O «cartão de apresentação» não podia ser mais sugestivo na página de Inês Correia no Instagram: “Apaixonada por dinheiro”. Uma paixão que esta antiga estudante da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) partilha diariamente com os mais de 20 mil seguidores – sobretudo mulheres – que encontram no Mais que Poupar dicas e outras ferramentas para uma melhor gestão financeira.

Na verdade, há um “antes” e um “depois” da chegada de Inês à FEP, em 2004, para frequentar a licenciatura em Economia. “A partir daí considero-me apaixonada por dinheiro”, reforça a economista, acrescentando que a passagem pela FEP “foi determinante para o meu crescimento pessoal e profissional, não só por me ter permitido conhecer gente de vários locais do pais e com experiências de vida muito diferentes, como também a própria exigência da Faculdade me ter obrigado a criar métodos de estudo e trabalho eficientes que hoje ainda utilizo”. Mas já lá vamos…

Concluída a licenciatura em 2008, Inês rumou a Madrid para fazer o Mestrado em Finanças. De então para cá, trabalhou em Banca de Investimento, no Banco de Portugal e no Banco Central Europeu. “Durante todo este tempo apercebi-me da importância da Psicologia para o nosso crescimento profissional, gestão da nossa carreira e também o seu impacto nas nossas finanças pessoais”, nota. Mas havia algo mais que a inquietava: “Tinha começado em 2015 a poupar e a investir e queria muito partilhar com o mundo o quanto esta experiência de crescimento financeiro é muito mais do que apenas ter mais dinheiro: é sentirmo-nos muito mais livres e empoderadas nas nossas vidas”.

Já depois de várias experiências, complementadas com uma pós-graduação em Psicologia das Emoções, Inês Correia decidiu então criar um blog pessoal – o Mais Que Poupar – em 2019 com o “objetivo de partilhar a minha experiência e conhecimentos financeiros” com outras mulheres. “Controlar o nosso dinheiro, perceber quais os gastos que são realmente essenciais e em linha com os nossos valores, bem como colocar o dinheiro a trabalhar para nós devia ser uma opção acessível a todos e não apenas a uma pequena minoria. Há outra hipótese que é trabalhar até aos 67 anos! E eu queria dar as ferramentas para que isso fosse uma realidade para muita gente”, explica.

O sucesso do blogue foi imediato. “Comecei a ter muitas mulheres a seguir-me e, ao contrário do que se pensa, muito interessadas no tema do dinheiro e em particular nos investimentos, um mundo considerado, erradamente, tendencialmente masculino. No entanto, havia muitos medos e inseguranças associados”, adverte. Como tal, “senti que tinha que fazer algo neste sentido e passou a ser a minha missão de vida ajudar mais mulheres a crescer financeiramente e a fazer com que o dinheiro deixe de ser tabú!”

Foi dessa forma que Inês fundou, juntamente com Susana Rosas (criadora do blog Economisses), o Finanças no Feminino, projeto que se apresenta como a “1.ª academia de Finanças Pessoais Femininas em Portugal”. Deste nasceu por sua vez a “Comunidade Mulheres FLIses” (mulheres financeiramente livres e independentes), “onde realizamos webinars semanais, aulas com convidados especialistas, eventos de networking e onde disponibilizamos ferramentas de gestão financeira”.

Inês Correia dá ainda voz a um podcast – o podcast Mulheres FLIses – e alimenta o blog, as páginas de instagram e Facebook e o canal de youtube do Mais Que Poupar, plataformas onde partilha “não só informação financeira de forma simples como também falo da minha experiência pessoal em poupança, investimentos e na criação de um negócio próprio”. O objetivo é sempre o mesmo: “inspirar outras mulheres a fazer o mesmo!”.

(Foto: DR)

Naturalidade? Porto

Idade? 35 anos

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Gosto muito do espírito de comunidade e entreajuda que existe dentro da Universidade.

 – De que menos gosta na Universidade do Porto?

Na altura senti que o meu curso era um pouco teórico de mais e não havia, em alguns casos, uma relação clara da teoria com a realidade da economia. No entanto, penso que a tanto a Faculdade de Economia como a Universidade do Porto melhoraram muito neste sentido nos últimos anos.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Como referi, maior ligação entre a Universidade e a realidade das empresas. No entanto, pelo que conheço da Universidade, entendo que grandes avanços têm sido feitos nesse sentido nos últimos anos.

– Como prefere passar os tempos livres?

Gosto de estar com a família, andar de bicicleta, escrever e aprender coisas novas. Na realidade, como tenho um trabalho que adoro, há uma barreira muito ténue entre o tempo de trabalho e tempo livre. Ambos me dão igualmente prazer!

(Foto: DR)

– Um livro preferido?

Pai Rico, Pai Pobre.

– Um disco/músico preferido?

Problema de Expressão, dos Clã.

– Um prato preferido?

Gaspacho (sopa de tomate fria)

– Um filme preferido?

Thelma and Louise.

– Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)? 

Bali, realizada.

– Um objetivo de vida?

Ser dona do meu tempo. Ser feliz e preenchida na forma como vivo e ajudar os outros viver desta forma, com liberdade.

– Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)

Sarah Blakely.

– Um conselho (ou mais) para atingir a liberdade financeira?

Viver sem stress financeiro e com o dinheiro como um aliado para a nossa vida está ao alcance de todos. O melhor conselho que posso dar para quem quer viver com liberdade financeira é a importância de criarmos hábitos e automatismos que nos ajudem. Como qualquer viagem de médio/longo prazo, atingir a liberdade financeira exige consistência. Se dependermos apenas da nossa força de vontade não será possível! Arranjar ferramentas, criar novos hábitos e ter uma comunidade ou um grupo de amigos com objetivos parecidos faz toda a diferença e acelera imenso o nosso crescimento financeiro! E, claro, saber que controlar o nosso dinheiro trata-se de, em última análise, controlar a nossa vida e sermos donas do nosso tempo e da nossa liberdade.

(Foto: DR)