Marcela Segundo nasceu no Brasil e vive em Portugal desde 1988. Licenciada em Microbiologia e doutorada em Biotecnologia, especialidade em Química, pela Universidade Católica Portuguesa, iniciou o seu percurso na Universidade do Porto  em 2003, como Investigadora Auxiliar no REQUIMTE – Rede de Química e Tecnologia. Três anos depois, estreia-se como docente da Faculdade de Farmácia (FFUP), onde leciona no Departamento de Ciências Químicas, e desenvolve investigação na área das ciências separativas e métodos analíticos de elevado rendimento.

Com o coração dividido entre a docência e a investigação, a que também se dedica no LAQV/REQUIMTE, unidade de investigação dedicada à química sustentável, Marcela Segundo tem ainda tempo para trabalhar em prol da transferência de tecnologia e do conhecimento para a sociedade. Membro da Direção da Sociedade Portuguesa de Química entre 2010 e 2013, é, desde 2018, Secretária da Divisão de Química Analítica da European Chemical Society – EuChemS.

Pelos seus contributos científicos, já recebeu inúmeros  distinções. Entre elas inclui-se o FIA Award for Science, atribuído em 2016 pela Japanese Association for Flow Injection Analysis e destinado a investigadores de todo o mundo que tenham contribuído de forma significativa para o desenvolvimento e aplicação de técnicas de análise em fluxo.

Mais recentemente, Marcela Segundo foi uma das 60 cientistas de todo o mundo distinguidas como “Female role model in Analytical Chemistry”, atribuída pela publicação Analytical and Bioanalytical Chemistry, da prestigiada editora Springer Nature.

Naturalidade? Brasil

Idade? 45 anos

– De que gosta mais na Universidade do Porto?

Gosto da possibilidade de encontrar facilmente colegas de outras áreas, disponíveis para colaborar e integrar conhecimentos na construção de projetos abrangentes.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

Tenho a lamentar a impossibilidade de reter talento, em particular investigadores, dada a falta de oportunidades para o desenvolvimento de carreiras estáveis.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Promover mais atividades que proporcionem a interação dos membros da comunidade (docentes, funcionários, estudantes) existente em cada Unidade Orgânica ou Pólo, de forma a promover a identidade da Universidade e o sentido de pertença à comunidade. De uma forma mais restrita, o Programa Pausa Ativa e o Programa Transversal de Mentoria Interpares têm contribuído neste sentido.

– Como prefere passar os tempos livres?

Em atividades com a minha família: ir à praia, andar de bicicleta, passear ao ar livre.

– Um livro preferido?

Robot Dreams, de Isaac Asimov.

– Um disco/músico preferido?

Coldplay.

– Um prato preferido?

Bacalhau com natas.

– Um filme preferido?

Avengers: Endgame, visto no IMAX.

– Uma viagem de sonho?

Retornar ao Japão. Tive a oportunidade de visitar várias cidades em 2008. Fiquei surpreendida e encantada com a beleza natural das paisagens e com a cultura japonesa.

– Um objetivo de vida?

Oferecer oportunidades de desenvolvimento aos mais jovens, tanto a nível científico como pessoal.

– Uma inspiração?

Os estudantes. Pela sua vontade de aprender, entusiasmo e capacidade de “olhar” o mundo com novas perspetivas.

– Uma sugestão para promover o estudo/investigação da química na Universidade do Porto?

A Química é um ramo da ciência abrangente, presente em várias faculdades da Universidade do Porto. Existe já uma ligação estreita entre muitos grupos através de vários Centros de Investigação, assim como programas de formação avançada comuns a várias instituições. Falta neste momento tornar mais visível a real dimensão ocupada pela Química. Um caminho a seguir pode ser a demonstração do impacto da investigação desenvolvida com base na Química, em particular com base na Química Analítica.