É já esta terça-feira, dia 19 de fevereiro, pelas 18h00, que terá lugar no Salão Nobre da Venerável Irmandade de Nossa Senhora da Lapa (Largo da Lapa, n.º1, Porto) a segunda conferência do ciclo “Conferências do 19”, intitulada “Da República Nova à República Velha: roteiros interpretativos da turbulência política de 1919”, proferida por Armando Malheiro da Silva, docente do Departamento de Ciências da Comunicação e da Informação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Esta conferência insere-se nas Comemorações do Centenário da FLUP.

(Resumo da conferência)

“O ano de 1919 começou sob o auspício da Paz, terminada a Guerra no final do ano anterior, e, em Portugal, sob o efeito inevitavelmente traumático da morte do Presidente da República Sidónio Pais (1872-1918). Depois de um regicídio no auge da campanha republicana contra a Monarquia Constitucional (1834-1910), ocorria um presidenticídio. Repetia-se o recurso à solução violenta para resolver impasses políticos. Com o fim da experiência sidonista (5/8 de dezembro de 1917 a 14 de dezembro de 1918), efémera e turbulenta, a “República Velha” ressuscitou e predispôs-se a regenerar-se sem que tal desiderato fosse credível ou sequer possível. E quem julgou  que, após a “Republica Nova” sidonista, a aventura republicana e “democrática” acabara, foram os monárquicos, tendo-se precipitado em duas tentativas de regresso ao Poder: a Monarquia do Norte e a revolta de Monsanto. Ambas falharam e consumaram o equivoco monárquico. O regresso ao passado ficou, daí em diante mais longínquo, e o futuro da República precisava de um fôlego novo que passaria por uma reforma do sistema politico-partidário e por outras em diversos setores e níveis: todas elas exigiam estabilidade, coragem, consenso e ousadia. A depressão económica e social, subsequente a uma guerra surpreendentemente longa, ajudou a completar as condições propicias à emergência de uma solução radical e totalitária – o fascismo italiano e o nazismo alemão – em contraposição ao comunismo soviético, instaurado pela revolução russa de 1917. Os “loucos” anos vinte foram tanto sombrios, como eufóricos, num prenúncio de nova hecatombe mais ou menos iminente. Nesta conferência pretende-se situar um facto local e aparentemente pequeno – a criação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto – no tempo político, sem esquecer a imbricação deste noutros tempos correlatos.”