Desde pequena que Joana Lima sempre se habituou a questionar o mundo que a rodeia. E foi com esse espírito que, em 2016, um ano depois de ingressar na Licenciatura em Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria, Multimédia da Universidade do Porto, embarcou naquela que considera a “aventura” da sua vida: a experiência de Erasmus em Atenas.

Na capital grega, Joana viveu muito mais do que a experiência estudantil. Foi também nessa altura que se tornou voluntária do Project Elea, uma organização que promove serviços essenciais e atividades educativas, lúdicas e culturais no campo de refugiados de Eleonas, com o objetivo de capacitar e inspirar os residentes. Lá, distribuiu refeições, roupa e kits de higiene, dinamizou atividades para crianças e jovens, ensinou inglês a adultos, entre outras tarefas.

De regresso a Portugal, Joana Lima continuou a “construir um mundo mais justo e igualitário”, lema que elege como objetivo de vida. Primeiro na VO.U. – Associação de Voluntariado Universitário, como professora de português de migrantes no Centro São Cirilo. E depois no projeto Já T’Explico, como explicadora de crianças do 5º ao 9º ano de escolaridade, com baixas possibilidades financeiras e apoio familiar.

Três anos após concluir a licenciatura, e a trabalhar desde então no departamento de Comunicação e Marketing da Natixis em Portugal, a atual estudante do 2º ano do Mestrado em Marketing da Faculdade de Economia (FEP) prepara-se para regressar a Atenas já no próximo mês de junho, mais uma vez como voluntária do Project Elea. E se “numa primeira instância, foram a curiosidade e vontade de contar histórias” que a levaram até Eleonas, hoje, as motivações são outras. Afinal, “há muito por cumprir”, destaca Joana Lima, que promete levar na bagagem o desassossego” que a carateriza, “enquanto cidadã europeia, mas sobretudo humana”.

Para Joana, “o melhor do mundo são as pessoas, não importa de onde vêm, nem tão pouco a fronteira que se impõe. Na nossa essência, somos iguais. Valorizamos a paz e segurança, acima de tudo, lutamos pela liberdade e acolhemos.”

Joana Lima vai regressar a Atenas cinco anos depois da primeira experiência como voluntária no campo de refugiados de Eleonas. (Foto: DR)

 -Naturalidade? Porto

 -Idade? 24 anos

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Sem dúvida as oportunidades que proporciona aos estudantes. No meu caso, um período de mobilidade no berço da civilização ocidental e democracia, a oportunidade de a representar na 19ª edição do Festival Mundial de Jovens e Estudantes, em Sochi, na Rússia, de ser guia da equipa romena durante o Campeonato Europeu Universitário de Futebol pela EUSA e ainda buddy de quatro estudantes internacionais pela ESN. E digo-vos: nenhuma experiência me enriqueceu tanto quanto a de me sentar à mesa com pessoas de diferentes latitudes, ouvir as suas histórias e descobrir a humanidade em cada uma delas.

-De que menos gosta na Universidade do Porto?

Por vezes, os conteúdos lecionados não são adequados às necessidades do mercado. As parcerias entre a Universidade e empresas e, claro, a partilha de conhecimentos e experiências por profissionais, que tão bem complementam a abordagem académica, assumem um papel determinante.

-Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Na minha opinião, todos os semestres deveriam contemplar uma unidade curricular de opção, em qualquer instituição da Universidade do Porto. A possibilidade dos estudantes construírem o seu currículo é valiosíssima.

Para além disso, considero que todos os cursos deveriam incluir um período de estágio. O estágio que realizei no jornal Público, no último semestre da minha licenciatura, moldou para sempre a minha visão do jornalismo.

-Como prefere passar os tempos livres?

Adoro estar com a minha família e amigos, escrever e viajar.

-Um livro preferido?

O Principezinho, pois aprendo um pouco mais sobre mim de cada vez que o leio. 

-Um disco/músico preferido?

Os Queen deram-me o melhor concerto da minha vida, mas diria que sou bastante eclética.

-Um prato preferido?

Arroz, feijão, farofa, picanha, pão de queijo, brigadeiro, não fosse a minha costela brasileira. Ultimamente, confesso que tenho sonhado com um gyros, um prato típico grego.

-Um filme preferido?

Pode ser uma série? This Is Us.

Uma viagem de sonho?

Um mochilão pela América Latina, com paragem obrigatória no Peru, Bolívia, Argentina e Chile, mas sonho um dia conhecer todos os países do mundo.

-Um objetivo de vida?

Construir um mundo mais justo e igualitário e neste caminho estar rodeada de pessoas boas.

-Uma inspiração? 

A minha família. Por ser amor e bondade.

A Catarina Furtado. Por ser paz e ao mesmo tempo inquietação em todos os papéis que desempenha, como Embaixadora de Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), fundadora e presidente da associação Corações com Coroa, atriz, apresentadora, documentarista, autora e ativista.

A comunidade de Eleonas. Por tudo.

– Uma ideia para promover o voluntariado entre a comunidade da U.Porto?

Encorajar o trabalho humanitário e ativismo, em Portugal e além fronteiras, através da criação de programas dedicados.