“Organização, determinação, resiliência e vontade”. Estas são apenas algumas das palavras que Miguel Trepa “leva” diariamente para dentro dos relvados e das salas de aula. Estudante da Faculdade de Desporto da U.Porto (FADEUP) e capitão da equipa de Rugby da Universidade, foi recentemente considerado o Atleta do ano na X Gala do Desporto da Universidade do Porto, estando ainda nomeado para Atleta do Ano pela Federação Académica de Desporto Universitário (FADU).

Desde que ingressou na Universidade, Miguel trabalhou, treinou, foi treinador e estudou. Nada o impediu de seguir os seus sonhos desportivos e académicos, conseguindo, no mesmo ano (2017/2018), concluir e entregar a sua tese de mestrado em Ciências do Desporto e ser chamado à seleção nacional de Sevens. Entre a competição e os estudos, foi também treinador do CDUP Rugby – nos escalões sub 14 (2013/14), sub 16 (2014/15) e sub 18 (2017/18) -, clube que representa a nível federado.

“Tive de abdicar de muita coisa por causa do rugby, tive os meus momentos de desgaste e precisei de descansar, tive lesões graves e não gosto de falhar treinos, mas tenho a sorte de ter um grupo de amigos, família e namorada que me adoram e sempre compreenderam a minha vida dando-me o apoio, a segurança e a alegria para continuar”, explica, sobre a conciliação das duas “carreiras”, a académica e a desportiva.

Pela U.Porto, Miguel Trepa já conquistou dois títulos de campeão nacional universitário e três como vice-campeão. (Foto: CDUP-UP)

Atual capitão da equipa de Rugby 7, Miguel Trepa conta no currículos com dois títulos de campeão nacional universitário e três como vice-campeão. A nível federado, foi campeão nacional pelo CDUP rugby nos escalões , sub18, sub21 e sub23, tendo ainda integrado as seleções nacionais jovens de sub16, sub17, sub18 e sub19. Atualmente, integra a equipa sénior do CDUP-Rugby, algo que considera ser uma das suas maiores conquistas.

Para o Miguel, “hoje é que conta e hoje é que temos de mostrar que somos os melhores naquilo que fazemos. Hoje quero trabalhar para ser o melhor enquanto jogador e o melhor enquanto profissional do desporto”. Para já, o estudante pretende fechar o capítulo académico com a defesa da sua tese de mestrado. O futuro ainda é incerto, mas certamente que o Rugby e o desporto estarão presentes…

Naturalidade? Porto
Idade? 24 anos

De que mais gosta na Universidade do Porto?

Da diversidade de cursos que a Universidade oferece. De certa forma, há entre nós, estudantes e docentes, uma oportunidade de cruzar diferentes perspectivas sobre a realidade que partilhamos. Isto sente-se na cooperação do associativismo universitário, na competitividade dos eventos desportivos, na riqueza da agenda cultural, na qualidade dos programas curriculares que as faculdades oferecem e acima de tudo, na responsabilidade cívica que os estudantes da Universidade do Porto estendem a todos os domínios da sociedade.

De que gostas menos na Universidade do Porto?

Como diria o professor José Augusto (prof. da FADEUP), dos professores e colegas benfiquistas e sportinguistas (risos). Agora a sério, considero que um ponto menos positivo na Universidade é a falta de proximidade entre os 3 polos. Seria bom que existissem mais espaços comuns às diferentes faculdades, de forma a que a diversidade que referi fosse alavancada.

Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Com a qualidade da Universidade do Porto, não só a nível da formação de pessoas, como no que diz respeito à investigação e contributo para a comunidade científica, creio que deve haver uma maior aposta na internacionalização da nossa instituição, em particular, no plano formativo. A oferta de um plano curricular bilíngue, com aulas em inglês e português nas licenciaturas e mestrados, o estímulo à realização de estágios internacionais e ao envolvimento dos estudantes em iniciativas e projetos globais complementará não só a formação dos universitários enquanto agentes globais, como aumentará a exposição da Universidade no plano internacional.

Como prefere passar os tempos livres?

Conviver com os amigos, família, namorada. Passear. Viajar. E desporto, seja ele qual fora, tem de estar inserido também nas minhas horas mais vagas.

Um livro preferido?

Legado, de James Kerr. Num contexto diferente, Siddartha, de Herman Hesse.

Um disco/musica preferida?

Diggin your style, do Frankie J.

Um prato preferido?

Pataniscas de bacalhau com arroz malandro, ovos de recheio e sushi, muito sushi.

Um filme preferido?

Não consigo decidir entre estes dois: “The Hobbit” e “The Recruit”.

Uma viagem de sonho?

Alasca, Yellow Stone, ilhas Marquesas, Islândia, Japão, China, Nova Zelândia. Nomeadamente nos primeiros dois, adorava viajar de caravana nesses destinos – seria com certeza uma aventura inesquecível.

Objetivo de vida?

Ser recordado como alguém que foi ajudado a ajudar aqueles que se cruzaram no meu caminho. Num objetivo mais concreto, gostava de conciliar a minha vida pessoal e profissional, com uma carreira sénior no CDUP Rugby, ajudando na transmissão dos valores do rugby aos mais novos.

Uma inspiração?

Pelo exemplo de astúcia, bondade, simplicidade e resiliência, a minha Avó Mimi e o meu Avô Amadeu.

O projeto da sua vida?

Escrever uma página bonita na história do desporto de alta competição.

Um desejo para o Rugby Português?

No longo prazo, gostava que o Rugby no nosso país se tornasse numa escola de valores extensível a todas as classes sociais e geografias do território nacional. No curto prazo, desejo que as Seleções Nacionais de XV e 7s regressem às respetivas divisões pioneiras. Há muito talento em Portugal, e este desporto merece muito mais atenção por parte do espectador, pois só quem o conhece sabe o quão incrível consegue ser.