“Qual é a lembrança ideal de uma viagem?” Foi a partir desta pergunta, e quando estava do outro lado do mundo, que Gonçalo Marques teve a ideia que lhe viria a definir o futuro. Durante os estágios INOV Contacto, que realizou em 2019, na China,  – onde esteve responsável por construir e solidificar as relações com parceiros chineses – , Gonçalo percebeu o potencial de imortalizar as memórias de um determinado lugar num sneaker, que faça relembrar locais, pessoas e histórias… Nascia assim o conceito da Shoevenir

Licenciado em Gestão pela Universidade Católica, Gonçalo especializou-se em Digital Business com Pós-Graduação da Porto Business School, a escola de negócios da Universidade do Porto. Contudo, a ligação à U.Porto não se fica por aqui. Em 2020, Gonçalo e o amigo Miguel Lopes  ingressaram na Escola de Startups da UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto, um programa de pré-incubação para ideias de negócio que os preparou para os principais desafios da criação e desenvolvimento de um projeto empresarial. Durante três meses, os empreendedores tiveram a oportunidade de trabalhar com ferramentas, conceitos, estruturas e pessoas que ajudaram a validar a ideia no mercado.

Foi durante a Escola de Startups da UPTEC que a ideia de negócio se começou a materializar e a Shoevenir começou a dar os primeiros passos. Agora, aos 26 anos, Gonçalo Marques lançou uma coleção de sneakers sustentável e vegan. Produzida em Portugal, a coleção alia turismo, arte e sustentabilidade, ao mesmo tempo que retrata o Porto, Lisboa, Madeira, Açores e Algarve.

Para Gonçalo, a sustentabilidade e os negócios responsáveis “são a única visão possível para um negócio”. É, por isso, que as Shoevenir estão alinhadas com esta estratégia.  Compostas por pele e camurça vegan, cortiça reciclada, cordões de algodão, e poliéster reciclado, as solas das sapatilhas são 100% recicláveis.

Para além disso, a marca tem uma parceria com a ONETREEPLANTED, uma das associações mais experientes do mundo no campo da reflorestação, o que significa que por casa par vendido é plantada uma árvore.

Gonçalo Marques e Miguel Lopes, amigos de infância e cofundadores da Shoevenir, startup incubada na UPTEC. (Foto: DR)

– Naturalidade? Póvoa do Varzim

– Idade? 26 anos

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

A U.Porto cada vez mais se destaca como uma instituição de grande qualidade de ensino. Essa competência reflete-se na deslocação de milhares de estudantes (portugueses e estrangeiros) para a região, que por sua vez cria uma atmosfera académica fantástica.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

A minha experiência na U.Porto foi sempre fantástica. A relação com a UPTEC só me trouxe vantagens na medida em que ajudou a desenvolver e a comunicar a Shoevenir. Ao mesmo tempo, a Porto Business School permitiu-me especializar numa área que me interessa muito, o Digital Business.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Penso que a Universidade deve continuar a apostar no desenvolvimento de infraestruturas que permitam aos seus estudantes  criar e executar as suas ideias. Durante algum tempo senti que a questão do alojamento para os estudantes estrangeiros era um ponto a melhorar. No entanto, vejo que o Polo Universitário tem evoluído nesse sentido.

– Como prefere passar os tempos livres?
A fazer desporto, a viajar, a ouvir música, a escrever e a criar conteúdo. Tudo isto prefiro fazer com quem me é próximo, pois tudo é melhor quando partilhado.

– Um livro preferido? 

Não leio muito, mas um livro que gostei recentemente foi Pensar como Leonardo da Vinci, do Daniel Smith.

– Um disco/músico preferido?

Tom Misch.

– Um prato preferido?

Pizza.

– Um filme preferido?
Mr. Nobody.

– Uma viagem de sonho?
Austrália.

– Um objetivo de vida?
Gostava que os meus projetos se concretizassem ao ponto de poder gerar emprego. Certamente seria algo muito gratificante. 

– Uma inspiração?

O meu pai.

– O projeto da sua vida…

Se a Shoevenir e a Powerzada algum dia atingirem o sucesso, penso que seria algo que me marcaria para o resto da vida. Tenho estado os últimos 2 anos a trabalhar nos respetivos desenvolvimentos e não me consigo imaginar a fazer outra coisa. Claro que ainda sou jovem, mas para já, sei que estes são os projetos da minha vida.

– A Shoevenir, que usa produtos reciclados e recicláveis, surgiu num momento marcado pelo impacto das alterações climáticas. A sustentabilidade e os negócios responsáveis são uma moda ou a única visão possível para um negócio? Como é que a Shoevenir se posiciona?

São a única visão possível para um negócio. Nós costumamos comunicar que a moda sustentável é apenas senso comum. Nunca fez sentido para nós usar materiais de origem animal ou poluente tendo em conta a vasta quantidade de soluções amigas do ambiente disponíveis. Vamos continuar a trabalhar para ter uma pegada ecológica o mais reduzida possível até eventualmente ser nula ou positiva.