Elisabete Ramos é investigadora no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e tornou-se, recentemente, a primeira mulher a assumir a presidência da associação científica que representa os epidemiologistas a nível nacional: a Associação Portuguesa de Epidemiologia (APE).

Licenciou-se em Ciências da Nutrição, em 1997, e, em 2001, completou o mestrado em Saúde Pública – com especialização em Epidemiologia – pela Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP). Em 2006, doutorou-se em Saúde Pública pela FMUP, onde é docente, desde 2007.

Enquanto investigadora, tem estado envolvida em projetos nacionais e internacionais, na sua maioria na área dos determinantes comportamentais em saúde, nomeadamente os relacionados com a obesidade. O seu trabalho tem incidido no estudo da dinâmica da adiposidade entre a adolescência e a idade adulta, tendo já publicado mais de 100 artigos científicos em revistas internacionais.

Elisabete Ramos é autora de mais de 100 artigos científicos publicados em revistas internacionais. (Foto: DR)

A sua investigação tem tido como suporte a coorte EPITeen – um estudo longitudinal, do qual é coordenadora, que acompanha, desde 2003, um conjunto de indivíduos que nasceram em 1990 e que, à data, frequentavam as escolas públicas e privadas da cidade do Porto. Com base nos dados recolhidos neste projeto, tem sido possível fornecer informação essencial para o planeamento de medidas de promoção de saúde e também compreender melhor de que forma os hábitos e comportamentos adquiridos na adolescência se vão refletir na saúde dos adultos.

No dia 16 de setembro, Elisabete Ramos assumiu a Presidência da APE para os próximos três anos (2020-2022). “É com muito orgulho que inicio este mandato, mas também reconhecendo a enorme responsabilidade que isso acarreta”, diz. E conclui: “Espero que a Associação possa contribuir para que o trabalho dos epidemiologistas seja mais reconhecido enquanto instrumento fundamental para a tomada de decisão”.

Naturalidade? Quibala, Angola

Idade? 47 anos

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Da diversidade, quer da multiplicidade de áreas em que a U.Porto é reconhecida quer nas vivências das pessoas que constituem esta comunidade.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

Da complexidade burocrática que muitas vezes nos toma demasiado tempo e desincentiva o início de novas atividades e parcerias.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Promover mais interdisciplinaridade para realmente se conseguir explorar o potencial da U.Porto e fazer com que o resultado seja mais do que a soma das partes.

– Como prefere passar os tempos livres?

Juntar os amigos. A realidade atual limitou muito a possibilidade de programar atividades com os amigos e, talvez, isso tenha tornado esta experiência ainda mais desejada.

– Um livro preferido?

Não consigo escolher um livro preferido, mas recordo A carta a um bebe que não chegou a nascer, de Oriana Fallaci, como o livro que me fez começar a olhar e a questionar a forma como vivemos.

– Um disco/músico preferido?

No geral, o jazz e a bossa nova são os que mais me acompanham, em cada uma são vários os músicos que considero “preferidos”.

– Um prato preferido?

Peixe, simplesmente grelhado, ou as maravilhas da cozinha alentejana, como as migas, as açordas ou a sopa de tomate.

– Um filme preferido?

Mais uma escolha difícil.  Talvez O carteiro de Pablo Neruda e A Lista de Schindler.

– Uma viagem de sonho?

Ainda a realizar… Austrália e Nova Zelândia.

– Um objetivo de vida?

Não parar de apreender e tentar sempre fazer melhor.

– Uma inspiração?

Os meus pais, pela capacidade de superação que mostraram e pelos princípios pelos quais sempre regeram as suas escolhas ao longo da vida.