São obras de compositores que viveram durante as duas guerras mundiais, ou que foram afetados pelos sistemas ditatoriais dos países de origem. Os “facilitadores” da noite que celebra a música como arma de liberdade serão Nuno Meira, Américo Martins e Isolda Cresp. Vai ser assim a atuação do Ibertrio no palco da Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto, no próximo dia 22 de abril, às 21h30.

O recital Música: Arma de Liberdade propõe compositores europeus que viveram os momentos mais duros da história europeia. A música transmite esse desespero, mas também o sonho, como ferramenta da imaginação e da liberdade.

Com a exceção de Nuno Jacinto – nosso conterrâneo e contemporâneo – todos os compositores que vamos ouvir atravessaram as duas guerras mundiais do século XX. Nascidos no último quartel de oitocentos, Kreisler, Casals e Bloch são da mesma geração. Os dois primeiros são mundialmente conhecidos pelo virtuosismo instrumental no violino e no violoncelo, enquanto Bloch foi mais valorizado como compositor e pedagogo.

O ativismo de Fernando Lopes Graça contra o regime salazarista é conhecido: foi preso mais do que uma vez e vigiado obsessivamente pela polícia política. No final da 2.ª Guerra, torna-se membro do Partido Comunista Português e mantém-se no país que lhe nega oportunidades profissionais e direitos políticos.

Nascido no mesmo ano de Lopes Graça, 1906, o russo Shostakovich também não abandona o seu país natal, onde tenta conciliar a obra com as diretrizes das cúpulas do Partido Comunista da União Soviética, que determinam o que deve ser a expressão musical politicamente correta.

Para finalizar, a música de Dimitri Shostakovich vai levar-nos (ou elevar) muito para além de regimes ou dogmas políticos. Resumindo, estaremos perante a interpretação de obras de Fritz Kreisler, Pau (mais conhecido como Pablo) Casals Ernest Bloch, Dimitri Shostakovich, Fernando Lopes Graça e Nuno Jacinto.

A entrada é livre, ainda que limitada à lotação da sala.

O Ibertrio

Fundado em 2016 com o intuito de divulgar a música erudita escrita desde o classicismo até os nossos dias, o Ibertrio estreou, em 2022, a obra Epígrafe sobre um Tema Popular Ucraniano do compositor Nuno Jacinto.

O Ibertrio tem participado e tocado em vários festivais, ciclos e salas de concerto nomeadamente o Teatro Rivoli (Porto), Festival Internacional de Música da primavera de Viseu, Centro Cultural de Campo Maior, Festival Tempos Cruzados (Porto), Sons no Património (Gaia), Festival Enimus (Felgueiras), Auditório Municipal de Gondomar, Musicórdia (Esposende), entre outros.

O seu repertório inclui obras de Beethoven, Haydn, Brahms, Mendelssohn, Kreisler, Shostakovich, Bloch e Piazzolla.

Os músicos

Nuno Meira iniciou os seus estudos de Violino na Sociedade Martins Sarmento e ingressou na Escola Profissional Artística do Vale do Ave (ARTAVE). Tem Licenciatura de violino pelo Royal College of Music (Londres) e, em 2005, foi-lhe atribuída uma bolsa de estudos pela Fundação Calouste Gulbenkian, a fim de realizar uma Pós-Graduação na mesma escola. Em 2015 concluiu o Mestrado em Ciências da Educação, Música, na Universidade Católica Portuguesa.

Como instrumentista fez parte de várias orquestras como a Orquestra de Jovens da União Europeia, Royal College of Music Sinfonietta, Royal College of Music Symphony Orchestra, Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música e Orquestra do Algarve, entre outras.

Américo Martins iniciou os seus estudos musicais em Violoncelo na Escola Profissional Artística do Vale do Ave (ARTAVE) e, já na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo do Porto (ESMAE), foi primeiro violoncelo da Orquestra Sinfónica da ESMAE.

Tem integrado a Orquestra Sinfónica do Porto da Casa da Música, Orquestra do Norte, Orquestra de Câmara Jean Peaget, Orquestra de Guimarães e Orquestra do Festival de Música de Paços de Brandão. Foi membro dos ensembles de violoncelo Guilhermina Suggia e Porto Cello entre outras agrupações de Música de Câmara.

Natural de Barcelona, Isolda Crespi Rubio licenciou-se em piano pelo Royal College of Music (Londres). É Mestre em Ciências da Educação, Música, pela Universidade Católica Portuguesa.

Atuou em recitais em Espanha, Portugal, França, Suíça, Reino Unido, Dinamarca, Brasil e Coreia do Sul. Apresenta-se regularmente com a flautista Adriana Ferreira, com quem gravou o CD “Danse des Sylphes” (2011) para a discográfica Numérica e para a revista italiana “Falaut” (2015). Em 2018, gravou o CD “The delirium of my desire” com a flautista Ana Maria Ribeiro para a discográfica Artway e, em 2019, gravou com o contrabaixista António Romero Cienfuegos para a discogràfica NBB Records.