São mais de 60 mil metros quadrados ocupados por árvores, ribeiras e percursos pedonais e cicláveis, e vão passar a estar acessíveis a toda a população já a partir deste domingo, 20 de março, quando abrirem as portas do Parque Central da Asprela. Menos de dois anos após o arranque das obras, abre-se assim à cidade o ambicioso complexo que vai passar a “ligar” – em tons de verde e azul – as várias faculdades, centros de investigação e outros espaços da Universidade do Porto que habitam o polo da Asprela.

Fruto de um investimento de cerca de 2 milhões de euros – assegurado pelo Fundo Ambiental do Ministério do Ambiente, pela U.Porto, pelo Politécnico do Porto e pela Câmara Municipal do Porto -, o novo “pulmão verde” apresenta-se assim como um ponto de ligação de todo o campus universitário da Asprela, “casa” de seis das 14 faculdades da U.Porto ( Desporto, Economia, Engenharia, Medicina, Medicina Dentária e Psicologia e Ciências da Educação).

Entre os espaços que vão beneficiar deste novo espaço verde incluem-se também a UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto, o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), o e-Learning Café da Asprela, a residência universitária de Paranhos ou o Pavilhão Luís Falcão.

Com entrada principal junto ao i3S e ao polo central da UPTEC, o Parque Central da Asprela desenvolve-se ao longo de mais de seis hectares de paisagem cuidadosamente arquitetada. Ali é possível encontrar 650 novas árvores e arbustos, espelhos de água, ribeiras a correr a céu aberto, para além de vários percursos pedonais e cicláveis, acessíveis a pessoas com mobilidade reduzida.

Este será, por isso, um espaço paisagístico único, especialmente pensado para a circulação (a pé ou de bicicleta) das dezenas de milhares de pessoas que, diariamente, estudam e trabalham nesta zona da cidade.

A pensar nas alterações climáticas

A questão ambiental, e nomeadamente o enquadramento dos recursos hídricos, é uma das imagens de marca do projeto que vai “devolver” à cidade a utilização e o usufruto de um espaço natural que tirará partido das duas linhas de água correspondentes à Ribeira da Asprela e à da Ribeira da Manga.

Com forte recurso às soluções de base natural, o Parque Central da Asprela permite que, em período de chuvas muito intensas o espaço se torne numa grande bacia de retenção com capacidade para 10 mil metros cúbicos de águas pluviais, impedindo inundações na linha do Metro. Características que fazem deste um projeto icónico de adaptação às alterações climáticas no Porto.

“Vai constituir fruição, integração paisagística e beneficiação ao nível da biodiversidade”, resume Paulo Farinha Marques, professor da Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP) e coordenador do projeto.

Note-se que a obra do Parque da Asprela era uma ambição antiga da cidade mas, por vicissitudes várias, nunca anteriormente foi concretizada. Fica agora concluída, num esforço conjunto do Município do Porto, da Universidade do Porto e do Politécnico do Porto, para a instalação de um parque urbano de excelência no campus universitário existente naquela zona.

Homenagem a António Cardoso

A cerimónia de inauguração do Parque Central da Asprela está marcada para as 11h00 deste domingo e contará com as presenças do ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, do Reitor da Universidade do Porto, António de Sousa Pereira, do presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, e do presidente do Instituto Politécnico do Porto (P.Porto), João Rocha.

Para além de uma visita guiada pelo Parque, o programa inclui o descerramento de uma placa de homenagem a António Cardoso (1955-2022), Vice-Reitor da U.Porto recentemente falecido e um um dos principais responsáveis pela ampliação e requalificação do campus universitário ao longo das últimas duas décadas.

“Da sua obra beneficiam hoje e beneficiarão amanhã várias gerações da Universidade do Porto” será a frase que vai eternizar o legado do antigo professor catedrático e diretor do departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia (FEUP).