Haverá sempre algo depois do fim, tal como houve sempre algo antes do início. A frase, adaptada do escritor Jay Jay Burridge, é a escolhida por Nuno Pinto para resumir a experiência que vem vivendo, desde há um ano, como estudante da Licenciatura em Bioquímica – partilhada pela Faculdade de Ciências e pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICAS) – da Universidade do Porto.

Para o estudante, natural de Vila Nova de Gaia, o início foi igual ao de tantos outros. “Escolhi a Universidade do Porto porque esta é a minha terra”, admite. O destino, porém, tinha uma surpresa reservada. “Não posso negar o impacto que a pandemia teve no meu percurso académico. Fui e serei privado de boas memórias desta fase da minha vida. E custa-me. Estes anos não voltarão”, lamenta.

Mas o primeiro ano de Nuno Pinto na U.Porto foi também recheado de descobertas. “O que mais gostei foi de ter tido a oportunidade de esclarecer algumas dúvidas aos meus colegas. Inicialmente fi-lo porque me pediram, mas em pouco tempo comecei a fazê-lo por gosto. Aprendi que gosto de ensinar”. E também não se “desenrasca” nada mal a aprender. Com uma média final de 18,85 valores, este futuro bioquímico/professor estará entre os 21 estudantes da U.Porto que vão ser distinguidos com o Prémio Incentivo 2021. Um galardão que lhe permitirá “ter algum motivo para olhar para trás de futuro”.

– O que te motivou a escolher a U.Porto?

Escolhi a Universidade do Porto porque esta é a minha terra. Vivo em Gaia, a um saltinho de distância. Não pus a hipótese de, nesta fase da minha vida, ir estudar para outra região porque me importo bastante com as minhas raízes. A U.Porto tem padrões elevados e ela própria foi premiada e distinguida diversas vezes. Que não fosse e eu escolhê-la-ia na mesma, porque poderia desenvolver-me na região que é a minha casa e, quem sabe, participar no seu melhoramento.

– De que gostaste mais no primeiro ano na Universidade?

Não posso negar o impacto que a atual situação pandémica teve no meu percurso académico. Encontrava-me no começo do segundo semestre do primeiro ano quando Portugal foi sacudido pelo vírus que ainda enfrentamos. Desde março do ano passado (há pouco menos de um ano, portanto) que as minhas aulas (as de quase todos nós) passaram a ser maioritariamente à distância. Quando algum motivo nos leva de volta às instalações da Universidade, temos de seguir todas as regras e mantermo-nos afastados – uns dos outros, dos espaços que costumávamos percorrer, dos tempos em que costumávamos viver,…. Vejo agora que a minha licenciatura será passada nestes termos e que, como tal, fui e serei privado de boas memórias desta fase da minha vida. E custa-me. Estes anos não voltarão, mas outros virão – melhores, piores… diferentes, certamente.

Apesar de tudo, aprendi muito neste último ano. Aprendi que gosto de ensinar. O que mais gostei no meu primeiro ano foi ter tido a oportunidade de esclarecer algumas dúvidas aos meus colegas. Inicialmente fi-lo apenas porque me pediram, mas em pouco tempo comecei a fazê-lo por gosto.

– Qual a importância do Prémio Incentivo para ti?

Muito agradeço e me alegro com o prémio que me foi atribuído, pois permitir-me-á ter algum motivo para olhar para trás de futuro. Sempre considerei muito importante reconhecer o esforço e/ou o mérito em todas as áreas, e sinto-me honrado por ter recebido essa distinção.

– O que gostavas de ver melhorado na Universidade?

Apesar de ter a certeza de que escolhi o curso certo, este pôs-me em contacto com algo que considero ser imperativo a U.Porto corrigir – a falta de comunicação entre as unidades orgânicas. É óbvio que cursos tão diferentes como Arqueologia e Engenharia e Gestão Industrial, por exemplo, necessitarão de ser organizados de forma diferente, mas seria benéfico que as várias faculdades (sobretudo aquelas que partilham cursos, como a FCUP e o ICBAS) se regessem por normas que se aplicassem a todas elas nestes tempos difíceis e que tivessem épocas de exames e semestres com a mesma duração.

– Como vês o teu futuro daqui a 10 anos?

Não sei o que será do meu futuro, agora mais do que nunca, daqui a dez, cinco ou mesmo dois anos, mas sei que não vou desistir do Ensino, nem que o faça apenas como um hobby.

– Se tivesses de descrever a U.Porto numa palavra, qual seria?

Se tivesse de descrever a U.Porto numa palavra, não seria capaz de o fazer. Porquê apenas uma palavra? As melhores histórias que conheço são feitas de muitas mais. Sei que sinto um sentimento específico quando entro na FCUP (que é, perdoem-me a franqueza, mais acolhedora do que o ICBAS). Costumo olhar para as hortênsias do lado direito do caminho e sentir algo ténue e subtil, mas agradável. Se isso tiver nome, então será assim que descrevo esta universidade.