Desde muito cedo que Eurico Castro Alves quis ser médico, referindo a influência de um médico pediatra que o tratou em criança.

Licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), com especialidade em Cirurgia Geral, é doutorado em Ciências Médicas pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), onde é professor catedrático convidado.

Foi vogal do Conselho Diretivo da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), tendo aí criado o sistema nacional de avaliação em saúde e os serviços de reclamações.

Em 2007, foi nomeado pelo Ministro da Saúde para o Conselho Consultivo da Comissão Nacional para o Desenvolvimento da Cirurgia de Ambulatório.

Posteriormente, foi presidente do Conselho Diretivo da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos da Saúde (INFARMED) e durante o exercício desse cargo foram criados o sistema nacional de avaliação de Tecnologias de Saúde e o Fórum das Agências Reguladoras dos PALOP’s – FARMED.

Foi também Secretário de Estado da Saúde do XX Governo Constitucional e é atualmente Presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos e da Convenção Nacional de Saúde.

Ao longo da sua vida profissional, Eurico Castro Alves tem-se norteado pela vontade de ajudar os outros a melhorar os cuidados de saúde. Revelando-se um percurso, que tem sido rico e variado, pautando-se pelo desejo de contribuir para esse desidrato.

Nos seus poucos tempos livres, dedica-se à prática de Golfe e da Vela, a par da leitura e da música.

Na opinião de quem o conhece bem, para além de bom entendedor da problemática da Saúde, procura congregar esforços de todos para prossecução dos seus objetivos. “O SNS precisa urgentemente de uma intervenção séria e profunda, de uma reforma estrutural, mas não está em colapso” são palavras de Eurico Castro Alves, que foi nomeado recentemente pelo XXIV Governo Constitucional para coordenar a Task Force que vai definir um plano de emergência do Serviço Nacional de Saúde.

Naturalidade? Porto

Idade? 62 anos

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Gosto da proximidade que tenho com os futuros médicos, da partilha de conhecimento e de novas ideias com os mais novos e da oportunidade de conviver com figuras ilustres da medicina da nossa cidade, com vidas muito cheias e inspiradoras. É um orgulho fazer parte desta instituição.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

Das questões burocráticas. Sem dúvida que são necessárias, mas em muitos casos provocam atrasos com um impacto significativo na colocação em prática de decisões fundamentais.

3 – Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Encurtar a distância física dos diferentes polos da Universidade do Porto de forma a permitir uma maior interação entre as várias faculdades.

– Como prefere passar os tempos livres?

Os poucos momentos de lazer são dedicados ao Golfe e à Vela.

– Um livro preferido?

O Amor nos Tempos do Cólera, de Gabriel García Márquez.

– Um disco/músico preferido?

Pela minha ligação ao piano e aos clássicos, escolho Tchaikovsky – Grand Sonata in G op. 37.

E escolho ainda a música “Heal The World”, do Michael Jackson, porque, para além de ser um artista com características únicas, precisamos urgentemente de curar o mundo.

– Um prato preferido?

Cozido à portuguesa.

– Um filme preferido?

“O Carteiro de Pablo Neruda” e “Cinema Paraíso”, ambos com uma mensagem atual e bandas sonoras incríveis.

– Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)?

Gostava de, e está para breve, ir a St Andrews na Escócia e jogar no campo de golfe mais antigo do mundo, inaugurado no início do século XVI, conhecido como o Santo Graal para os golfistas.

– Um objetivo de vida?

Sem dúvida contribuir para melhorar os cuidados de saúde. Ao longo da vida, fui aprendendo muito em todos os cargos que ocupei, e estas experiências que fui acumulando são como trunfos que posso usar para fazer mais e melhor pelos médicos e pelos doentes.

– Uma inspiração?

Em criança, depois de um acidente que me obrigou a alguns cuidados médicos, fiz amizade com um homem especial, o pediatra que me tratou, de quem me aproximei e com quem mantive uma ligação para lá da idade de consulta. Quando faleceu, deixou-me o anel de curso e um piano. Era o Dr. Duarte Pires, do Porto. Talvez pelo tempo que partilhei com ele tenha percebido que, desde muito cedo, queria ser médico.

– O projeto da sua vida…?

Fazer acontecer, ser feliz e contribuir para a felicidade e bem-estar dos outros.

– Uma ideia para promover uma maior ligação entre a Universidade e a comunidade?

Colocar a Universidade do Porto como parte integrante do Roteiro Cultural da Cidade.

– O que representa para si esta nomeação para integrar e coordenar o plano de emergência da saúde?

Acima de tudo responsabilidade. Depois, uma oportunidade de contribuir para a resolução de problemas graves e sérios que têm de ser tratados com urgência.

– O que espera poder fazer em prol da saúde de futuro?

O SNS precisa de uma grande intervenção. Mas acredito que a chave para podermos ter um melhor Sistema Nacional de Saúde, é termos a inteligência de usar todos os recursos que temos disponíveis, do setor público, do setor privado e do setor social.