Exposições, concertos, palestras e, claro, poesia. Muita poesia. No passado dia 19 de janeiro, foi desta forma que o Porto comemorou o centenário do poeta Eugénio de Andrade (100EA), numa iniciativa conjunta que mobilizou várias instituições da cidade, com destaque para o Centro de Investigação Transdisciplinar «Cultura, Espaço e Memória» (CITCEM), sediado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP).

A “festa de aniversário” do 61.º Doutor Honoris Causa da U.Porto e mais recente morador na “Casa dos Livros” da Universidade arrancou na Biblioteca Almeida Garrett, com a inauguração da exposição bibliográfica “Eugénio de Andrade, A Arte dos Versos”.

Com curadoria de Jorge Sobrado e Rita Roque e aconselhamento científico de Arnaldo Saraiva, Professor Emérito da U.Porto e amigo íntimo do poeta, esta mostra organizada pelo Museu da Cidade do Porto convida os visitantes a percorrer as várias fases da vida do artista, através de postais, cartazes manuscritos ou objetos pessoais – incluindo a máquina de escrever – de Eugénio de Andrade.

A abertura da exposição – que ficará aberta ao público até 29 de abril, com entrada livre –  coincidiu ainda com a sessão inaugural do ciclo “Leitores de Eugénio”, em que artistas, políticos, jornalistas e investigadores são convidados a lerem os poemas de Eugénio de Andrade da sua predileção. A primeira sessão teve como protagonista o músico Pedro Abrunhosa.

Já na Cooperativa Árvore, as comemorações incluíram a apresentação de uma exposição de pintura composta por obras pertencentes ao espólio de Eugénio de Andrade e outras inéditas, inspiradas na obra e/ou na figura do poeta. Seguiu-se uma tertúlia com a participação de Arnaldo Saraiva, do artista plástico Emerenciano e da poetisa Inês Lourenço.

Esta sessão contou com a participação do Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, do Presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, do Presidente do Conselho Geral da U.Porto, Fernando Freire de Sousa, da Vice-Reitora da U.Porto com o pelouro da Cultura, Fátima Vieira, da Diretora da FLUP, Fernanda Ribeiro, da Coordenadora do CITCEM, Maria João Pinho, entre outras figuras da academia, da cidade e do país.

O aniversário de Eugénio de Andrade foi ainda pretexto para um concerto na Casa da Musica, que contou com a leitura de poemas por Marta Bernardes , e música interpretada por Ângela Alves, acompanhada por Luis Duarte e direção musical de Raquel Couto. O Coro Infantil da Casa da Música foi outro dos protagonistas de um evento que juntou mais de 400 pessoas.

Um ano para celebrar Eugénio de Andrade

As celebrações do Centenário de Eugénio de Andrade vão prosseguir durante todo o ano de 2023, através de um conjunto alargado de eventos que abarcarão uma pluralidade de áreas artísticas, desde a dança ao cinema.

Entre as iniciativas que envolvem o CITCEM destaca-se a organização de um colóquio internacional, que contará com um especialista na área de estudos literários e na obra do poeta. Prevista está também a realização de três conferências, a cargo dos membros da comissão de celebração do Centenário Eugénio de Andrade.

As datas destes e de outros eventos inseridos nas comemorações serão anunciadas no portal das comemorações Centenário Eugénio de Andrade.

Sobre Eugénio de Andrade

Natural do Fundão, onde nasceu a 19 de janeiro de 1923, Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas, é um dos mais relevantes poetas portugueses contemporâneos, com uma extensa obra traduzida para mais de 20 línguas.

Autor de dezenas livros de poesia, mas também de diversas antologias poética, livros de prosa e livros infantis, é, depois de Fernando Pessoa, o poeta português mais traduzido – em quase todas as línguas românicas, mas também em inglês, alemão, checo, sueco, servo, croata, búlgaro, letão, japonês, ou  chinês. É, também, o poeta mais celebrado pela crítica e o mais editado.

Entre os inúmeros prémios e distinções que recebeu em vida, destacam-se o prémio da “Associação Internacional dos Críticos Literários” (1986), o “grande prémio da Poesia da Associação Portuguesa de Escritores” (1989), o prémio “APCA” (Brasil, 1991), o prémio “Vida Literária”, da Associação Portuguesa de Escritores (2000), ou o “prémio Camões” (2001). Foi ainda agraciado pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem de Mérito (1988) e com o título de Grande Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada (1982).

A 22 de março de 2005, foi condecorado com o título de Doutor Honoris Causa da Universidade do Porto, juntamente com a também escritora Agustina Bessa-Luís. Faleceu três meses depois, a 13 de junho de 2005, aos 81 anos de idade.

Desde o passado dia 14 de dezembro que a Biblioteca de Eugénio de Andrade, composta por mais de 17 mil livros, mas também manuscritos, desenhos, postais, fotografias e outros objetos, se encontra à guarda do Centro de Estudos da Cultura em Portugal da Universidade do Porto (CECUP)., instalado na Casa dos Livros.

Ao abrigo do contrato de depósito assinado com a Câmara Municipal do Porto, a FLUP assume o compromisso de proceder ao tratamento técnico do acervo, proporcionar o acesso presencial e online, bem como promover atividades para toda a cidade.