Tinha 23 anos quando fundou o projeto da sua vida, a Addvolt. A ideia surgiu quando ainda era estudante da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), mas foi na Escola de Startups, programa de aceleração de ideias negócio da UPTEC – Parque da Ciência e da Tecnologia da U.Porto que a empresa começou a dar os primeiros passos. Bruno Azevedo fundou a Addvolt em 2014, juntamente com mais três alumni da FEUP.

Mas a história deste engenheiro empresário começa uns bons anos antes, algures em Oliveira de Azeméis. “Recordo-me das visitas de estudo que realizei enquanto andava na escola primária e no ciclo, e que me ajudaram a nivelar expectativas e a conhecer algumas indústrias e setores mais de perto. Ao longo das visitas que ia fazendo às empresas de Moldes da minha região ficava indignado e ao mesmo tempo interessado e curioso em aprender mais sobre a indústria automóvel. Na verdade, ajudaram-me no processo de decisão para estudar Engenharia Eletrotécnica, na FEUP”, recorda.

Já depois de terminar o curso, Bruno Azevedo abraçou então aquele que afirma ser o projeto da sua vida. Incubada na UPTEC, a Addvolt desenvolveu uma tecnologia que permite utilizar a energia produzida pelo camião para alimentar a unidade frigorífica. A energia gerada pela travagem ou desaceleração do camião é utilizada para o sistema de refrigeração em modo elétrico, o que permite reduzir substancialmente as emissões de CO2, o consumo de combustível e a emissão de ruído.

Com atividade em Portugal, Espanha e Alemanha, a spin-off da U.Porto recebeu, em finais de de 2019, um investimento de 1,68 milhões de euros do Conselho Europeu de Inovação.

Já em 2020, a empresa lançou o AddVolt EV Powerbank, um carregador móvel para veículos elétricos e plug-in híbridos que permite que sejam carregados rapidamente e sem infraestrutura.

Em 2020, Bruno Azevedo integrou o ranking dos 30 melhores talentos europeus com 30 anos ou menos, da prestigiada revista Forbes, na categoria de Manufacturing & Industry.

Naturalidade? Adães, Ul (Oliveira de Azeméis

Idade? 30 anos

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Da reoxigenação de criatividade, energia e modernidade que acontece todos anos com a entrada de novos estudantes. Talvez por isso, a Universidade esteja sempre atual e moderna apesar de ter um século de vida.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

De observar cada vez mais as empresas nos corredores das universidades e menos estudantes nos corredores das empresas e organizações.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto? 

Está relacionado com a resposta anterior. Acho que deveríamos começar a ver mais estudantes nas empresas e organizações.

A título de exemplo, poderia lecionar-se algumas aulas de determinadas unidades curriculares dentro das empresas, em vez de ser na habitual e tradicional sala de aula da Faculdade. Recordo-me das visitas de estudo que realizei enquanto andava na escola primária e no ciclo, e que me ajudaram a nivelar expectativas e a conhecer algumas indústrias e sectores mais de perto. Ao longo das visitas que ia fazendo às empresas de Moldes da minha região ficava indignado e ao mesmo tempo interessado e curioso em aprender mais sobre a indústria automóvel. Na verdade, ajudaram-me no processo de decisão para estudar Engenharia Eletrotécnica, na FEUP. Esse contacto prolongou-se enquanto estudava na Faculdade, mas por iniciativa própria.

Se tivesse tido acesso a essa realidade através de vídeos ou brochuras numa banca do corredor da Faculdade, certamente que não estaria tão esclarecido sobre o que iria encontrar na minha vida profissional.
Ter contacto com profissionais e conhecer bem de perto a realidade de uma empresa ou organização após terminar uma Licenciatura, Mestrado ou até um Doutoramento, já pode ser tarde para os estudantes e também para as empresas que os recebem.

Ao mesmo tempo, os estudantes são o elo de ligação mais forte entre a Universidade e as Empresas, inicialmente enquanto estudantes e depois enquanto profissionais. Já assistimos a bons exemplos deste modelo, pois os estudantes de medicina e enfermagem cruzam todos os dias o corredor do seu futuro local de trabalho e contactam diariamente com os profissionais da sua área. Isso ajuda-os a perceber a realidade que os espera e simultaneamente evidencia os reais desafios que contribuem para a sua ambição e desejo de desenvolverem o seu conhecimento e assim conseguirem inovar e serem excelentes profissionais nessas áreas.

– Como prefere passar os tempos livres?

Na aldeia com os amigos e família, e também gosto de praticar ciclismo principalmente em zonas de montanha.

– Um livro preferido?

Multipliers, por Greg McKeown.

–  Um disco/músico preferido?

Dave Mathews Band.

– Um prato preferido?

Peixe na brasa.

– Um filme preferido?

The Walk (2015), de Robert Zemeckis

– Uma viagem de sonho?

Japão.

– Um objetivo de vida?

Continuar a ser livre.

– Uma inspiração?

António Rodrigues, presidente e fundador do Grupo Simoldes, e Carlos Tavares, CEO da Stellantis.

– O projeto da sua vida…

AddVolt.

– A Forbes colocou-o nos 30 melhores talentos europeus com 30 anos ou menos, seis anos depois de ter fundado a sua startup. Encara esta distinção como o resultado do trabalhado que têm desenvolvido na Addvolt ou uma grande janela para projetos futuros, que podem projetar ainda mais a empresa?

Esta distinção é claramente resultado do trabalho, da dedicação e da qualidade de toda a equipa da AddVolt. Estamos agradecidos por este reconhecimento que certamente nos tem ajudado a ter mais visibilidade internacional, para podermos participar e trabalhar em projetos que nos continuem a desafiar.