atletismo Pista Coberta. (Foto: DR

Naturalidade: Aveiro

Idade: 22 anos

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Para além de todo o prestígio que a Universidade tem, há momentos que ficam marcados. Momentos esses que passam por interações e discussões, sejam elas com colegas ou professores, que de alguma forma me fizeram crescer como estudante e sobretudo como pessoa.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

Há diversas Universidades que apoiam financeiramente os atletas quando estes obtêm resultados de louvar. Infelizmente, a nossa universidade não entra neste registo e penso ser uma mais valia não só na medida em que motiva os atletas como também incentiva à prática desportiva das pessoas em geral.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto? 

Melhorar os apoios para os estudantes-atletas, proporcionando-lhes melhores condições para conseguirem conciliar o curso com o desporto. Isto pode passar pela criação de bolsas de mérito para atletas, sejam estes de alto rendimento ou não.

– Como prefere passar os tempos livres?

Praticar e conhecer novos desportos, ler, ouvir música, viajar, explorar lugares novos.

– Um livro preferido?

Todos os livros da saga Divergente.

– Um disco/músico preferido?

The Score

– Um prato preferido?

Lasanha.

– Um filme preferido?

Dead Poets Society.

– Uma viagem de sonho?

Grécia.

– Um objetivo de vida?

O Desporto para mim é uma forma de vida. Através dele tento transformar-me numa melhor pessoa a cada dia que passa. O Resto vem por acréscimo.

– Uma inspiração?

Todas as pessoas que por alguma razão se cruzaram comigo e que fizeram de mim o que sou hoje.

 Para todos aqueles que, depois de uma lesão, não sabem como se erguer?…

É difícil acordar e saber que tudo se tornou mais difícil de repente. É frustrante tentar uma e duas vezes e sentir que já não somos tao fortes como antes. Mas tudo isto é só o inicio de uma longa caminhada. Não é por acaso que dizem que quando se quer muito as coisas acabam por acontecer. E é esse o segredo. Uma lesão não faz de nós mais debilitados ou com menos capacidades. Faz de nós lutadores e quando realmente acreditamos há uma força maior que nos puxa para cima. Tudo é possível quando temos vontade que aconteça.