O NEWA é apresentado oficialmente em Bruxelas no âmbito do encontro da WindEurope. O projeto conta com a colaboração de membros da FEUP e do INEGI. (Foto: Nuno Soares/ Smart Box)

Depois de quatro anos de medição e análise de informação, é agora lançado o Novo Atlas Europeu do Vento (NEWA). O trabalho de medição e análise resulta da experiência de campo em Perdigão, Vila Velha do Ródão, levada a cabo por uma equipa composta por membros da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) e do Instituto Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI). A apresentação oficial está agendada para os próximos dias 27 e 28 de junho, em Bruxelas, no âmbito de um encontro da WindEurope, a sociedade europeia de energia eólica.

O Novo Atlas Europeu do Vento (NEWA) – que vem substituir os dados do último datado de 1989 – servirá de apoio não só no estudo da poluição atmosférica, como também na definição da localização de parques eólicos e, desta forma, potenciar essa energia em várias partes do globo. O projeto começou a ser desenvolvido em 2011 e, nos últimos quatro anos, recolheu e mediu vários parâmetros e informações, nomeadamente sobre as direções e velocidades do vento. O NEWA representa um marco no campo da micrometeorologia, e trouxe a Portugal os mais prestigiados grupos europeus e norte-americanos no estudo dos escoamentos atmosféricos na proximidade do solo.

“Os objetivos estão cumpridos e resta agora aos investigadores envolvidos nestas áreas científicas – e não apenas aos que participaram no projeto – o uso da muita informação recolhida e disponível em arquivos”, salienta José Laginha Palma, professor da Faculdade de Engenharia da U.Porto e um dos principais responsáveis pela experiência de campo na Serra de Perdigão.

As principais publicações científicas têm estado atentas ao trabalho desenvolvido no âmbito do projeto NEWA (New European Wind Atlas). Exemplo disso é o destaque da  American Meteorological Society (AMS), que enfatiza a importância e contribuição dos dados de Perdigão, nas próximas décadas, para o aproveitamento de recursos eólicos, controlo de fogos florestais ou poluição atmosférica. Em fevereiro 2017 tinha sido a prestigiada revista Nature a noticiar o período intensivo de medições vivido às portas do Rodão.

“Além de representar um caso inédito em projetos de investigação realizados em Portugal, estas publicações são um reconhecimento da importância do projeto e motivo de orgulho para todos os que contribuíram para a sua realização”, admite o investigador da FEUP.

Recorde-se que toda esta experiência de campo da serra de Perdigão, com orçamento global de cerca de 14 milhões de euros, tem a participação das principais instituições nacionais – à FEUP e ao Instituto Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI), juntam-se o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia (LNEG) – e mais 18 parceiros (empresas, universidades e laboratórios de estado) europeus e norte-americanos, instituições de referência no estudo das condições de vento e física da atmosfera, a que acresce o apoio da população local e da Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão.