Vouguinha. Assim se deverá chamar o primeiro comboio português a hidrogénio, resultado do projeto ‘H2Rail’, que está a estudar a transformação das automotoras a gasóleo em circulação na Linha do Vouga. Em causa está a possibilidade de substituição de um motor a diesel por células de combustível a hidrogénio, que geram eletricidade, em linha com a estratégia do Governo de descarbonização dos transportes através da aposta no hidrogénio verde.

Unindo a academia e o tecido empresarial na procura por um futuro mais sustentável, este projeto nacional para a criação de um comboio de hidrogénio reúne as competências transversais da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), CaetanoBus, Comboios de Portugal (CP), NomadTech e Associação Portuguesa para a Promoção do Hidrogénio.

Adriano Carvalho, diretor do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da FEUP e responsável pela equipa da faculdade que fará parte do ‘H2Rail’, contextualiza a importância do projeto que viabiliza a opção do hidrogénio como produtor de energia, ao invés do investimento na total eletrificação da rede ferroviária.

“Há uma série de linhas que não estão eletrificadas onde existem comboios a diesel, compostos por um motor a diesel que serve para alimentar um gerador elétrico. O objetivo é substituir este conjunto por uma célula de combustível a hidrogénio, que produz energia elétrica. Esta transformação reduzirá custos, uma vez que a eletrificação das linhas é algo mais dispendioso”, esclarece o professor.

35 milhões de euros para investir

Liderado pela CP, o ‘H2Rail’ já conta com pedido de financiamento europeu, juntamente com as restantes iniciativas aprovadas pelo Governo no âmbito do hidrogénio verde. Em simultâneo, foi igualmente apresentada uma proposta para obtenção do estatuto de projeto de interesse comum para a área do hidrogénio (estatuto IPCEI).

34,6 milhões de euros é o valor necessário para alavancar as seis etapas do projeto. Entre estudos de viabilidade técnica e financeira e a construção do protótipo, a previsão para a chegada à fase de testes será 2023.

O objetivo final será “expandir as composições de hidrogénio para as restantes linhas ferroviárias”, como avança Adriano Carvalho. Mas, primeiro, e “para que a linha do Vouga fique operacional, é necessário que, em simultâneo, existam já os postos de abastecimento para o efeito”.