Formou-se e cumpriu todo o percurso como docente e investigador na Faculdade de Engenharia da U.Porto. tendo, durante oito anos, liderado os destinos da Universidade. O currículo de José Novais Barbosa fala por si e, desde fevereiro passado, inclui mais um motivo de orgulho. Eleito presidente do UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto em 2007, viu culminados cinco anos de trabalho à frente do “berço de inovação” da Universidade com a atribuição do Prémio Europeu RegioStars 2013, um galardão equiparado aos “óscares” para projetos na área do desenvolvimento regional a nível europeu.

José Novais Barbosa nasceu na cidade invicta, em 1940. Vinte e três anos depois terminou a licenciatura em Engenharia Civil na FEUP, onde veio a completar o doutoramento. Na FEUP, desempenhou toda a sua atividade de docente, – Professor Extraordinário e Agregado (1971) e Professor Catedrático (1979) – tendo desenvolvido ao mesmo tempo importante trabalho científico nas áreas da Hidráulica, Saneamento Básico e Ambiente.

Em setembro de 1998, foi eleito Reitor da Universidade do Porto, depois de ter vivido uma experiência de seis anos  como vice-reitor. Nos seus oito anos de mandato (1998-2006), a Universidade prosseguiu a sua expansão física (substanciada na inauguração dos edifícios da FEUP e da FPCEUP, ou na criação dos cursos Ciências da Comunicação e Criminologia), a afirmação enquanto instituição de referência no ensino e na investigação, conhecendo também uma importante abertura ao exterior.

Desde janeiro de 2007, ano em que se jubilou e foi distinguido com o título de Professor Emérito da Universidade do Porto – até ao presente, desempenha as funções de Presidente da Direcção do UPTEC, sendo um elemento ativo no crescimento e desenvolvimento do projecto. É ainda coordenador do projecto “Viver a Inovação”, apresentado pela UP e classificado em primeiro lugar no concurso “Fomento do Empreendedorismo no Ensino Superior Português”, promovido pela COTEC (Associação Empresarial para a Inovação).

-De que mais gosta na Universidade do Porto?

Da capacidade de reunião de todo um conjunto de professores e investigadores, e também estudantes, de grande qualidade, associada à capacidade de convergência de intervenções que, nomeadamente nas últimas duas décadas, têm sido capazes de promover e aprofundar uma cultura de unidade da Instituição.

 De que menos gosta na Universidade do Porto?

Da necessidade de submissão a todo um conjunto de regras impostas aos organismos públicos que restringem drasticamente a sua autonomia, em particular a administrativa e a financeira, tendendo a transformar a Universidade numa indesejável organização burocrática,impeditivas do desenvolvimento de uma gestão verdadeiramente eficiente, eficaz e adequadamente responsável, colocando-a em manifesto desfavor quanto à sua capacidade de intervenção face à de que dispõem instituições congéneres de outros países.

-Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Esta questão prende-se com a anterior. A qualidade, já generalizadamente reconhecida, do trabalho desenvolvido na Universidade do Porto, poderá ainda melhorar significativamente quando se tornar possível fazer compreender às entidades responsáveis pela produção de legislação em Portugal que é imperioso conceder-lhe uma autonomia muito mais alargada, a que corresponda a capacidade de assumir, como responsabilidade sua, um grande número de decisões de que os organismos de tutela, avaramente, continuam a não abrir mão.

-Como prefere passar os seus tempos livres?

Em casa, com a Família e Amigos.

-Um autor preferido?

Victor Hugo, sem dúvida, e, nos portugueses, Eça de Queiroz.

-Um disco/músico preferido?

Escolha difícil entre tantas alternativas… Refiro três e me seja perdoado não referir outros… Mozart, Beethoven, Astor Piazzolla.

-Um prato preferido?

Leitão assado, se as amêijoas à Bulhão Pato acompanhadas de grelos cozidos “não me levarem a mal”…

-Um filme preferido?

“Casablanca”, de Michael Curtiz.

-Uma viagem de sonho realizada?

Viagem à Austrália, em 1996.

-Um objetivo de vida?

Ter discernimento para, dia a dia, enfrentar retamente os desafios que se me colocam.

-Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)

Seja uma “situação”, de que decorre uma ideia… A ideia de subsidiariedade, tão afastada da nossa cultura e, consequentemente, da organização da sociedade portuguesa… Como desejaria que fosse uma inspiração para milhões de cabeças, nas quais, longa e insistentemente, tem sido incutida uma cultura centralista, para mais levada ao impensável exagero que hoje nos afoga…

-Um desejo para a inovação em Portugal?

Surgimento de pessoas/instituições com real capacidade para avaliar e apoiar os projetos inovadores com maiores potencialidades efetivas…