A história de Diogo Ferreira conta-se por entre os batimentos cardíacos e o estudo das funções orgânicas. Mas podiam ser os números e os gráficos a tomarem o papel principal deste médico e estudante de doutoramento da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). Afinal, e ainda durante o percurso no ensino básico, a Economia chegou a ser um caminho a ponderar, à semelhança do pai, mas a verdade é que foi conquistado pela “beleza humana e científica da Medicina desde muito cedo”.

Já sem quaisquer dúvidas quanto à futura profissão, a entrada na FMUP resultou de uma escolha fácil e natural, já que o jovem de Vila Nova de Gaia acredita que esta é “a escola médica com a melhor capacidade de formação”. Mas, ao olhar para o panorama do ensino médico em Portugal, Diogo vê uma formação bastante completa e “médicos de excelência formados a partir de qualquer ponto do país, sem exceções”. No final de contas, considera que a maior influência na qualidade de aprendizagem é a iniciativa do próprio estudante.

E foi, precisamente, a partir de uma iniciativa sua, criada com o objetivo de dinamizar as melhores práticas pedagógicas no domínio da Fisiologia, que Diogo Ferreira foi distinguido recentemente com o Prémio de Cidadania Ativa, no campo Pedagógico. A ideia, “herdada” do  irmão mais velho, na altura também estudante de Medicina, foi a melhor ajuda que Diogo encontrou para enfrentar a “temida” Prova Nacional de Acesso. Como só teve contacto com este método de estudo no final do curso, decidiu apresentá-lo aos estudantes dos primeiros anos, de forma a facilitar a sua eventual utilização.

Além da formação médica, a primeira passagem de Diogo pela FMUP ficou também marcada pelo início de um caminho na investigação, desenvolvida na Unidade de Investigação Cardiovascular (UnIC). Esse percurso inicial “desafiante” e encarado “com grande entusiasmo” fez com que  voltasse aos corredores da Faculdade de Medicina, onde frequenta, atualmente, o Programa Doutoral em Ciências Cardiovasculares.

O equilíbrio entre a vida profissional, académica e pessoal será um desafio com o qual o Interno de Cardiologia no Centro Hospitalar Gaia/Espinho espera manter a harmonia e simbiose conseguida até ao momento. Para o futuro, o jovem médico já tem a prescrição bem anotada: fazer a diferença como médico e contribuir para tornar o mundo num “sítio” melhor.

Naturalidade?

Vila Nova de Gaia

Idade?

26 anos

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Não só por ser representada por um corpo de docência bastante diferenciado e competente, mas, sobretudo, pela afirmação enquanto estrutura social atenta às dificuldade e desafios enfrentados pelos estudantes, que vai muito mais além da preocupação pela sua formação académica.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

Apenas me refiro a alguma reticência à mudança, decorrente do seu tradicionalismo, mas em franca redução nos últimos tempos.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Continuar a apostar nas iniciativas que promovem a participação ativa dos estudantes nas mais diversas vertentes, à semelhança do que acontece com o “Prémio Cidadania Ativa“.

– Como prefere passar os tempos livres?

“A felicidade apenas é real quando partilhada”. Procuro rodear-me das pessoas de quem mais gosto, pois, todo o tempo é pouco para estar com elas.

– Um livro preferido?

Deus e a Ciência – de Jean Guitton, Grichka Bogdanov e Igor Bogdanov. Uma discussão entre dois cientistas e um filósofo acerca do sentido do universo e da vida. Destaco-o por o ter lido numa altura coincidente com a transição para a adolescência e que, por isso, me ajudou a crescer intelectualmente.

– Um disco/músico preferido?

Confesso que, tal como uma boa parte da minha geração, sou fã de música eletrónica, e até estive presente em algumas festas durante o curso como DJ. Nesse sentido, Laidback Luke é uma das minhas referências. Como produção original, escolheria RÜFÜS DU SOL.

– Um prato preferido?

Admito que sou aquilo a que se chama um bom-garfo, embora reconheça que a gastronomia italiana é a que mais me conquista! Uma boa pizza artesanal preenche-me as medidas.

– Um filme preferido?

Qualquer filme do Stanley Kubrick. Se tivesse de escolher um, sem dúvida o 2001 – Odisseia no Espaço.

– Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)?

Tenho preferência pelos destinos tropicais, de muito sol e boa praia. Posso dizer que a minha viagem de sonho até ao momento foi ao Brasil, e gostava muito de regressar se voltar a ser o país que conheci na altura.

– Um objetivo de vida?

Seria bastante feliz se conseguisse fazer a diferença como médico e contribuir para deixar um mundo melhor do que aquele que me recebeu.

– Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)

Acho a história de Uma Carta para Garcia inspiradora e bastante atual. Retrata a história de um homem que, confrontado com uma missão aparentemente impossível, se poupou nas perguntas e renitência e assumiu a mesma como objetivo pessoal, não descansando enquanto não a concretizasse. A resiliência é a melhor arma para o progresso.

– O que significa a atribuição do Prémio de Cidadania Ativa?

Este prémio serve como reconhecimento de todo o esforço pela melhoria e atualização dos métodos de ensino na FMUP. Por ser uma das escolas médicas mais pretendidas pelos alunos, torna-se ainda mais importante que as suas ferramentas pedagógicas estejam em constante atualização, servindo-se da evolução tecnológica na qual estamos envolvidos. É congratulante ver esta iniciativa reconhecida como valiosa, não só pela comunidade académica, como também pelos órgãos da Universidade do Porto, o que irá certamente motivar-me ainda mais para enfrentar novos desafios.