António Manuel de Sousa Pereira iniciou esta semana o seu mandato como 20.º Reitor da Universidade do Porto, após 14 anos a conduzir os destinos do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS).

Foi precisamente nesta faculdade que António de Sousa Pereira iniciou a sua carreira académica quando ingressou no curso de Medicina em 1979. Licenciou-se seis anos depois, tendo sido bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian ao longo de todo o curso, uma distinção que fazia antever a carreira académica que prosseguiu com o Doutoramento em Ciências Médicas em 1993. Já como docente do ICBAS, realizou em 2000 Provas de Agregação na área de Anatomia, tornando-se Professor Catedrático em 2002. Dois anos mais tarde viria a ser eleito pela primeira vez como diretor do ICBAS, cargo que ocupou até esta semana.

Portanto, o ICBAS e o “espírito icbasiano” percorreu grande parte da vida académica e pessoal de António Sousa Pereira. Mas a sua carreira de investigação extravasou os laboratórios do ICBAS, notabilizando-se pela sua colaboração com instituições como a Organização Mundial de Saúde, que o reconheceu pelo seu desenvolvimento de um registo oncológico português de base populacional. Participou ainda em projetos desenvolvidos em parceria entre o ICBAS e o Centro de Performance Humana da Força Aérea Portuguesa, conquistando o Prémio Ross McFarland da Aerospace Medical Association para além de ter sido finalista do Space Medicine Branch Young Investigator Award daquela mesma associação. Foi ainda responsável pela definição dos níveis de ruído a que os trabalhadores da indústria têxtil podiam estar sujeitos no âmbito de um projeto de investigação financiado pelo Instituto de Desenvolvimento e Inspeção das Condições de Trabalho (IDICT).

Desenvolveu e coordenou ainda diversos projetos sobre políticas de saúde, particularmente em projetos de cooperação com a Entidade Reguladora de Saúde, como o SINAS – Sistema Nacional de Avaliação de Saúde, que pretendeu avaliar a qualidade global dos serviços de saúde em Portugal. Cumulativamente, foi eleito pela Assembleia da República membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, com mandato até 2020.

Agora com 56 anos de idade, António de Sousa Pereira assume a liderança da Universidade do Porto. Afirma, sem falsas humildades, que que concorreu ao cargo por achar “ter experiência e capacidades para o bom desempenho do cargo”. Pretende assim dar o seu contributo para uma “Universidade viva”, que se esforce por se destacar pela “qualidade da formação que os estudantes transportarão para o resto das suas vidas”. Privilegiando as “relações humanas” e assumindo-se como um “Reitor com a porta aberta para o diálogo”, António de Sousa Pereira promete dar atenção especial ao “papel dos funcionários não docentes, acarinhando-os e ouvindo as suas sugestões”.

Naturalidade?  Ramalde, Porto.

Idade? 56 anos.

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Da diversidade de pessoas e de áreas de atividade.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

Da resistência à mudança como fator de afirmação em alguns setores.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Implementar uma verdadeira transversalidade na oferta formativa.

– Como prefere passar os tempos livres?

Convivendo com os amigos ou dedicando-me a um dos muitos hobbies que tenho.

– Um livro preferido?

“O Som e a Fúria” de William Faulkner.

– Um disco/músico preferido?

“Requiem” de Mozart.

– Um prato preferido?

Pezinhos de coentrada ou os assados da minha mãe.

– Um filme preferido?

“Dogville” de Lars von Trier.

– Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)?

Indochina.

– Um objetivo de vida?

Superar-me.

– Uma inspiração?

A morte do meu pai com apenas 46 anos de idade, que me deu a medida exata da perenidade da vida e da sua finitude tornando supérfluas muitas das aspirações comuns aos mortais.

– O projeto da sua vida…

Retribuir na medida do que recebi e fazer o possível por deixar melhor.

– Uma ideia para promover uma maior ligação entre a Universidade e a comunidade?

Colocar a U.Porto no roteiro cultural da cidade e promover ações de formação dirigidas grande publico sem a preocupação de conferir qualquer tipo de grau.

– Daqui a quatro anos quero orgulhar-me por….

Ser o elemento aglutinador de uma universidade diversa, plural e moderna.