Uma noite/madrugada de faina. 141kg de lixo marinho recolhido. E um exemplo para o futuro. Assim se traça o balanço do “Clean Ocean Day 2021”, o evento que juntou uma equipa do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR-UP) – no âmbito do projeto NetTag  – e dezenas de pescadores do Norte do país numa ação de sensibilização inédita para a problemática do lixo marinho

Durante o evento, inspirado no conceito de “Fishing for Litter”, os barcos de pesca que saíram do Porto de pesca da Póvoa de Varzim na noite do dia 7 de junho recolheram o lixo produzido a bordo e o lixo marinho recolhido nas redes durante toda a sua jornada.

“A ideia é que se deixe de deitar lixo borda-fora, mesmo aqueles resíduos que se consideram como não-lixo, como o lixo orgânico”, explica Marisa Almeida,  investigadora do CIIMAR e coordenadora da equipa NetTag .

O lixo recolhido foi trazido para terra na manhã do dia 8 de junho e posteriormente quantificado e classificado pela equipa de cientistas. “Foi impressionante ver a quantidade de lixo que uma embarcação com 8-9 pescadores produz diariamente, mas acima de tudo a diversidade e quantidade de lixo que as redes recolhem do mar”, realça a investigadora.

Um combate sem fronteiras

Organizado pela Associação Pró – Maior Segurança Dos Homens Do Mar no âmbito das comemorações do Dia Mundial dos Oceanos (8 de junho), o “Clean Ocean Day” decorreu simultaneamente em Portugal e Espanha. E, em ambos os casos, “foi um sucesso”, resume Sandra Ramos, investigadora do CIIMAR e também responsável pelo NetTag.

No total, as duas iniciativas ibéricas mobilizaram 28 barcos e 110 pescadores, tendo conseguido recolher mais de 500 kg de lixo. Deste total, apenas 41kg foi produzido pelas embarcações, tendo o restante sido recolhido nas redes. Deste, entre 60-70% era plástico.

“Os pescadores estavam muito motivados e mostraram que este tipo de atividade deveria ser realizado mais vezes. Não só para ajudar a limpar o mar, mas também para sensibilizar o setor da pesca para a problemática do lixo marinho”, nota Sandra Ramos.

E agora?

Os dados sobre o lixo recolhido já estão disponíveis e foram integrados em bases de dados internacionais de lixo marinho que permitem mais estudos de investigação.

Os resultados permitiram ainda clarificar e desmistificar as verdadeiras diferenças entre o lixo recolhido pelas redes e o lixo realmente produzido pelas embarcações.