Menos de um mês após ter comemorado o seu 110.º aniversário (6 de março), o Orfeão Universitário do Porto (OUP) prepara-se para abrir as festividades a toda a comunidade. Para isso, foi preparado um programa de celebrações recheado de concertos, exposições e muitos outros encontros que, ao longo dos próximos meses, vão procurar fazer jus a um legado de 110 anos de música, cultura e tradição universitária.

O “programa de festas” arranca no dia 1 de abril, com um espetáculo no Salão Nobre do edifício da Reitoria da U.Porto. Será um espetáculo completo do Orfeão Universitário do Porto, ou seja, um espetáculo em que todos os 11 grupos do Orfeão vão atuar.

Marcado para as 21h00, o espetáculo contará com a participação especial do Orfeon Académico de Coimbra, o coro mais antigo em atividade em Portugal (desde 1880) e cuja existência motivou mais tarde a fundação do OUP. Será por isso uma oportunidade para celebrar, em cima do palco, o longo historial de amizade que liga as duas instituições.

“Sendo a Reitoria e a Universidade do Porto a nossa casa-mãe, será um enorme gosto e honra voltar a unir as Universidades do Porto e de Coimbra em mais um momento de intercâmbio cultural”, destaca Inês Costa, presidente do OUP

A entrada é livre, mas sujeita à limitação da sala.

Celebrar com toda a cidade

O espetáculo de 1 de abril servirá então como “pedra de toque” para um programa de comemorações que se irá prolongar até final e para além de 2022.

De 8 a 12 de abril , o OUP fará a sua habitual Digressão de Páscoa. Cumpre-se assim uma tradição iniciada em 1913, e que tem levado os orfeonistas da U.Porto aos quatro cantos do país e do mundo.  Este ano, a Digressão de Páscoa terá como destino Vale de Cambra, São João da Madeira, Arouca e Cacia

Ainda no mês de abril, mas no dia 29, às 21h00, na Igreja do Foco, vai realizar-se o Encontro Internacional de Coros da Universidade do Porto. O EICOUP segue a tradição do Orfeão no canto coral (componente artística primordial do organismo) e, desde 2015 que recupera o espírito da 1.ª Bienal de Canto Coral da Universidade do Porto.

Para além do Orfeão Universitário do Porto, vão atuar ainda o Coro da Associação dos Antigos Orfeonistas da Universidade do Porto, o Orfeon Académico de Coimbra e o Coro Académico da Universidade do Minho.

O Sarau Anual

No dia 15 de maio, às 16h00, o OUP sobe ao palco o Teatro Sá da Bandeira para apresentar o seu 79.º Sarau Anual e aquele que acreditam ser o espetáculo musical mais antigo (em continuidade) do país. Ao palco subirão os onze grupos artísticos do OUP (Coro Clássico e Popular, Danças e Cantares Etnográficos , Cante Alentejano, Cantares de Maçadeiras, Fado Académico, Fados de Lisboa, JograisPauliteiras de MirandaPauliteiros de Miranda, a Tuna Feminina do OUP e a Tuna Universitária do Porto), assim como alguns Antigos Orfeonistas.

Este espetáculo é uma homenagem “à história do Orfeão”, assim como à “cultura portuguesa, permitindo a difusão de valores e tradições do nosso país. Todos os grupos artísticos irão mostrar o que de melhor se faz no OUP, que se distingue pela sua diversidade, num espetáculo de riqueza única que cruza música coral clássica e popular, fados, tunas e danças e cantares etnográficos”, perspetiva Inês Costa.

“O Sarau Anual do OUP apresenta uma oportunidade de expor os jovens estudantes e toda a cidade do Porto a uma rica e variada divulgação da cultura portuguesa”, acrescenta a Presidente do Orfeão.

Da dança ao fado

As celebrações regressam à Reitoria da U.Porto a 2 de junho com a realização de um Encontro Etnográfico. Neste dia, vão reunir-se grupos etnográficos das diversas vertentes, como Danças e Cantares Etnográficos, Cante Alentejano e Cantares de Maçadeiras e Pauliteiros de Miranda.

Para além do espetáculo etnográfico, das atuações dos grupos do OUP e dos grupos etnográficos universitários convidados, serão desenvolvidos workshops e outras atividades paralelas. Inês Costa afirma que este encontro irá “demonstrar diferentes áreas culturais”, fortalecendo, em simultâneo, as “ligações entre grupos etnográficos universitários nacionais e internacionais”.

A 17 de setembro, vai realizar-se uma Seranata Intergeracional, também no edifício da Reitoria, à qual se irão juntar “várias gerações de orfeonistas num momento tradicionalmente académico e orfeónico. Este momento terá como objetivo a partilha e celebração do fado e espírito académico”.

A Reitoria da U.Porto será um dos “palcos” principais das comemorações dos 110 anos do OUP. (Foto: DR)

110 anos de muito mais do que medalhas

Fundado em 1912, apenas um ano após a criação da U.Porto, o Orfeão Universitário do Porto é uma organização sem fins lucrativos, composta por estudantes da Universidade dedicados à prossecução de valores musicais, culturais, académicos e beneméritos. Por aqui já passaram milhares de estudantes com um historial de palco de, pelo menos, 6.000 atuações e 28 países visitados em digressão.

Olhando para estes 110 anos de história, Inês Costa destaca “as mais diversas condecorações nacionais e internacionais” atribuídas ao OUP, nomeadamente “a Medalha de Mérito Grau Ouro da Cidade do Porto, a Comenda da Ordem da Instrução Pública e a Comenda da Ordem do Mérito”. Mas o olhar vai muito para alem das medalhas. Abrange os “mais de 3000 estudantes que por cá passaram, mais de 6000 atuações, 28 países visitados em digressão, 20 trabalhos discográficos e inúmeras publicações próprias”, enumera.

E não só. “São também 110 anos de preservação e continuação do legado cultural universitário, nas suas inovações e tradições, como o legado de uma das mais antigas tunas universitárias nacionais (desde 1890), de ser o primeiro organismo cultural universitário misto em Portugal e ter normalizado o modelo de traje feminino, de ser uma das mais antigas escolas de fado de Coimbra e de etnografia em atividade contínua, de ter sido ponto gestacional e de abrigo das manifestações artísticas tradicionais da Queima das Fitas no Porto, de realizar o mais antigo festival de tunas nacional e de ter fundado primeira tuna universitária feminina no país”.

Resumindo, afirma a presidente da Orfeão, “tudo isto e mais algumas coisas que enchem de orgulho e responsabilidade todas as gerações orfeónicas”.

Foi, é e será sempre dos estudantes da U.Porto!

Para o ano de 2023, no âmbito das comemorações dos 110 anos, estão já programados dois eventos de encerramento das celebrações: a Exposição dos 110 anos e o Sarau de Encerramento.

Quanto ao futuro, Inês Costa não tem dúvidas: “faz-se das pessoas; dos orfeonistas. O Orfeão Universitário do Porto foi dos estudantes da U.Porto, é dos estudantes da U.Porto e será sempre dos estudantes da U.Porto”.