Ester Monteiro é licenciada em Artes Plásticas – Escultura pela FBAUP. (Fotos: Ana Marques)

Pelas mãos de Ester Monteiro nasceram, entre novembro de 2017 e janeiro de deste ano, 400 bustos em barro, que retratam as gentes que fazem “O Rosto do Porto”. Este é, na verdade, o mais recente projeto da escultora e antiga estudante da Faculdade de Belas Artes da U.Porto (FBAUP), do qual resultou a instalação artística patente, desde o passado dia 13 de janeiro, no piso superior da Livraria Lello, como forma de assinalar os 112 anos da histórica livraria portuense.

Licenciada em Artes Plásticas – Escultura pela FBAUP, a jovem artista começou a expor em nome próprio logo que concluiu o curso, em 2012, destacando-se “ES.PE.CU.LA.ÇÃO”, em Palacete Pinto Leite (2015) ou “Contra.Conto”, no espaço CACE (2015). Com apenas 24 anos, já recebeu uma Menção Honrosa na Bienal de Coruche (2015), com a instalação Espigar, e recebeu o Prémio Melhor Obra em Exposição em Foz’Arte 2017, com a obra Agonia. Estreou-se com uma exposição individual em 2016, com It’s all about the mesh, no restaurante Duas de Letra, na baixa portuense.

“Um Punhado de Gente” é o mais recente desafio de Ester Monteiro. Para tal, aliou o seu talento a uma preocupação de cariz social e criou um projeto único de intervenção pública. Os bustos que cria são do tamanho de um punho e modelados, em tempo real, na presença do retratado. A essência do projeto está precisamente no contacto direto com o modelo. Desde trabalho, iniciado há dois anos, resultou a concretização de Um Punhado de Gente Aldoar (2016) e Um Punhado de Gente Coruche (2017), para além de uma colaboração com Retrató MEXE, no âmbito do Encontro Internacional de Arte e Comunidade (2017).

Foi também deste trabalho que nasceu o desafio de moldar O Rosto do Porto , a convite do Bairro dos Livros. Para dar vida aos 400 bustos que agora “pintam” as prateleiras da “livraria mais bonita do mundo, Ester dedicou três meses e 300 horas a modelar barro. Entre os que aceitaram passar “pelas mãos” da escultora  incluem-se a atleta e antiga campeã olímpica Fernanda Ribeiro, os músicos Manel Cruz e Capicua, o escritor Richard Zimler, o cineasta João Botelho, para além de várias figuras ligadas à U.Porto, casos do Reitor, Sebastião Feyo de Azevedo, dos arquitetos  e antigos professores da Faculdade de Arquitectura, Álvaro Siza e Eduardo Souto Moura, ou dos cientistas Manuel Sobrinho Simões e Alexandre Quintanilha.

Naturalidade? Porto.

Idade? 24 anos.

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

 Do projeto Universidade Júnior da Universidade do Porto.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

A falta de jardins, como o da FBAUP, nas restantes instituições da Universidade do Porto. Parece-me fundamental.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Interdisciplina. Mais cruzamento de informações, aulas e espaços, entre os diferentes cursos.

– Como prefere passar os tempos livres?

 Ao ar livre, com amigos a conversar.

 Um livro preferido?

Há mais que um, mas O som e Fúria de William Faulkner e os Passos em Volta de Herberto Hélder são incontornáveis.

– Um disco/músico preferido?

Impossível de nomear, são tantos e tão diversos. Mas uma boa Bossa Nova acompanha muito bem qualquer circunstancia.

– Um prato preferido?

Bacalhau assado com broa de milho, hmm.

– Um filme preferido?

Magnólia, Paul Thomas Anderson.

– Uma viagem de sonho?

 Uma longa viagem pelo continente Africano.

– Um objetivo de vida?

Ser feliz. Estar bem comigo mesma todos os dias se possível.

– Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)

As mulheres da minha vida, mãe, tia e avó.

– O projeto da sua vida…

 É continuar a trabalhar na minha área, no meio artístico. Renovar-me, adaptar-me mantendo sempre a curiosidade de descobrir o que vem a seguir. Se possível levar a obra ao público e tocar nas pessoas. Poder proporcionar um momento de inspiração e/ou reflexão no outro.

– Se a Universidade do Porto fosse um busto, como seria?

Provavelmente um busto com características formais clássicas, como de um Platão ou Sócrates, longas barbas e olhar altivo fixo no horizonte. No entanto feito num material contemporâneo, como uma resina de cor por exemplo, para acentuar a sua renovação ao longo dos tempos.