E eis que chega o Inverno ao hemisfério norte e, com ele, o dia mais curto do ano! Um fenómeno astronómico que volta igualmente a inspirar O Dia Mais curto, uma iniciativa da Agência da Curta Metragem que, na tarde/noite de 21 de dezembro, vai promover sessões de cinema um pouco por todo o país. E tal como no ano passado, a Casa Comum, o Museu de História Natural e da Ciência e o Planetário do Porto voltam a associar-se a esta grande festa de celebração da curta-metragem.

Naquela que é já a nona edição da iniciativa, cabe ao Planetário do Porto “abrir as hostilidades” (ver programação) logo após o almoço, às 15h00, com a exibição de Amiguinhos (para maiores de 3 anos). Trata-se de um conjunto de filmes de vários países europeus como a Bélgica, a Alemanha, Noruega, República Checa e Portugal. Virando as costas a uma cidade hostil para as crianças, Dodu é um rapaz de cartão que passa muitas horas a brincar, com a sua amiga joaninha, mas dentro de casa. Quando consegue arranhar a superfície do caixote de cartão, Dodu cria um maravilhoso mundo novo, habitado por criaturas invulgares que o ajudam a lidar com as suas emoções e a crescer. José Miguel Ribeiro é o autor desta curta.

“Dodu – O Rapaz de Cartão” (2010), de
José Miguel Ribeiro. (Imagem: DR)

Do Planetário é só dar um saltinho até à Rua do Campo Alegre e à Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva, onde, às 18h00, temos Curtinhas para Todos (maiores de 6 anos). São filmes europeus, premiados na mais recente edição do Curtas de Vila do Conde. A entrada é gratuita, mediante inscrição prévia ([email protected]) e limitada à lotação do espaço.

À noite, o cinema continua e dá a oportunidade de ficar a conhecer novos realizadores nacionais. Às 21h00, a Casa Comum (à Reitoria da U.Porto), apresenta Novas Curtas Portuguesas (para maiores de 12 anos), com uma seleção de obras que percorre todos os géneros cinematográficos.

Começamos com o sublinhado de um nome que urge sempre lembrar. Paulo Patrício traz à Casa Comum O Teu Nome É. E Gisberta Salce Jr. é o nome que não vamos esquecer. Transexual, seropositiva, toxicodependente e sem-abrigo foi, em 2006, torturada até à morte, durante vários dias, por um grupo de 14 adolescentes, no Porto. A curta apresenta testemunhos de amigas transexuais de Gisberta, assim como entrevistas inéditas a dois dos envolvidos no caso. Abordando conceitos como a memória, a violência, a condição social, a discriminação e a identidade de género, O Teu Nome É confronta diferentes perspetivas e dimensões da condição humana.

Outras Sortes é o trabalho de Mónica Martins Nunes. Depois de abrigar quem lavrou, ceifou, amassou e comeu o fruto do duro trabalho, os velhos montes vão caindo, vagarosamente, sobre a terra. Sem protesto, voltam a ser chão. Fingindo não ter escutado estórias e testemunhado a seca, o abandono e a fuga para a cidade. Sortes acompanha a vida dos habitantes e dos animais que vivem na Serra de Serpa, no Baixo Alentejo. Ao ritmo do trabalho do campo e pela voz dos poetas populares. Um retrato dos que ficaram e um réquiem aos que foram.

“The Shift” (2020), de
Laura Carreira. (Imagem: DR)

Laura Carreira traz-nos, por sua vez, The Shift e o olhar de uma trabalhadora temporária que vagueia pela secção dos produtos com desconto, à procura do mais acessível. Anna tem ainda outro ritual, o de passear o cão, antes das compras. Há, nesta manhã, um telefonema que expõe toda a fragilidade de um vínculo laboral precário e revela a curta distância que vai entre a segurança de ter um teto e o desespero de ficar sem ele.

A entrada nas sessões é livre, até à lotação limitada aos lugares existentes, e mediante a apresentação do Certificado Digital de Vacinação.

As reservas deverão ser efetuadas através do portal Eventbrite.

O programa completo d’O Dia Mais Curto pode ser consultado no website oficial do evento.