Joana Barroso nasceu e cresceu no Porto. Depois de uma passagem por Coimbra, já como médica, regressou para integrar o Centro Hospitalar São João. Durante a atividade clínica, desenvolveu um crescente interesse por uma área especifica: a Dor Crónica.  A curiosidade pela temática e as dificuldades em tratar doentes com uma patologia que para a qual, neste momento, a ciência oferece poucas respostas foram aumentando e acabou por interromper a exercício de medicina para se dedicar em exclusivo à investigação.

Em 2014, integrou o doutoramento em Neurociências da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e foi aí que conheceu Vasco Galhardo, neurocientista e docente da FMUP, que acabou por se tornar seu orientador. Os estudos desenvolvidos no Departamento de Biologia Experimentar da FMUP já foram distinguidos em várias ocasiões. Na vertente clínica, Joana recebeu uma bolsa para um estágio na Feinberg School of Medicine da Northwestern University, de Chicago e, recentemente conquistou,  uma bolsa da Fundação Grünenthal que permitirá dar continuidade a um trabalho que visa estudar os circuitos cerebrais de doentes com dor crónica e a forma como estes se relacionam com a dor.

Joana Barroso voltará brevemente a Chicago – onde tem colaborado com o investigador Vania Apkarian – para analisar aos dados que está neste momento a recolher em Portugal. A estudante da Faculdade de Medicina espera, acima de tudo, que este estudo e os projetos em que está inserida, permitam contribuir de forma frutífera para melhorar os conhecimentos que temos sobre cérebros em dor.

Naturalidade? Porto, Portugal

Idade? 29 anos

De que mais gosta na Universidade do Porto?
Das pessoas. O nível cientifico dos investigadores da Universidade do Porto é elevadíssimo e a capacidade de trabalho e vencer barreiras nas mais diversas áreas é notável. A internacionalização crescente dos alunos e investigadores formados na UP é a prova disso.

De que menos gosta na Universidade do Porto?
A colaboração entre as diferentes unidades orgânicas da UP, talvez por algumas barreiras geográficas, inerentes à estrutura da Universidade dificulta a interligação entre departamentos de excelência. A dificuldade em criar condições que estimulem os jovens investigadores a permanecerem também é uma desvantagem da instituição, que penso ser espelho do (ainda) pouco investimento na ciência pelos órgãos governamentais em Portugal.

Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto? 
Fomentar o contacto entre investigadores de diferentes áreas, criar plataformas de contacto e discussão.

Como prefere passar os tempos livres?
Sozinha, a passear e ler. Acompanhada, com os meus irmãos e os amigos, a conversar e rir.

Um autor/livro preferido?
Um autor, Jorge Luís Borges. Se tiver de escolher um livro, tenho de admitir que há poucos tão marcantes quanto A Um Deus Desconhecido de John Steinbeck, é comovente a simplicidade da beleza que nos conta.

Um disco/músico preferido?
Ouço de tudo um pouco, sem perceber muito de nada. Os meus dias são sempre acompanhados pela playlist que conta com músicos tão variados quanto David Crosby, The National, Rhye, Twin Shadow, Erlend Øye e por aí fora. A música é uma constante.

Um prato preferido?
Tenho de admitir, um alimento – queijo. Qualquer tipo e em quantidade generosa.

Um filme preferido?
Tal como na música gosto de cinema muito variado. Ao falar com uma amiga cinéfila, percebi prontamente que tenho um fraquinho (forte) por ficção cientifica, filmes que vejo várias vezes: Blade Runner, The Quiet Earth (mais antigos), Disctrict 9 do Neill Blomkamp, Primer, Predestination, entre outros. Em miúda Back to the Future era um vício.

Uma viagem de sonho? 
Costumam ser a última e a próxima. A última: de Chicago a Nova Orleans de carro, passando pelo Indiana, Kentucky, Tennesse e Mississippi. A próxima: de Chicago a São Francisco, quero muito conhecer o parque natural de Arches no Utah e o Yellowstone no Wyoming. Ir ao Alasca também está nos planos para os próximos anos.

Um objetivo de vida?
Manter sempre a curiosidade e vontade de fazer mais, ser capaz de nunca me acomodar.

Uma inspiração?
Os meus pais. A forma como mantém vidas profissionais preenchidas e uma dinâmica familiar incrível.