Considerado um dos maiores especialistas mundiais em Citopatologia e em Patologia Mamária, Fernando Schmitt é patologista, professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e investigador do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de saúde. E desde o início do mês, é também o coordenador do RISE – Rede de Investigação em Saúde: do Laboratório à Saúde Comunitária, um dos novos laboratórios associados aprovados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Natural de Santa Maria, no coração do Rio Grande do Sul, no Brasil, Fernando Schmitt nasceu em 16 de agosto de 1959. O sobrenome vem do pai, filho de emigrantes alemães, que também era médico. Sonhou ser bombeiro ou domador de leões. Dono de excelentes notas, podia ser o que quisesse. Escolheu Medicina. Terminou o curso na Universidade Federal de Santa Maria em 1983, fez o internato e passou a docente da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Depois da especialização no Karolinska Medical Hospital, na Suécia, regressou à UNESP para continuar a lecionar e fazer o doutoramento, concluído em 1990. Mudou-se para Portugal em 1992.

Em 1997, passou a fazer parte do corpo docente da FMUP, onde é Professor Associado com Agregação. Entre 2015 e 2016, foi Professor Catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Toronto. Foi, durante dois anos, Diretor do Laboratório Nacional de Saúde do Luxemburgo, liderando mais de 200 pessoas e participando ativamente na definição de políticas de saúde pública naquele país.

Fernando Schmitt é o presidente eleito e secretário-geral da Academia Internacional de Citologia (IAC), além de presidente da Sociedade Internacional de Patologia Mamária, Presidente da Sociedade Portuguesa de Citologia e líder da Unidade de Patologia Molecular do IPATIMUP, agora integrado no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da U.Porto (i3S). Autor de mais de 500 artigos em revistas científicas e capítulos de livros, ganhou vários prémios, entre os quais o Prémio Dário Cruz da Liga Portuguesa contra do Cancro e o GoldBlatt Award, da IAC.

No futuro imediato, o grande desafio de Fernando Schmitt passará por “estabelecer o RISE como um laboratório viável e credível e que representasse um paradigma na mudança da investigação clínica em Portugal”. Tudo para que, “daqui a cinco anos, e com a reforma a chegar”, possa ‘passar a pasta para gente mais nova que dê seguimento a este projeto”.

Naturalidade? Santa Maria, Rio Grande do Sul (Brasil)

Idade? 61

 De que mais gosta na Universidade do Porto?

Das pessoas que a compõem e do prestígio nacional e internacional que muito nos orgulha.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

Da burocracia e de ainda ter uma metodologia de avaliação que não é capaz de reconhecer o mérito, ou quando o reconhece, este não ter consequências práticas. Também seria melhor se a Universidade estivesse concentrada num só campus.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Mencionei, há algum tempo, que uma das ideias para melhorar a U.Porto seria aproximando os grupos de investigação existentes dentro da Universidade, para transformá-la num polo capaz de atrair investimento e pessoas de todo o mundo. Creio que, na área da saúde, a criação do RISE vem contribuir para este objetivo.

– Como prefere passar os tempos livres?

Gosto de caminhar, fazer ioga, ler e ver televisão.

– Um livro preferido?

Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez continua a ser o meu livro preferido, mas há muitos outros.

– Um disco/músico preferido?

Chico Buarque de Hollanda

– Um prato preferido?

Cabrito em Portugal e Picanha no Brasil

– Um filme preferido?

Belle Époque, mais um extraordinário filme francês.

– Uma viagem de sonho?

Continuo a não conhecer a Islândia…

– Um objetivo de vida?

Quero ter saúde, pois só assim posso continuar a trabalhar, ajudar as pessoas e desfrutar das coisas boas da vida.

– Uma inspiração?

As inspirações surgem em diferentes fases da vida, de muitas pessoas, livros e situações. Profissionalmente, a minha primeira inspiração veio dos meus professores de Patologia na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria, onde me formei, que me despertaram o gosto por esta especialidade e o gosto para ensinar.

– O projeto da sua vida…

Neste momento, será estabelecer o RISE como um laboratório viável e credível e que representasse um paradigma na mudança da investigação clínica em Portugal. E que daqui a cinco anos, com a reforma a chegar, pudesse “passar a pasta” para gente mais nova que desse seguimento a este projeto.