“Uma cientista excelente”, “uma patologista brilhante” e uma “professora extraordinária”. Estes são alguns dos elogios tecidos por especialistas de todo o mundo a Fátima Carneiro, Professora Catedrática da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) que acaba de ser eleita o – neste caso, “a” – Patologista mais influente do mundo. A distinção foi atribuída pela revista científica “The Pathologist” que, ao longo de dois meses, inquiriu patologistas dos quatro cantos do mundo sobre quem consideravam ser o merecedor do título.

“Esta é a vitória de uma equipa e não apenas de uma pessoa. É naturalmente algo que me deixa orgulhosa do ponto de vista pessoal, mas tudo isto só foi possível porque existem instituições, projetos e visões de quem, muito antes de mim, soube sonhar e concretizar ideias. Tive a sorte de crescer aqui”, responde Fátima Carneiro sobre o reconhecimento que lhe foi atribuído pelos colegas de profissão. Depois de se licenciar na FMUP, em 1978, a investigadora continuou a sua formação no Centro Hospitalar São João, naquele que é hoje o serviço de Anatomia Patológica, de que é atualmente diretora.

A investigadora, médica e professora universitária destaca que, além do seu envolvimento no ensino e na atividade de diagnóstico, tem um especial orgulho em ter conseguido atingir a senioridade na sua área de investigação – o cancro gástrico – e de todas as parcerias de investigação e ensino que estabeleceu ao longo da carreira em quatro os continentes. Sendo esta a segunda vez que um cientista português recebe a distinção – também atribuída a Manuel Sobrinho Simões, fundador do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup) e Professor da FMUP, em 2015 – a especialista afirma: “Acima de tudo, o que mais me orgulha é que, com os recursos que temos disponíveis, contribuímos para a projeção internacional da Anatomia Patológica portuguesa a uma escala mundial”.

No que à investigação diz respeito, o percurso de Fátima Carneiro destacou-se, também, pelo trabalho desenvolvido no Ipatimup – agora integrado no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S). Autora de mais de 250 artigos científicos, Fátima Carneiro contribuiu, ainda, para o desenvolvimento de vários capítulos de livros de especialidade. Ao longo da sua carreira, participou em projetos internacionais, foi presidente da Sociedade Europeia de Patologia (2011-2013) e, em Portugal, coordena a Rede Nacional de Bancos de Tumores (desde 2008). Atualmente Fátima Carneiro é Presidente da Academia Nacional de Medicina de Portugal.

Naturalidade? Sá da Bandeira, Angola

Idade? 63

De que mais gosta na Universidade do Porto?

Diversidade e internacionalização.

De que menos gosta na Universidade do Porto?

Excessiva centralização e burocratização.

Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Reforçar os centros de investigação.

Como prefere passar os tempos livres?

Com a família e amigos.

Um livro preferido?

Vários, com influências diversas ao longo da vida.

Um disco/músico preferido?

Leonard Cohen, Jacques Brel, Georges Moustaki.

Um prato preferido?

As delícias da Avó Marta.

Um filme preferido?

“La vie est belle” Roberto Benigni; vários de Pedro Almodóvar.

Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)? 

A primeira viagem com os meus filhos a África (onde os seus Pais nasceram e cresceram).

Um objetivo de vida?

Manter a motivação para fazer mais e melhor (com e para outros!).

Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)

Meus Pais (de duas famílias, minha e do meu marido).