Entre rãs e salamandras, em busca de novas moléculas com potencial aplicação na área da saúde. É esse o percurso e a missão que Alexandra Plácido vem trilhando enquanto investigadora de pós-doutoramento na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e no Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV/Requimte). Foi ali que, recentemente, descobriu que as secreções cutâneas dos anfíbios podem ajudar no combate a doenças como a leishmaniose, a diabetes e mesmo doenças neurodegenerativas.

Natural dos Açores, foi na FCUP que Alexandra Plácido iniciou o seu percurso académico com a licenciatura em Bioquímica. Seguiu-se a Faculdade de Farmácia, onde concluiu, em 2011, o Mestrado em Controlo de Qualidade. Dois anos mais tarde, regressou à Faculdade de Ciências para fazer o doutoramento em Química Sustentável.

A investigação de Alexandra divide-se entre o desenvolvimento de biossensores para o controlo alimentar e a caracterização de péptidos naturais bioativos. (Foto: DR

Apaixonada pela natureza e pela biodiversidade, a também investigadora no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) tem vindo a apostar na valorização da biodiversidade portuguesa através da investigação em anfíbios.

Foi com esse objetivo que, em 2018, apostou na “veia empreendedora” para ajudar a criar a Bioprospectum, uma startup na área da inovação tecnológica sediada na UPTEC, que desenvolve ativos biotecnológicos, a partir da bioprospeção de moléculas e/ou produtos naturais da biodiversidade.

Aos 37 anos, e a trabalhar no projeto VIDA-FROG, Alexandra Plácido encontrou, entre o trabalho de campo nos Açores e no Parque Natural Peneda Gerês, e os laboratórios do departamento de Química e Bioquímica da FCUP, o espaço para traçar o caminho que sem dúvida quer seguir no futuro: o do desenvolvimento de novos antibióticos e também de fármacos que permitam prevenir doenças neurodegenerativas.

Naturalidade? São Miguel, Açores

Idade? 37 anos

– De que mais gosta na Universidade do Porto?
O que mais gosto na Universidade do Porto é da sua excelência na investigação, inovação e empreendedorismo. O que tem contribuído para uma maior aproximação às exigências da sociedade atual.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?
O que menos gosto na Universidade do Porto é da dispersão geográfica dos Polos Universitários e da burocracia.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?
Gostava que houvesse a valorização da carreira de Investigador e a sua integração nos quadros da Universidade.

– Como prefere passar os tempos livres?
Gosto de passar os meus tempos livres em família, principalmente a brincar e a explorar a natureza com o meu filho.

– Um livro preferido?
Difícil escolher só um… destaco “O Código da Vinci” de Dan Brown e “O Principezinho” de Antoine de Saint-Exupéry.

– Um disco/músico preferido?
Gosto de ouvir vários estilos musicais, mas posso destacar alguns grupos como os Queen, Coldplay e Red Hot Chili Peppers.

– Um prato preferido?
Cozinho à Portuguesa feito nas caldeiras das Furnas (S. Miguel, Açores).

– Um filme preferido?
“O Sexto Sentido” de M. Night Shyamalan.

– Uma viagem de sonho?
Gostaria de conhecer Itália e Grécia, pela sua história e paisagens pitorescas.

Alexandra Plácido em trabalho de campo. (Foto: DR)

– Um objetivo de vida?
Educar o meu filho com base em princípios e valores que o ajudem a tornar-se num cidadão com consciência do mundo e pró-ativo.

– Uma inspiração?
Leonardo da Vinci.

– O projeto da sua vida…?
Conseguir manter o equilíbrio entre todos os aspetos da minha vida pessoal e profissional. Fazer mais e melhor a cada dia, contribuindo para um mundo mais sustentável para as gerações atuais e vindouras.

– Quais os seus projetos para o futuro em termos de investigação?
Continuar a investigar o potencial biotecnológico da biodiversidade portuguesa. Nesse sentido, proceder à criação de um banco de moléculas que, com auxílio de ferramentas in silico, permitirá selecionar as mais promissoras para avançar nos ensaios pré-clínicos e clínicos em modelos farmacológicos direcionados para o desenvolvimento de novos antibióticos, bem como para a prevenção de doenças neurodegenerativas. E, é claro, continuar a fazer investigação na Universidade do Porto, pois acredito que a Universidade pode ser um vetor para a realização destes projetos.