Marzia Bruno_300x277Foi o gosto por culturas novas que trouxe a italiana Marzia Bruno até Portugal, ao abrigo do programa Erasmus. Gostou tanto que não quis ir embora. Depois de terminar o curso de Belas Artes em Florença, decidiu voltar a Portugal e escolheu a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto para tirar o Mestrado em Estudos Artísticos, onde se especializou em Estudos Museológicos e Curadoriais. A vontade de conhecer mais a cada dia não a deixou parar por aqui, e aventurou-se no Doutoramento em História de Arte da FLUP, com a ajuda de uma bolsa FCT.

No dia 5 de abril a sua vida mudou, quando recebeu um telefonema de Nova Iorque a informa-la que o seu projeto “A Glimmer of Freedom” tinha sido o vencedor do apexart International Franchise Program, uma iniciativa da apexart, uma associação artística sem fins lucrativos norte-americana que visa dar a curadores independentes e artistas emergentes e estabelecidos a oportunidade de proporem e produzirem uma exposição a acontecer em qualquer lugar do mundo.

Foi durante uma visita a Cabo Verde em 2014 que nasceu este projeto de curadoria. Durante a sua estadia, Marzia percebeu a importância da valorização do Campo do Tarrafal, que entre 1936 e 1954 abrigou presos políticos.

O projeto premiado vai explorar a visão de artistas sobre o Campo do Tarrafal, articulando o espaço físico com questão contemporâneas da actualidade. A exposição, a decorrer entre abril e maio de 2017, irá reunir várias instalações “site-specific”, que serão realizadas no interior de celas com inspiração no refeitório, na enfermaria ou na famosa cela “frigideira” (a forma mais cruel de punição realizada no Campo), enquanto as paredes exteriores vão exibir mapeamentos de projecção digital (“Video Mapping” ou “Projection Mapping”).

Estas instalações vão ser produzidas com materiais locais e os efeitos sonoros e os mapeamentos de projeção vão garantir a manipulação do espaço. Além disso, vão ser levadas a cabo iniciativas como música tradicional, dança, narração de histórias, mesas redondas com ex-prisioneiros.

Naturalidade?

Cosenza, Itália.

Idade?

31 anos.

– De que mais gosta na Universidade do Porto? 

Aprecio muito o elevado nível científico e a quantidade e qualidade de cursos que oferece.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

A rigidez, a pouca criatividade e a plataforma SIGARRA que precisa de uma completa reformulação, atualização e modernização, tanto a nível do design como a nível das suas funcionalidades.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto? 

Julgo que precisa de mais e melhor internacionalização e investigação interdisciplinar. O incentivo à simbiose entre as suas várias Faculdades no que tange, por exemplo, aos trabalhos práticos dos estudantes, com certeza, trará ganhos. No que tange ao campo das Artes e Letras, carece de mais e melhor cooperação com museus, galerias e artistas. Fundamentalmente, que tudo isto esteja numa forma que permita traduzir as intenções em resultados concretos.

– Como prefere passar os tempos livres?

Gosto muito de conviver com os meus amigos, mas também gosto de ter tempo para ler, criar, desenhar, pintar e esculpir. Também não dispenso um longo passeio.

– Um livro preferido?

Tenho vários. Não querendo trair os demais, destaco o “Il nome della rosa” di Umberto Eco.

– Um disco/músico preferido?

O tipo de música que me agrada varia constante o período e o meu estado de ânimo. Tenho ouvido muito o trompetista franco-libanês Ibrahim Maalouf de momento.

– Um prato preferido?

Um deles é a parmigiana.

– Um filme preferido?

Da mesma forma que a música, neste momento, lembro-me do “La Ciociara” de Vittorio De Sica.

– Uma viagem de sonho?

Além de Marte, gostaria de visitar as ilhas Fiji.

– Um objetivo de vida?

Ser feliz.

– Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)

Recordações da minha infância e juventude à procura de coragem e determinação e as encontrar na audácia de Gjergj Kastrioti Skënderbeu. Hoje em dia a minha maior inspiração é a constante irrequietude de conhecer algo de novo.

– O projeto da sua vida…

Ser mãe, continuar a fazer investigação e abrir um espaço criativo.

Uma ideia para promover a arte em Portugal?

Disseminação de hotspots artísticos com o foco na efetiva participação de pessoas em iniciativas artísticas e fazer com que empresas e escolas façam parte do fenómeno cultural.