O mar é a sua grande inspiração e, por isso, não é de estranhar que o percurso académico e científico de Rafaela Santos tenha decorrido sempre “dentro de água”. A saúde dos peixes na aquacultura tem sido o foco do trabalho desta estudante da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e investigadora do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR). E foi com ele que saltou recentemente para a ribalta ao conquistar o Aquaculture Europe 2021 Student Spotlight Award, após um pitch sobre o controlo de infeções bacterianas através do uso de moléculas bioativas existentes no trato gastrointestinal destes animais.

Mas este é apenas um exemplo do percurso promissor desta jovem investigadora de 28 anos. Depois de um “mergulho” na licenciatura em Ciências do Meio Aquático do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS-UP), que terminou em 2014, Rafaela rumou à FCUP. Foi nesta faculdade que completou o Mestrado em Recursos Biológicos Aquáticos em 2016 e, pouco tempo depois, iniciou o doutoramento em Biologia e a investigação no CIIMAR. 

Neste centro de investigação, Rafaela Santos integrou o projeto SNACk for Fish, que pretende  promover a saúde dos peixes criados, diminuindo a carga de surtos bacterianos e o uso de antibióticos. Uma ideia que está na base da sua tese de doutoramento e que venceu, em 2018, o concurso de ideias de negócio Born from knowledge

Pelo caminho,  mergulhou no mundo do empreendedorismo, com o projeto ProbioVaccine, cujo objetivo é o desenvolvimento de vacinas orais para a aquacultura. Este foi, aliás, um dos projetos premiados na edição deste ano da iniciativa BIP Proof. 

Rafaela Santos venceu a edição 2018 do concurso de ideias de negócio Born from knowledge. (Foto: DR)

Naturalidade? Vila Nova de Gaia

Idade? 28 anos

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Gosto da multidisciplinaridade, exigência e qualidade, que nos motiva a trabalhar cada vez melhor e a atingir os nossos objetivos. Outro ponto muito importante é, sem dúvida, as pessoas que me rodeiam e me motivam diariamente no ambiente de trabalho.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

A precariedade dos investigadores e de alguns docentes, para além da falta de oportunidades para os jovens ingressarem na carreira académica. Outro ponto é o excesso de burocracia que torna todos os processos muito lentos e acaba por atrasar o trabalho.

–  Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Reduzir a burocracia, mas essencialmente valorizar os jovens, não só com diplomas, mas também com oportunidades no meio académico de forma a estimular a investigação e a inovação.

– Como prefere passar os tempos livres?

Gosto de ver séries, gosto de passear na praia e de ouvir o mar, gosto de estar com a família e com os amigos, gosto de ler e de visitar monumentos históricos.

– Um livro preferido?

Gosto bastante de ler sobre história. Neste momento estou a ler os livros da Isabel Stilwell.

 – Um disco/músico preferido?

Coldplay.

– Um prato preferido?

Sushi.

– Um filme preferido?  

Prefiro séries a filmes. Friends é, sem dúvida, a minha série.

– Uma viagem de sonho?

Londres e Nova Iorque, ainda por realizar.

– Um objetivo de vida?

A nível profissional quero continuar a ser feliz a investigar e gostaria de, um dia, poder contribuir na transmissão de conhecimentos no meio académico.

– Uma inspiração?

O mar é sem dúvida onde vou refletir e procurar inspiração no dia a dia. Seria impossível um dia viver sem ter o mar tão perto.

Outra grande motivação são algumas pessoas que me rodeiam. Tive a sorte de entrar no meio científico com pessoas que são role models tanto a nível pessoal como profissional e que me orientam e motivam a ser cada vez mais competente.

– O projeto da sua vida?

Não acho que tenha um projeto de vida definido. Tenho vários projetos que vão sofrendo alterações com o meu crescimento tanto a nível pessoal como profissional.

– Um conselho para os jovens investigadores em Portugal: Não sei se sou a pessoa certa para dar conselhos a jovens investigadores. Mas penso que a dedicação, atenção e foco são itens essenciais para o desenvolvimento de trabalhos científicos. Além disso, penso que a persistência e a resiliência são palavras-chave da investigação.