Foi a combinação entre conhecimento técnico, humanidade, razão e compaixão que despertou em Miguel Ângelo Ramos o interesse por uma área que viria a revelar-se a escolha certa.
O ingresso na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) abriu-lhe então as portas para conciliar a curiosidade científica com o desejo de contribuir para o bem-estar dos outros, revela o jovem médico natural de Valongo.
Seis anos depois de um “percurso exigente, mas transformador”, Miguel Ângelo Ramos iniciou, tal como centenas de novos colegas, a preparação para a Prova Nacional de Acesso (PNA) à formação médica especializada. Com 135 pontos em 150 possíveis, o antigo estudante da FMUP alcançou recentemente o melhor resultado na PNA, uma avaliação obrigatória para todos os médicos, portugueses ou estrangeiros, que pretendem aceder a uma vaga de especialista em formação.
À beira de dar o próximo passo, admite que a escolha da especialidade não será fácil, embora já tenha reduzido as opções a seis áreas possíveis. “O mais importante é encontrar algo que me faça feliz agora e que me deixe seguro para servir da melhor forma possível os meus futuros doentes”.
Enquanto esse momento não chega, tem aproveitado para manter os laços criados com a FMUP, mais concretamente no Teatro Anatómico, onde iniciou, em 2021, o seu percurso na docência académica. “Além de ser um exercício contínuo de aprendizagem, dar aulas permite-me cultivar o gosto pelo detalhe e pelo rigor – duas qualidades essenciais na prática clínica e no caminho que ainda tenho pela frente”.
Idade: 24 anos
Naturalidade: Valongo
– De que mais gosta na Universidade do Porto?
Da sua pluralidade – tanto de ideias como de pessoas. A Universidade do Porto olha para o futuro e proporciona o encontro entre pessoas verdadeiramente inspiradoras, criando, simultaneamente, um ambiente que prima pela diversidade científica e cultural.
– De que menos gosta na Universidade do Porto?
A burocracia e a distância entre as unidades orgânicas da Universidade limitam um pouco a agilidade que a investigação e o ensino exigem.
– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?
Considero que, não apenas na U.Porto, mas também a nível do ensino superior nacional, deveria existir uma maior flexibilidade e incentivo para que os estudantes pudessem construir e diversificar os seus percursos académicos. Seria benéfico permitir que uma percentagem mais significativa dos ECTS e do plano de estudos pudesse ser realizada noutras instituições de ensino superior, promovendo assim uma formação mais ampla e interdisciplinar. Adicionalmente, o estímulo ao empreendedorismo, através do apoio e financiamento à criação de um maior número de spin-offs e start-ups, constituiria uma estratégia importante para reforçar a ligação entre a universidade, a inovação e o mercado de trabalho.
– Como prefere passar os tempos livres?
Gosto de dedicar-me à leitura – especialmente ficção histórica e, por vezes, fantasia – gosto de correr ao ar livre, de ver o meu Benfica jogar, seja em casa ou no estádio. Perco uma quantidade de tempo superior à que gostaria de admitir a fazer binge watch das minhas séries preferidas.
– Um livro preferido?
É difícil escolher apenas um, mas talvez “Queda dos Gigantes”, de Ken Follett ou “Guerra e Paz”, de Tolstói – ambos entrelaçam narrativas individuais com os grandes movimentos da História.
– Um disco/músico preferido?
AM, dos Arctic Monkeys, e Evolve, dos Imagine Dragons.
– Um prato preferido?
Lombo assado com castanhas e, para sobremesa, cheesecake de frutos vermelhos.
– Um filme preferido?
“1917”, de Sam Mendes, pela realização e pela forma como transporta o espetador para o âmago da experiência humana em tempos de guerra.
– Uma viagem de sonho?
Tenho uma viagem à Turquia planeada para este ano. No horizonte, permanece o sonho de visitar o Japão.
– Um objetivo de vida?
Viver com propósito. Aprender coisas novas e conseguir ensinar o próximo, garantindo que o conhecimento continua a fluir, de pessoas para pessoas.
– Uma inspiração?
Se tivesse de escolher só uma pessoa, a minha Mãe.
– O projeto da sua vida.
Encontrar o meu lugar na prática médica, que permita trazer bem-estar quer a mim próprio, quer aos que me rodeiam. E continuar ligado à Faculdade onde me formei e da qual gosto muito, seja a nível da docência ou de qualquer outra forma que me permita deixar uma marca discreta, mas significativa na vida das outras pessoas.
– Que balanço faz dos seis anos de formação na FMUP?
O balanço que faço é de um percurso exigente, mas transformador. Estes seis anos moldaram-me não apenas como futuro médico, mas também como pessoa. A Universidade foi palco de aprendizagens científicas, mas também de crescimento pessoal. Contudo, se me perguntassem o que verdadeiramente me trouxe maior satisfação neste percurso – a “velhinha” questão entre o caminho percorrido ou o destino alcançado – diria, sem hesitar, que não foi nenhum deles. Foram os laços de amizade que levo comigo para a vida!