Aos 32 anos, e com uma ainda curta, mas promissora carreira enquanto investigador, Pedro Soares acaba de ser reconhecido pela Comissão Europeia com uma bolsa individual ‘Marie Skłodowska-Curie’, a utilizar no combate à Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Esta é uma das bandeiras do trabalho deste jovem investigador de pós-doutoramento na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), a trabalhar no Centro de Investigação em Química da Universidade do Porto (CIQUP).

Licenciado (2010) e Mestre em Química (2011) pela FCUP, Pedro Soares interessou-se desde cedo pela área da química medicinal e em particular pela área das doenças neurodegenerativas. Em 2010, desenvolveu novos antioxidantes direcionados para a mitocôndria para o tratamento de doenças neurodegenerativas. Um ano depois, durante o mestrado em Química, participou num projeto onde desenvolveu novos compostos com atividade antitumoral.

Mais tarde, em 2014, o investigador natural de Ermesinde rumou ao Reino Unido para fazer o doutoramento – que concluiria em 2018 – em Ciências da Vida, com especialização em Química Medicinal e Química Biológica, na School of Life Sciences da Universidade de Dundee (Escócia). Durante o seu doutoramento, criou novos agentes químicos para estudar o mecanismo de adaptação das células em ambientes de baixo nível de oxigénio. Um desses compostos encontra-se já disponível em várias empresas Sigma Aldrich ou a Tocris (VH298) e é descrito como o composto mais promissor para estudar os mecanismos de adaptação das células em hipóxia (baixo teor de oxigénio).

Após terminar o doutoramento, Pedro Soares regressou à FCUP e, atualmente, tem vindo a contribuir para o desenvolvimento de novos fármacos para o tratamento da doença de Alzheimer e Parkinson e para a validação e criação de uma nova alternativa terapêutica para a ELA. 

O investigador da FCUP é autor de várias publicações em revistas científicas de topo na área de química medicinal e química biológica. Em fevereiro de 2019, conquistou o prémio de melhor comunicação em póster na 3ª edição da MuTaLig COST Action para jovens investigadores, que decorreu na Faculdade de Farmácia da Universidade de Paris Descartes.

Naturalidade?  Ermesinde, Valongo

Idade? 32 anos

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Das pessoas com quem trabalho. Desde há muito que me encorajam a não ter medo de arriscar, propor as minhas ideias e a realizar os meus projetos pessoais e científicos.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

A falta de organização e a dificuldade de encontrar um terreno comum com partilha de espaços, recursos materiais e humanos em algumas instituições da Universidade.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Criação de mecanismos que promovam o diálogo e partilha de recursos entre os diferentes grupos intra e entre instituições.

– Como prefere passar os tempos livres?

Passear com a minha família e ver séries.

– Um livro preferido?

O Alquimista de Paulo Coelho

– Um disco/músico preferido?

Muse – qualquer álbum

– Um prato preferido?

Frango assado

– Um filme preferido?

Patch Adams

– Uma viagem de sonho?

Japão

 – Um objetivo de vida?

Continuar a sentir-me realizado por dar sempre um pouco de mim no meu trabalho para melhorar a vida dos outros.

– Uma inspiração?

A minha família, pois sempre me ajudaram e me inspiraram a dar sempre o melhor de mim.

– O projeto da sua vida…

Sentir-me feliz e realizado no trabalho que realizo no meu dia-a-dia.

–  Como surgiu o seu interesse pela investigação para o desenvolvimento de novas soluções terapêuticas para doenças neurodegenerativas?

O primeiro contacto foi pela mão da Professora Fernanda Borges durante o meu projeto de licenciatura em Química (2010), onde participei no desenvolvimento de novos antioxidantes como novas soluções terapêuticas para doenças neurodegenerativas. Neste momento, para além de despertar em mim o gosto pela investigação, contactei com esta temática e com a necessidade urgente da descoberta de novas e mais eficazes terapias para a doenças neurodegenerativas, entre as quais se encontra a ELA. É nesta área que me sinto realizado, pois a cada dia sinto que dou um pouco de mim neste trabalho e sei que o contributo que dou, mesmo que seja pequeno, pode ser crucial para melhorar a vida de alguém.