São seis hectares de paisagem, naquele que é um novo espaço de fruição, mas também de incentivo à biodiversidade e que presta um importante contributo para a adaptação às alterações climáticas. Doze anos depois de começar a ser idealizado, o Parque Central da Asprela abriu ao público no passado dia 20 de maio. E com ele, nasceu um mundo de “oportunidades”, como destaca Paulo Farinha Marques, coordenador do projeto e docente na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).

De acordo com o arquiteto paisagista, “a obra ainda está a decorrer em muitos detalhes. É como um recém-nascido”. E é com esta metáfora que nos diz que ainda há muito a fazer neste parque que contou com a colaboração de vários estudantes e docentes da FCUP. Afinal, “quando fazemos um projeto colocamos o intervalo de 20 a 30 anos que é a vida de um jovem adulto”.

“Há aqui uma miríade de oportunidades não só para as áreas de arquitetura paisagista e de biologia, mas também para as áreas da química, do ambiente, se quiserem monitorizar a qualidade de água, por exemplo”, conta.

Para além de aproveitar a vegetação já existente — entre choupos, salgueiros e muitas outras espécies —, a equipa liderada por Paulo Farinha Marques fez de um antigo aterro um novo espaço verde. “Criámos uma espécie de jardim neo romântico, com a plantação de várias árvores características da cidade do Porto como cedros, liquidâmbares, tulipeiros, áceres, metrosíderos e magnólias”, enumera.

No novo Parque da Asprela, houve também uma reutilização de materiais já existentes: desde pedras, usadas para fazer as margens da ribeira a pedaços de asfalto, utilizados para tapar um muro de betão.

Construído com recurso a soluções de base natural (Nature Based Solutions), o Parque incorpora também uma forte preocupação ambiental. A ideia, diz Paulo Farinha Marques, é que “toda a água que cai no parque ali se deve infiltrar ou seguir o curso das linhas de água naturais”. O objetivo é que o espaço se torne numa grande bacia de retenção com capacidade para 10 mil metros cúbicos de águas pluviais – uma importante medida de adaptação às alterações climáticas.

Vista aérea do Parque Central da Asprela (Foto: José Miguel Lameiras)

Mais oportunidades de vida

“Pretendemos aumentar a infiltração, o que vai potenciar o crescimento da vegetação, promover a qualidade do microclima nessa zona, com um efeito frescura, e combater os efeitos dos períodos excecionalmente quentes que agora começamos a enfrentar”.

Mas há mais vantagens. A biodiversidade, no que toca à fauna, poderá sair bem beneficiada. Um dos objetivos da arquitetura paisagista é, precisamente, criar habitats e, assim, “mais oportunidades de vida”. Pequenos répteis, micromamíferos e também muitos anfíbios poderão fazer do Parque da Asprela a sua casa.

“Estou realizado do ponto de vista do serviço que esta equipa prestou à universidade e à cidade, através da criação de mais um espaço público.” É assim o balanço que Paulo Farinha Marques faz deste jovem projeto. É com entusiasmo que revela que este parque é pensado para que todos tenham contacto direto com a natureza: “criámos uma rede de caminhos e acessos a pensar nas pessoas com mobilidade reduzida”.

A ideia é que todos, sem exceção, possam atravessar o Campus da Asprela, entre o shopping Campus S.João e a Faculdade de Desporto, neste novo espaço verde da cidade invicta.