Natural da ilha de São Miguel, nos Açores, Paulo de Castro Aguiar rumou a Lisboa, mais propriamente ao Instituto Superior Técnico, para fazer a licenciatura em Engenharia Física Tecnológica. Depois de concluir o ano curricular do programa doutoral em Biofísica no Instituto de Biofísica e Engenharia Biomédica da Universidade de Lisboa, mudou-se para o Reino Unido para realizar o seu doutoramento no Instituto de Computação Adaptativa e Neural, da Universidade de Edimburgo.
Após terminar o seu doutoramento em Neurociência Computacional, em 2006, regressou a Portugal e juntou-se, como pós-doutorado em neurobiologia, à Unidade de Neurociência do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) da Universidade do Porto. Em 2008, recebeu uma bolsa de investigação competitiva em Biologia Computacional e, em 2013, foi convidado a juntar-se ao Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (INEB), também da U.Porto, como Investigador Auxiliar.
Paulo de Castro Aguiar é, desde 2016, Investigador Principal no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), onde lidera o grupo «Neuroengenharia e Neurociência Computacional (NCN)».
Autor em mais de 70 publicações internacionais revistas por pares, Paulo de Castro Aguiar é Professor Associado convidado em Neuroengenharia, na Faculdade de Engenharia (FEUP), e Professor Afiliado em Biofísica na Faculdade de Medicina (FMUP), ambas na U.Porto. Também na Universidade, foi responsável por vários cursos de física, matemática, neurobiologia e engenharia.
A área de investigação de Paulo de Castro Aguiar foca-se na neurociência e tem como interesse principal o estudo dos mecanismos de processamento e armazenamento de informação em circuitos neuronais. A sua equipa multidisciplinar combina conhecimentos em neurobiologia, biofísica, engenharia e computação, para revelar e reparar função neuronal.
Recentemente, conquistou um dos Prémios Santa Casa Neurociências, o Prémio Mantero Belard, com um projeto que visa melhorar a estimulação cerebral em Doença de Parkinson, e foi distinguido pela Fundação “la Caixa” no âmbito do Concurso CaixaResearch de Investigação em Saúde 2022.

Paulo de Castro Aguiar lidera o grupo de investigação em «Neuroengenharia e Neurociência Computacional». do i3S (Foto: DR)
Naturalidade? São Miguel, Açores
Idade? 45 anos.
– Do que mais gosta na Universidade do Porto?
Das pessoas. Tenho conhecido pessoas fantásticas nos vários institutos/faculdades da U. Porto. Estas pessoas, na sua diversidade, capacidade técnica, dedicação, são os pilares da qualidade da U. Porto.
– Do que menos gosta na Universidade do Porto?
Não gosto da precariedade do emprego docente/científico e da exploração de jovens sem contrato ou contratos de termo limitado para as necessidades letivas. Também não gosto da forma como funcionam muitas das aulas nos anos curriculares dos programas doutorais – servem mais os interesses logísticos da universidade do que os interesses dos alunos.
– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?
Maior e melhor interligação entre as carreiras de docência e de investigação.
– Como prefere passar os tempos livres?
Adoro o contacto com a Natureza. Do que mais gosto é fazer trilhos ou trekking/hiking com amigos/família. No verão, adoro atividades com água (pesca submarina, mergulho, kayak ou praia).

(Foto: DR)
– Um livro preferido?
“O Velho e o Mar”, de Ernest Hemingway. Determinação é algo fundamental na vida.
– Um disco/músico preferido?
Difícil de responder pois há músicas preferidas conforme o estado de espírito. Em Português, gosto muito dos Sétima Legião. Quando estou em trabalho intensivo, gosto muito da energia que retiro ao ouvir “Two Steps From Hell”.
– Um prato preferido?
Sopa de peixe.
– Um filme preferido?
Adoro bons filmes de ficção científica. Um dos que mais gosto é o “Oblivion”.
– Uma viagem de sonho?
Já andei nas selvas do Bornéu e a subir montanhas no Nepal, mas de todas as viagens que já fiz, a que mais me marcou foi a viagem de barco à vela entre o continente e os Açores. Tinha o sonho de um dia fazer esta viagem e há uns quatro anos embarquei em Lisboa, no Santa Maria Manuela – um veleiro magnífico de quatro mastros que pertenceu à Frota Branca –, rumo aos Açores. Foi uma viagem de emoções fortes; ao chegar vi as ilhas um pouco enevoadas, apesar das condições atmosféricas estarem excelentes.
– Um objetivo de vida?
Deixar orgulhosos os meus dois filhos e o Paulo de 16 anos. Pelo caminho, tentar contribuir para um mundo um pouco melhor e mais justo, onde a educação de qualidade não é um luxo, mas sim um instrumento/pilar de democracia.
– Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)
Tive o privilégio de ter aulas com o José Mariano Gago. Para ele, ciência era mais do que a busca de conhecimento. Era um mecanismo de união de povos e culturas, que fomenta a gosto pela diversidade e a compreensão pelas diferenças. Tive também a sorte de, na minha família direta, ter tido sempre excelentes referências.
– O projeto da sua vida…
Em termos profissionais, compreender como é armazenada e processada informação em populações neuronais.
– Uma ideia para promover a investigação da U.Porto a nível internacional?
Continuar o esforço na participação da U. Porto em redes internacionais, quer de investigação quer de ensino (e.g. consórcios de universidades), mas sobretudo criar condições para atrair e integrar investigadores de topo na U. Porto.