Professora do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto, e investigadora do grupo de investigação em “Glycobiology in cancer” do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da U.Porto (i3S), Ana Magalhães recebeu, recentemente, o Prémio Pfizer de Investigação Clínica. Uma cientista que “desde pequenina ficava fascinada pelo mundo microscópico, pelas células e micróbios, por tudo o que não conseguia ver”, e que considera que o mais compensador na ciência é “o prazer da descoberta, o trabalho em equipa e a possibilidade de ter impacto na melhoria da qualidade de vida das pessoas”.
Licenciada em Bioquímica pela U.Porto (Faculdade de Ciências e ICBAS), desenvolveu no IPATIMUP e na Umeå University (Suécia) o seu doutoramento em Biomedicina (Faculdade de Medicina da Universidade do Porto), sobre a importância da glicosilação das células do estômago para a infeção pela bactéria Helicobacter pylori e patologia do estômago. Mais tarde, já como investigadora pós-doutorada, surgiu o interesse pelos glicosaminoglicanos, uma classe de carbohidratos complexos, com múltiplos papeis em contexto fisiológico, mas também em cenários de patologia.
Neste momento, lidera uma equipa que se foca na compreensão da função dos glicosaminoglicanos na sinalização e comunicação celular no contexto de cancro. Foi este conjunto de interesses que conduziu ao trabalho premiado pela Pfizer, desenvolvido durante cerca de seis anos, e que procura encontrar novos caminhos para o desenvolvimento de terapias que travem a formação de metástases e melhorar o prognóstico de doentes com cancro do estômago.
Com o tempo dividido entre a investigação e a docência, Ana Magalhães não descura as atividades de divulgação de ciência, por considerar que a curiosidade estimulada pela ciência tem um impacto significativo numa sociedade melhor.
Idade: 41 anos
Naturalidade: Porto
– Do que mais gosta na Universidade do Porto?
Das pessoas. Sinto-me privilegiada por ao longo das diferentes etapas do meu percurso na UP ter encontrado sempre pessoas inspiradoras.
– Do que menos gosta na Universidade do Porto?
Da distância entre os diferentes polos universitários.
– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?
Estreitar a ligação entre a investigação e a academia. Acho que seria importante que os estudantes tivessem contacto com os centros de investigação da Universidade do Porto e os seus investigadores desde o início do curso.
– Como prefere passar os tempos livres?
Ler, jardinar com os meus filhos e passear em família.
– Um livro preferido?
“Mataram a Cotovia” da Harper Lee, porque nos ajuda a refletir sobre o valor da tolerância.
– Um disco/músico preferido?
Um disco que me acompanha há alguns anos e que continuo a gostar de ouvir do início ao fim “Parachutes” dos Coldplay.
– Um prato preferido?
Arroz de tamboril.
– Um filme preferido?
Não vejo tanto cinema como gostaria, escolho dois: O Bom Nome e UP: Altamente.
– Uma viagem de sonho?
Nova Zelândia, em família.
– Um objetivo de vida?
Estar atenta e disponível para os que me rodeiam.
– Uma inspiração?
A Raquel Seruca, pela forma única como abraçava a ciência e nos abraçava a nós, enquanto jovens investigadores.
– O projeto da sua vida?
A minha família. Como docente e mentora, poder contribuir para o crescimento individual de cada estudante. Como projeto científico de longo curso, seria muito gratificante ver o conhecimento científico que estamos a gerar ter impacto na melhoria da qualidade de vida de doentes com cancro.
– O que significa vencer este prémio da Pfizer?
Receber um prémio com a história e prestígio do prémio Pfizer é uma grande honra e motivo de alegria.
– Na sua ótica quais os grandes desafios da ciência atualmente a nível global?
Atualmente vivemos mais anos, o grande desafio será vivermos melhor. É fundamental um investimento contínuo nas diferentes áreas de investigação básica que geram os pilares para a investigação aplicada aos diferentes desafios globais: melhor ambiente, mais saúde, melhor qualidade de vida.